Leia o prólogo de “o homem não foi feito para ser feliz”, de Maurício Mendes 

Germano é um médico pardo que ascendeu socialmente, mas ainda não se sente feliz. Tendo que insistir repetidamente em sua posição de “doutor” – não é o motorista, não é o segurança –, busca exercer sua profissão da melhor maneira que consegue, tendo de se adequar ao descaso e às politicagens da área da saúde. Após a morte de seu pai e uma revelação inesperada, Germano se vê como o “próximo da fila”. Ele começa a questionar suas escolhas de vida e revisita as relações amorosas fracassadas, sua inabilidade com as mulheres e a dependência da prostituição. 

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Com exclusividade para o site do Nota, Maurício disponibilizou a leitura do prólogo do livro. Confira:

Largado às três e quinze da madrugada à beira da estrada. Era junho de 1999. Eu iria passar quinze dias de plantão naquela cidade a mais de trezentos e cinquenta quilômetros de Fortaleza.

Dr. Cláudio me instruíra a pegar o ônibus noturno confiante de que “daria pra dormir um pouco”, me disse. Ele omitira, entretanto, que a estrada era sofrível, e o ônibus, além de sacolejar, ia parando no meio do caminho para subir e descer todo tipo de gente. Não me disse que o Hospital São Luís, à margem da estrada que cortava a cidade, ficava do lado esquerdo do motorista e não à direita, onde eu me acomodara para avistá-lo. Não me informou, mas disso não tinha culpa, que seu Honorato estava de férias, e o motorista substituto era um tipo meio atrapalhado, incapaz de reter muitos detalhes, e só lembraria de me indicar o ponto de descida quando já tivesse passado mais de quinze quilômetros.

Meu turno começaria às sete.

Fiz as contas. Era capaz de andar pela BR uns cinco, seis quilômetros por hora. Daria, sim, para cobrir os quinze quilômetros em três horas.

Por quase uma hora, caminhei na escuridão, interrompido ocasionalmente pelas luzes dos veículos que passavam indiferentes aos meus pedidos de carona mal articulados. Por fim, deparei-me com um caminhão parado em uma fiscalização da polícia rodoviária estadual. Dois policiais se revezavam na verificação de documentos e na inspeção da carga.

Mantive-me em silêncio até que um dos guardas, o mais jovem, acusou minha presença. Identifiquei-me como médico, pedi ajuda para chegar ao hospital. O sujeito, mal-humorado, olhou-me com um desdém costumeiro de gente fardada que não liga para gente não fardada. Eu estava de calça jeans, tênis e camiseta, não parecia doutor. Deve ter presumido que o médico teria carro à disposição, não andaria como qualquer um madrugada afora. E seria branco.

De volta à estrada, ouvi de longe a voz grave do motorista do caminhão que acabara de ser liberado.

— Ei, doutor, te deixo em frente ao hospital. Sobe aí. 

O senhorzinho dirigia com zelo, evitando os buracos mais cabulosos, talvez para proteger a carga ou compensar seu déficit visual denunciado pelos óculos de fundo de garrafa presos ao rosto por um cordão elástico. Talvez, ainda, para ser gentil com o doutor.

Eu finalmente tiraria meu cochilo.

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*

Na entrada, um homem pequeno, acanhado, ouvia rádio, encolhido entre dois bancos de concreto mal conservados, vestindo um uniforme surrado com a logo do hospital. Um

pouco assustado pelo horário, perguntou meu nome uma vez, depois outra, pediu-me que aguardasse ali.

Retornou acompanhado de uma moça de pijama cirúrgico e aparência quase juvenil, segurando um molho de chaves desbotadas com uma expressão cautelosa.

— Boa noite! Sou Ana, técnica de enfermagem. É você o médico?

— Eu mesmo, Germano. — E lhe estendi a mão, tentando não desviar o olhar. Era meu primeiro emprego após me formar.

— Foi o dr. Breno quem me indicou pra tirar as férias dele — falei.

