10 músicas de Zé Dantas, o compositor de Luiz Gonzaga, que são verdadeiras poesias

Para quem ama letras de música e acha que elas são verdadeiras poesias, Zé Dantas é um dos nomes que você precisa conhecer. Zé Dantas (1921-1962) foi um dos maiores compositores brasileiros, sucesso na voz de Luiz Gonzaga. Mas o que muita gente não sabe é que ele era também um grande poeta e folclorista brasileiro. Ele foi o autor de uma série de composições que fizeram sucesso na voz de Luiz Gonzaga e se tornaram clássicos do cancioneiro nordestino, entre elas: Vem Morena, Cintura Fina, e Riacho do Navio.

José de Sousa Dantas Filho, conhecido como Zé Dantas, nasceu em Carnaíba, no Sertão de Pernambuco, no dia 27 de fevereiro de 1921. Era filho de José de Sousa Dantas, fazendeiro, comerciante e ex-prefeito da cidade de Flores, e de Josefina Alves Siqueira Dantas.

Acauã

Acauã
Vive cantando
Durante o tempo do verão
No silêncio das tarde agoirando
Chamando a seca pro sertão

Acauã
Teu canto é penoso e faz medo
Te cala acauã
Que é pra chuva voltar cedo

Toda noite no sertão
Canta o joão corta-pau
A coruja, mãe da lua
O peitica e o bacurau

Na alegria do inverno
Canta sapo, gia e rã
Mas na tristeza da seca
Só se ouve acauã

A Volta da Asa Branca

Já faz três noites que pro norte relampeia
E a asa branca ouvindo o ronco do trovão
Já bateu asas e voltou pro meu sertão
Ai, ai, eu vou-me embora, vou cuidar da prantação’
Já bateu asas e voltou pro meu sertão
Ai, ai, eu vou-me embora, vou cuidar da prantação’

A seca fez eu desertar da minha terra
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva pra esse sertão sofredor
Sertão das muié’ séria, dos home’ trabalhador
De mandar chuva pra esse sertão sofredor
Sertão das muié’ séria, dos homens trabalhador

Rios correndo, as cachoeira tão zoando
Terra molhada, mato verde, que riqueza
E a asa branca, tarde canta, que beleza
Ai, ai, o povo alegre, mais alegre a natureza
E a asa branca, tarde canta, que beleza
Ai, ai, o povo alegre, mais alegre a natureza

Sentindo a chuva, eu me arrescordo’ de Rosinha
A linda frô’ do meu sertão pernambucano
E se a safra não atrapaiá’ meus pranos’
Quê que há, aí ô Seu Vigário, vou casar no fim do ano
E se a safra não atrapaiá’ meus pranos’
Quê que há, aí ô Seu Vigário, vou casar no fim do ano

Eu caso, Seu Luiz
Mas nunca esqueço do senhor
Eita!

Sabiá

A todo mundo eu dou psiu (psiu, psiu, psiu)
Perguntando por meu bem (psiu, psiu, psiu)
Tendo o coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá vem cá também (psiu, psiu, psiu)

A todo mundo eu dou psiu (psiu, psiu, psiu)
Perguntando por meu bem (psiu, psiu, psiu)
Tendo o coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá vem cá também (psiu, psiu, psiu)Tu que anda pelo mundo (sabiá)
Tu que tanto já voou (sabiá)
Tu que fala aos passarinhos (sabiá)
Alivia minha dor (sabiá)Tem pena d’eu (sabiá)
Diz por favor (sabiá)
Tu que tanto anda no mundo (sabiá)
Onde anda o meu amor (sabiá)A todo mundo eu dou psiu (psiu, psiu, psiu)
Perguntando por meu bem (psiu, psiu, psiu)
Tendo o coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá vem cá também (psiu, psiu, psiu)A todo mundo eu dou psiu (psiu, psiu, psiu)
Perguntando por meu bem (psiu, psiu, psiu)
Tendo o coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá vem cá também (psiu, psiu, psiu)

Tu que anda pelo mundo (sabiá)
Tu que tanto já voou (sabiá)
Tu que fala aos passarinhos (sabiá)
Alivia minha dor (sabiá)Tem pena d’eu (sabiá)
Diz por favor (sabiá)
Tu que tanto anda no mundo (sabiá)
Onde anda o meu amor (sabiá)

