“The Delicate Art of Healing”: o delicado álbum da cantora portuguesa xxMia

O nome dela é Margarida Ferreira e e ela mandou uma mensagem super gentil apresentando o seu projeto musical sob o nome artístico xxMia. Segundo palavras dela, xxMia é “uma cativante nova artista indie de Portugal”. Eu, Luiz, fiquei feliz porque desde sempre fã de música portuguesa, dos fados à chamada MPP de Sérgio Godinho, Rui Veloso, da antiga geração, e Márcia, e Ana Bacalhau, mais jovens.

Margarida, ou xxMia, está lançando por lá, mas por aqui também, o álbum (ou EP, já que álbum saiu de moda) “The Delicate Art of Healing”, que em tradução literal seria algo como “A delicada arte de se curar”. A obra pretende ser uma mistura hipnotizante de letras emotivas e melodias cativantes que acredito que irão ressoar profundamente com o público. O EP explora temas de resiliência e recuperação através da entrega vocal única e escrita profunda.

Cada uma das 4 músicas conta uma história de crescimento pessoal, cada uma com o seu significado distinto.

E a gente resolveu fazer uma coisa diferente aqui: pedimos para xxMia falar um pouco de cada uma de suas canções. Conheça mais da artista xxMia aqui e confira:

1. you can call this a love song

Esta música é uma das minhas mais recentes. Surgiu num dia em que simplesmente decidi pegar na minha guitarra e ir num date sozinha com a minha guitarra num parque e deixar a imaginação  fluir. 
Surgiu-me quase que como um poema, a nível da estrutura não tem um refrão nem nada desse género. Tentei fazer um exercício de começar a música de forma a pintar a imagem literal do que estava a acontecer naquele momento e surgiu algo a que se pode chamar uma música de amor dedicada ao amor da minha vida.

Leia também: “As estradas são para ir”: poemas e canções da cantora Márcia

2. Nowhere To Run

Esta música foi a minha forma de exprimir alguns dos sentimentos de alguém que vive com THDA e ansiedade. O início do ano foi muito complicado a nível de saúde mental depois de ser diagnosticada com depressão e ao tentar fazer as pazes com a vida há dias em que a ansieade ganha e esta música é sobre isso mesmo.

3. Sunflower

Esta música é uma homenagem à minha avó. Comecei a escrevê-la no início de 2019, inquietada pelo facto de que as pessoas que tu amas, as pessoas que te criam e te vêm crescer não duram para sempre – e a minha avó era uma dessas pessoas que eu só queria que estivesse aqui, comigo, para sempre. Infelizmente, ela faleceu no dia 6 de Outubro de 2021. Eu espero que esta música te relembre que não devemos tomar ninguém por garantido, porque nunca sabes quando será a última oportunidade que terás de dizer a alguém que o amas. Espero também que recebas a “Sunflower” com a mesma quantidade de amor que eu senti quando a escrevi. E também, que esta seja a prova de que Ela deixará para sempre Saudades a quem teve a sorte de ter conhecido o anjo que Ela era. Para a Minda. Serei para sempre a tua “Sunflower”.

4. Thin White Paper

Escrita em 2017, “Thin White Paper” é uma música que escrevi para minha melhor amiga de infância. Nós estávamos sempre lá uma para a outra, em todos os momentos altos mas, especialmente, em todos os momentos baixos. Infelizmente, quando chegas ao final da adolescência, crescer começa a tornar-se uma realidade assustadora, a vida não se torna mais fácil e as pessoas afastam-se. Por vezes, a dependência de drogas vem à baila, e tu vês-te num ponto em que tens que ver as drogas a levarem o melhor de pessoas que amas. Esta música era eu, provavelmente, a tentar processar o facto de que não há volta a dar, e que não podes voltar aos tempos fáceis da vida, onde tudo era bonito e inocente.

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