Pediu que eu a acompanhasse e foi na minha frente, decidida. Acompanhei-a pelos corredores mal iluminados até o apartamento onde eu ficaria instalado pelos próximos dias.

Entregou-me as chaves. Eram cinco e quinze da manhã. Pensava em como Pedro poderia ter trabalhado por um ano inteiro naquela arapuca, seria muita vontade de juntar dinheiro para se casar. Eu não queria me casar, nem atender pessoas em locais inadequados para fazer um pé-de-meia.

Naquela manhã, Ana me acompanhou na visita aos pacientes internados. Eu os cumprimentava um a um, examinava-os, dava ouvidos às queixas deles e dos familiares. Era um hospital pequeno de trinta e cinco leitos, nem todos ocupados. Terminamos as visitas pouco depois das dez, e Ana me diplomou:

— Sim, doutor, você é um médico de verdade. — Eu sorri; quem sabe não estaria errado com a primeira impressão do lugar?

Recolhi os prontuários dos pacientes internos para fazer as prescrições, mas, assim que me debrucei sobre as fichas, minhas desconfianças acerca da medicina que se praticava ali reemergiram com toda a força.

Saí pelo hospital à procura de Ana. Era onze e quinze da manhã. Ela estava em pé, na copa, com os olhos fixos numa reprodução da Última Ceia, alheia ao burburinho das outras funcionárias que se alimentavam. Veio ao encontro do corredor.

— Ana, observei que muitas medicações importantes, cefalexina, amoxicilina e outros antibióticos não estão sendo checadas pela enfermagem. Você sabe o motivo?

— Doutor, não estão sendo checadas porque os pacientes não estão tomando. Tudo sempre tá em falta aqui.

— Mas tem pacientes com infecções graves internados sem tomar nada, apenas soro e analgésicos. Erisipela e pneumonia bacteriana não se curam sozinhas. Eles precisam ser informados que não estão tomando as medicações necessárias. Essa gente pode morrer. Eles precisam saber.

— Doutor, é que a administração proíbe trazer remédio de fora do hospital. Se não tem no hospital, ficam sem. Os outros médicos não reclamam, a maioria nem faz aquela visita

no leito, só dá uma passada, e olhe lá. Aí, quando os pacientes pioram, transferem pra outros hospitais.

Eu disse à Ana que tudo bem, iria pensar no assunto, desconversando. Não saía da minha cabeça como Pedro conseguira trabalhar ali por um ano. Preenchi os prontuários e devolvi à enfermagem. 

À tarde, fiz várias consultas, solicitei exames básicos, dei receitas. Ao final da agenda de atendimentos, mandaram recado para que eu fosse à administração falar com o dr. Cláudio.

*

Não percebeu de imediato minha presença; aguardei uns quinze minutos enquanto ele discutia com alguém a política do município, quem iria apoiar quem para qual função. Na mesa ao lado, duas auxiliares fingiam guardar documentos.

Gentis, ofereceram-me água e café. Aceitei os dois, dando a elas algo a fazer. Enfim, dr. Cláudio falou-me, sorridente.

— E aí, doutor? Tudo certo no seu primeiro dia? Precisando de alguma coisa?

— Tudo certo, sim. Obrigado.

Ficou olhando para baixo, girando uma caneta dourada entre os dedos, talvez imaginando que me queixaria de algo, mas permaneci em silêncio.

— Sabe, doutor, você deve ter percebido que o hospital carece de recursos, somos uma comunidade pobre. Então, nem tudo o que for prescrito poderá ser dado aos pacientes, e não é bom que eles saibam, só gera mais estresse a eles.

— É só isso, dr. Cláudio? — perguntei, me preparando para sair da sala.

— Tem uma questão também com relação às receitas das consultas de hoje. Você prescreveu remédios que não constam na lista da farmácia do hospital.

— E é proibido?

— O problema é que os pacientes não têm condições de comprá-los e acabam pedindo doação aos políticos da região ou entre os comerciantes locais. É um pouco constrangedor.