Tem pena d’eu (sabiá)
Diz por favor (sabiá)
Tu que tanto anda no mundo (sabiá)
Onde anda o meu amor (sabiá)

O Xote das Meninas

Mandacaru quando fulora na seca
É um sinal que a chuva chega no sertão
Toda menina que enjôa da boneca
É sinal de que o amor já chegou no coração
Meia comprida não quer mais sapato baixo
O vestido bem cintado, não quer mais vestir timão

Ela só quer, só pensa em namorar
(Ela só quer, só pensa em namorar)
Ela só quer, só pensa em namorar
(Ela só quer, só pensa em namorar

)De manhã cedo já tá pintada
Só vive suspirando, sonhando acordada
O pai leva ao doutor a filha adoentada
Não come e nem estuda, não dorme e nem quer nada

Ela só quer, só pensa em namorar
(Ela só quer, só pensa em namorar)
Ela só quer, hum!
(Ela só quer, só pensa em namorar)

Mas o doutor nem examina
Chamando o pai de lado, lhe diz logo em surdina
Que o mal é da idade e que, pra tal menina
Não tem um só remédio em toda medicina

Ela só quer, só pensa… ai!
(Ela só quer só pensa em namorar)
Ela só quer só pensa em namorar
(Ela só quer só pensa em namorar)

Mandacaru quando fulora na seca
É um sinal que a chuva chega no sertão, ai
Toda menina que enjôa da boneca
É sinal de que o amor já chegou no coração
Meia comprida, não quer mais sapato baixo
O vestido bem cintado não quer mais vestir timão

Ela só quer, só pensa em namorar
(Ela só quer, só pensa em namorar)
Ela só quer, só pensa… ai!
(Ela só quer, só pensa em namorar)De manhã cedo já tá pintada
Só vive suspirando, sonhando acordada
O pai leva ao doutor a filha adoentada
Não come e nem estuda, não dorme e nem quer nada

Ela só quer, só pensa em namorar
(Ela só quer, só pensa em namorar)
Ela só quer, só pensa… hm!
Ela só quer só pensa em namorar

só pensa em namorar
Mandacaru, mandacaru
Mandacaru, mandacaru

Riacho do Navio

Riacho do Navio
Corre pro Pajeú
O rio Pajeú vai despejar
No São Francisco
O rio São Francisco
Vai bater no meio do mar
O rio São Francisco
Vai bater no meio do mar

Riacho do Navio
Corre pro Pajeú
O rio Pajeú vai despejar
No São Francisco
O rio São Francisco
Vai bater no meio do mar
O rio São Francisco
Vai bater no meio do mar

Ah, se eu fosse um peixe
Ao contrário do rio
Nadava contra as águas
E nesse desafio
Saía lá do mar pro
Riacho do navio
Eu ia direitinho pro
Riacho do navio

Pra ver o meu brejinho
Fazer umas caçada
Ver as pegá de boi
Andar nas vaquejada
Dormir ao som do chocalho
E acordar com a passarada
Sem rádio e sem notícia
Das terra civilizada
Sem rádio e sem notícia
Das terra civilizada

Riacho do Navio
Corre pro Pajeú
O rio Pajeú vai despejar
No São Francisco
O rio São Francisco
Vai bater no meio do mar
O rio São Francisco
Vai bater no meio do mar

Riacho do Navio
Corre pro Pajeú
O rio Pajeú vai despejar
No São Francisco
O rio São Francisco
Vai bater no meio do mar
O rio São Francisco
Vai bater no meio do mar

Ah, se eu fosse um peixe
Ao contrário do rio
Nadava contra as águas
E nesse desafio
Saía lá do mar pro
Riacho do Navio
Eu ia direitinho pro
Riacho do Navio

Pra ver o meu brejinho
Fazer umas caçada
Ver as pegas de boi
Andar nas vaquejada
Dormir ao som do chocalho
E acordar com a passarada
Sem rádio e sem notícia
Das terra civilizada
Sem rádio e sem notícia
Das terra civilizada

Riacho do navio
Riacho do navio
Riacho do navio
Tando lá não sinto frio

Veja também: 30 anos da morte de Gonzaguinha: como foi a trágica morte do cantor?

