Uma possível definição para flâneur, palavra francesa, é sair pela cidade e experimentá-la. O filósofo Walter Benjamin, em seu texto A infância em Berlim por volta de 1900, diz que “saber orientar-se numa cidade não significa muito. No entanto, perder-se numa cidade, como alguém se perde numa floresta, requer instrução.” Flanar pelas ruas não foi exclusividade de homens europeus. No início do século XX, o escritor João do Rio estava vivenciando todos os cantos da cidade do Rio de Janeiro.
Reconhecido pela sagacidade em escrever crônicas mescladas com reportagens, João do Rio foi um dos primeiros jornalistas a se dedicar em tempo integral à profissão. As observações feitas pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro e as anotações sobre os personagens daquela região o inspiraram a escrever uma coletânea de crônicas, que foi publicada pela primeira vez em 1908.
A alma encantadora das ruas, terceiro e o mais vendido livro do autor, ganha nova edição pela Via Leitura, do Grupo Editorial Edipro. De forma profunda, empática e crítica, o escritor revela os aspectos sociais , culturais e políticos pelos quais o Rio de Janeiro passava naquele período. João faz um retrato vívido das transformações que aconteciam na então capital do país, sem esconder os problemas de miséria, urbanização e a formação das favelas.
“O Rio tem também as suas pequenas profissões exóticas, produto da miséria ligada às fábricas importantes, aos adelos, ao baixo comércio; o Rio, como todas as grandes cidades, esmiúça no próprio monturo a vida dos desgraçados.”
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A obra é dividida em cinco partes: A rua, O que se vê nas ruas, Três aspectos da miséria, Onde às vezes termina a rua e As musas da rua. O cronista destaca as figuras marginais, condições de vida precárias, os transeuntes apressados e diversas camadas que se entrecruzam no Rio de Janeiro. Em uma época na qual a modernidade começava a se impor, João do Rio narra o cotidiano urbano de uma cidade vibrante e cheia de contrastes.
Quem foi João do Rio?
João do Rio, pseudônimo de João Paulo Barreto ( 1881-1921), foi um dos mais importantes cronistas e jornalistas brasileiros do início do século XX. Seus escritos revelam os primórdios da crônica jornalística, marcando seu nome na história da literatura brasileira.
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