— Dr. Cláudio, qual a diferença em prescrever remédios que constam na lista da farmácia do hospital ou outros que não constam na lista? De qualquer maneira, o hospital não tem as medicações para entregar aos pacientes.

— Não tem, mas podemos dizer a eles que estão em falta, uma hora chegam.

— E uma erisipela ou uma pneumonia vão aguardar, doutor?

— Nem tudo se pode dar jeito, não é?

— Não, dr. Cláudio, nem tudo.

Numa guerra perdida às vezes é preciso se render. Era o que ele devia achar que eu estava prestes a dizer. Encerrar o assunto, apertar as mãos, esboçar um sorriso. Eu tinha vinte e três anos. Se ficasse ali, acabaria desistindo. Uma hora todos desistem. Uma hora todos acabam vendendo a alma ao diabo. 

Atravessei o hall pouco iluminado e quase vazio bem na hora em que o homem que me recebera, e mais tarde eu descobriria ser uma espécie de vigia faz-tudo, estava prestes a assumir o posto na entrada do hospital para mais um período noturno de vigília. Ele carregava uma garrafinha de café e um velho tabuleiro de damas. E não me viu.

*

Faltavam poucos dias para meu retorno à Fortaleza. Na Cantina do Siqueira, o ex-garimpeiro, de face azulada, própria dos grandes fumantes, detinha-se a falar do moderno televisor de tela plana e tubo de imagem recém-adquirido, satisfeito com o respeitável negócio que recebia gente das boas famílias atraídas pela recusa em servir bebida alcoólica e pelo repertório de música gospel rodando em vinil no clássico aparelho de som gradiente três em um.

Naquela noite, apenas Aiko e eu fazíamos as honras do local. Aiko era uma cadela silenciosa e reservada da raça Akita Inu, única na região, capricho do Siqueira, que a trouxera duma viagem a Belém do Pará. O sujeito emendava um assunto atrás do outro, sem tomar fôlego, o que eu achava do governo FHC, qual especialidade eu faria, a namorada que eu poderia ter, mas mal eu elaborava as respostas, e ele já vinha com novas perguntas, num diálogo esquizofrênico de perguntas complexas e meias respostas.

— E o Lula, tem chance na próxima? — insistia.

— Tio, quem sabe, talvez se o partido…

— Você não acha que o PT merece uma chance? — E eu tentando mastigar um Hot banhado em molho.

— Tio, a questão é que ninguém confia nos políticos, eles prometem qualquer coisa pra vencer e então…

— Quando eu andei no Carajás, conheci um médico muito competente, doutor Patrick, talvez você tenha ouvido falar dele, o nome era estranho como o seu…

Não tinha a menor chance de que eu tivesse percebido a aproximação de Ana, dobrando a rua estreitinha sem calçamento que dava acesso ao hospital.

— Oi, doutor, desculpa atrapalhar sua refeição, mas tem uma paciente insistindo muito pra consultar.

— Agora? Não dá pra esperar até amanhã?

— É que amanhã ela já volta pra São Paulo. Sabe esse povo que vai pra fora e fica todo besta? Quer tudo pra ontem. Tá lá com uma dor na perna — disse, sem disfarçar um traço de ressentimento típico de quem não conseguiu sair da cidade pequena.

— Calma, a gente não deve sair julgando os doentes. Deixa que eu vou logo, já estou acabando.

Segui com ela numa caminhada despretensiosa enquanto terminava o restinho do sanduíche. Ana apertava os olhos para se proteger do vento, chutava pedregulhos na estradinha de terra, ajeitava o pedaço de esparadrapo que colocara na gola do pijama cirúrgico para proteger os seios de olhares incômodos. Tive vontade de beijá-la.

