Surge uma nova moda para “parecer atraente”: fingir publicamente que leu os clássicos

Estamos vivendo em uma sociedade em que se faz quase tudo para ter visibilidade, inclusive fingir comportamentos. Nesse contexto, surge uma nova moda: fingir que leu os clássicos para parecer mais atraente.

E essa moda, que já pegou, tem nome e sobrenome. Chama-se “performative reading“. Para entrar na moda é necessário que você pegue um livro clássico, desses bem difíceis de ler e deixe sempre à vista.

Não importa se você está na praia, no metrô ou em espaços com bastante barulho, afinal, quanto mais vista a pessoa for com seu calhamaço na mão, melhor para sua imagem. Que tal ficar imerso no mundo de Guermantes de Proust ou nos problemas de Hans Castorp em A Montanha Mágica?

Fingir ler os clássicos está tão na moda que não é preciso estar com o livro na mão, basta ter um acessório de moda estampado com Drácula de Bram Stoker para chamar atenção suficiente para si. 

Legenda: Fingir que ler os clássicos ou usar uma bolsa sobre os clássicos? / Fonte: Reprodução da Internet

Você não precisa gostar, nem mesmo entender o que esses livros dizem! Apenas finja que está lendo um clássico e automaticamente pareça mais intelectual e mais atraente para o público.

Esta tendência começou lá em 2021, quando pessoas famosas começaram a liderar clubes de leitura, fazendo com que os livros fossem percebidos como acessórios de moda. É assim que ler, deixa paulatinamente de ser uma atividade íntima, para se tornar uma ferramenta de construção de imagem.

Italo Calvino, um grande amante dos clássicos e se tornou um clássico, afirmou que “A única razão que se pode apresentar é que ler os clássicos é melhor que não ler os clássicos”. Mas o que Ítalo Calvino diria sobre as pessoas fingirem que leem os clássicos?

Related posts

“Um dia, todos terão sido contrários a isso”: Ao receber o National Book Award 2025, Omar El Akkad faz contundente discurso contra genocídio em Gaza

Conceição Evaristo publica dissertação de mestrado inédita sobre literatura negra em que surgem esboços das “escrevivências”

Leci Brandão se torna a primeira mulher negra a receber o título de Doutora Honoris Causa pela UFSCar