No consultório, a paciente me aguardava lendo um pequeno livro encadernado, sentada na cadeira de metal branco em frente à mesa de atendimento, com a perna esquerda estendida. Sobrava elegância no vestido verde na altura dos joelhos e nos cabelos curtos, contrastando com a pele bem clara, daquelas pessoas brancas que evitam o sol.

— Você é muito jovem — disse, em tom amistoso.

— Nem tanto — falei, estendendo a mão. — No que eu posso lhe ajudar?

— Sua roupa está manchada de sangue — respondeu-me, apontando a camisa.

— Obrigado por avisar, mas o que te trouxe aqui hoje à noite, dona Josiane?

— Minha perna, doutor, está doendo há alguns dias.

— Me mostra onde.

— É aqui ó, debaixo da gola. Está me incomodando.

— Não é na perna, dona Josiane?

— Estou falando da mancha de sangue, na sua roupa. Está me incomodando. Me desconcentra. Por favor, não me chame de dona, somos quase da mesma idade.

— Não, não somos, eu sou bem jovem, esqueceu? — Olhei para a camisa. — É ketchup, não é sangue, Josiane. Eu estava lanchando há pouco.

— No Siqueira? Não saiu de lá com dor de ouvidos?

— Podemos retornar à consulta? Você falava de uma dor na perna.

— Isso mesmo! Dessa dor, eu posso falar.

— E há outras?

— Agora é minha vez de pedir que retorne à consulta.

*

Colhi a história. Josiane tinha trinta e um anos e estava prestes a se formar psicóloga. Morava em São Paulo desde os vinte e dois e pagava as contas dando aulas particulares de português e redação. O incômodo na perna esquerda começara uma semana depois da chegada de um voo de São Paulo para Fortaleza. Passaria uns dias com a mãe. Solteira, não tinha filhos, nem os desejava. Não deixaria rastros de sua passagem pelo mundo. Josiane poderia ser eu.

Pedi a ela que se deitasse na maca e procedi ao exame clínico. A panturrilha esquerda estava inchada, um pouco quente, e tão sensível que o simples toque na pele já lhe causava dor. Anotei os achados na ficha de anamnese, excluindo, ao final, o olhar melancólico e a língua afiada.

— Seu semblante enquanto me examinava… não era dos melhores.

— Não é mesmo um piquenique no parque do Cocó, mas dá pra resolver. Você deve ter o que nós chamamos de TVP, é uma condição…

— Nós, quem?

— Nós, os médicos.

— E quem não é médico, chamaria como?

— Chamaria de trombose, você tem uma trombose nas veias da perna esquerda, são coágulos de sangue que se formam nelas. O maior perigo é que algum coágulo se solte dessas veias e se desloque pela circulação sanguínea até se alojar nos pulmões, causando uma embolia pulmonar, que pode ser muito grave — disse aquilo olhando diretamente em seus olhos, calculando se daria para falar tudo logo de uma vez.

— Tem a ver com o que eu faço?

— Dar aulas de redação?

— Eu não apenas dou aulas, também saio esporadicamente com homens, por dinheiro.

— Josiane, não é hora de ser engraçada. E isso não é engraçado.

— É verdade, eu faço programas, mas estou abandonando essa vida, parando com tudo.

— Entendi. Tem mais alguma surpresa pra me contar?

— Já li a obra inteira de Cortázar, sabe? O escritor argentino…

— Do que está falando? O que Cortázar tem a ver com essa dor?

— É a literatura, doutor, a grande vida. Se essa coisa se agravar, queria deixar registrada minha maior conquista. Pode anotar na sua ficha.

— Acho que te entendo, mas vamos manter o foco aqui na sua doença. Quando você volta pra São Paulo mesmo?

— Amanhã. E o foco deveria ser eu, Josiane, não a minha doença.

— Deixa eu te explicar: pra evitar o agravamento da trombose e o risco de embolia pulmonar, você precisa iniciar, o mais cedo possível, o tratamento com anticoagulante. Não temos essa medicação aqui, e você não pode entrar num avião desse jeito. Vou te dar um encaminhamento pra você ir a Juazeiro, que é mais perto do que Fortaleza. Lá você fará ultrassom e exames de sangue e iniciará o tratamento. Vá ainda hoje à noite. Consegue transporte pra ir de imediato?

Dá umas três horas de carro.

— Minha mãe está vindo me buscar, e daremos um jeito. Obrigada. Você não me disse seu nome.

— Me desculpe, na pressa não me apresentei direito. É Germano.

— Isso sim é engraçado…

— Minha desatenção, né? Não deveria acontecer…

— Esse nome, Germano, numa pessoa negra. É intrigante… Eu gosto. Tava falando disso.

— Acho que encerramos. Você entendeu tudo direitinho, Josiane?

— Sim, doutor. Eu não tenho escolha, não é?

— Sempre há mais de uma escolha, mas, no seu caso, não fazer o tratamento implica um preço muito alto.

— E você, doutor?

— O que tem eu?

— Está valendo a pena pagar o preço por suas escolhas?

*

Quando Ana me procurou, de manhã cedo, na enfermaria, para dar a notícia, custou-me acreditar que o corpo de Josiane tinha sido encontrado na maca do consultório onde eu a examinara na noite anterior. Mas estava lá, no vestido verde, segurando o livro encadernado. Sem a dor na perna.

Sem as outras dores que não compartilhara, que ninguém jamais ouviria.

Sem nenhum comprimido de rivotril na cartela encontrada em sua bolsa.

Seu Josias, o vigia faz-tudo, contou-me que depois da consulta ela saíra sozinha do hospital, mas retornara ao consultório minutos depois, para buscar um livro. Mais tarde, ao ver a luz apagada, imaginou que ela tinha ido embora.

Eu poderia ter esperado até que a mãe chegasse para buscá-la. Poderia ter descoberto a tempo que o motivo da vinda de Josiane ao interior foi para acompanhar o enterro da mãe. Mas só saberia disso naquela manhã. Eu não entendera tudo sobre ela.

Ana recolheu e guardou as coisas pessoais de Josiane. E a rotina do hospital voltou à normalidade. Josiane classificada como suicida. Como uma fatalidade. Aquele povo que vai para São Paulo e fica doido. No final da tarde, pedi a Ana para ver o livro. Ela me entregou e me acompanhou ao apartamento.

Convidei-a para entrar. Além da cama, havia apenas a mesa de estudo, uma prateleira, uma cadeira estofada e uma TV de tamanho médio que eu nunca ligara, nem fazia ideia se funcionaria. Uma mulher, retratada de costas, com os braços cruzados, e vestindo um casaco longo, caminhava por um campo de flores vermelhas e amarelas na reprodução de uma obra impressionista pendurada na parede nua ao lado da TV. Sentei-me no colchão e apontei a cadeira da escrivaninha para Ana, mas ela ignorou e sentou-se na cama ao meu lado. Ficamos nessa.

— Você não vai abrir, doutor?

— Tem um velcro, Ana. Só porque está morta, não deixou de ser dela. Mas fico pensando se ela desejava aquele desfecho ou apenas deu azar.

— Foi uma escolha, Germano. Se a gente vai morrer de qualquer maneira, não é justo escolher os termos do abate?

— Virou o rosto para a pintura à frente.

— É muito solitária, a moça do quadro… — disse-me.

— Ana, o que você faz aqui?

— Eu queria ver o livro com você.

— Não, aqui nesta cidade. O que você ainda faz aqui? Por que não foi embora?

— Talvez um dia. — E tomou o livro das minhas mãos

— Sabe, é melhor deixar pra lá. Se temos dúvidas, é melhor desistir. É melhor desistir de tudo.

Na noite seguinte, voltei para Fortaleza, e não conseguia pensar em nada além de que eu poderia ter salvo Josiane. Da sua doença, do meu descaso. Da dor desesperada que a consumia por dentro. E eu sabia que estava lá, e, com sua morte, talvez passasse a correr atrás de mim.

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