Zé Dantas e Luiz Gonzaga

Vozes da Seca

Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulistas nesta seca do sertão
Mas doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão

É por isso que pedimos proteção a vosmicê
Homem, por nós, escolhido, para as rédias do poder
Pois doutor, dos vinte estados, temos oito sem chover
Veja bem, mais da metade do Brasil tá sem comer

Dê serviço a nosso povo, encha os rios e barragens
Dê comida a preço bom, não esqueça a açudagem
Livre assim, nós da esmola, que no fim desta estiagem
Lhe pagamo inté os juros sem gastar nossa coragem

Se o doutor fizer assim, salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação
E nunca mais nós pensa em seca, vai dá tudo neste chão
Como vê, nosso destino, mercer tem na vossa mão

Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulistas nesta seca do sertão
Mas doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão

Ó, Fagner
Oi, Lua
Quando eu gravei esse baião, Gonzaguinha não era nascido ainda
Será que as coisa mioraro?
Ra, eu acho que pioraro viu, Lua
Porque o que era quase a metade, hoje é mais da metade
Os homi trocaro de roupa mas continua com a merma sé vergonheza
Ave Maria, Nordeste tão alegre, tão quente, tão bonzin né

Mas e o povo, rapaz, tão sambudo que é, rapaz
Ô, mai ra… fica…
Tão forrozeiro que é
Fica pedindo uma esmolinha
Ave MariaAi doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
Ou vicia o cidadão

Forró em Caruaru

No forró de Sá Joaninha, em Caruaru
Cumpade Mané Bento, só faltava tu
(No forró de Sá Joaninha, em Caruaru)
(Cumpade Mané Bento, só faltava tu)Eu nunca vi, meu cumpade, forgança tão boa
Tão cheia de brinquedo e de animação
Bebendo na função, dançamos sem parar
Num galope de matar, nas alta madrugadaPor causo de uma danada que vei de Tacaratu
Matemo doi sordado, quato cabo e um sargento
Cumpade Mané Bento, só fartava tuMeu irmão Jesuíno grudou numa nega
Xamego de sujeito valente e brigão
Eu vi que a confusão não tardava a começar
Pois um cabra de punhá com cara de assassino
Partiu pra Jesuíno e estava feito o sururu
Matemo doi sordado, quato cabo e um sargento
Cumpade Mané Bento, só fartava tuAo doutor delegado, que é véio trombudo
Eu disse que naquela grande confusão
Houve apena uns arranhão, mas os cabra morredor
Nesse tempo de calor tem a carne reimosa
O véio zombou da prosa, eu fugi do Caruaru
Matemo dois soldado, quato cabo e um sargento
Cumpade Mané Bento, só faltava tuAo doutor delegado, que é véio trombudo
Eu disse que naquela grande confusão
Houve apena uns arranhão, mas os cabra morredor
Nesse tempo de calor tem a carne reimosa
O véio zombou da prosa, eu fugi do Caruaru
Matemo dois soldado, quato cabo e um sargento
Cumpade Mané Bento, só fartava tu

A Dança da Moda

No Rio tá tudo mudado
Nas noites de São João
Em vez de polca e rancheira
O povo só dança e só pede o baião

No Rio tá tudo mudado
Nas noites de São João
Em vez de polca e rancheira
O povo só dança e só pede o baião

No meio da rua
Inda é balão
Inda é fogueira
É fogo de vista
Mas dentro da pista
O povo só dança e só pede o baião

Ai, ai, ai, ai, São João
Ai, ai, ai, ai, São JoãoÉ a dança da moda
Pois em toda a roda
Só pede baiãoAi, ai, ai, ai, São João
Ai, ai, ai, ai, São João

É a dança da moda
Pois em toda a roda
Só pedem baiãoNo Rio tá tudo mudado
Nas noites de São João
Em vez de polca e rancheira
O povo só dança e só pede o baião

No Rio tá tudo mudado
Nas noites de São João
Em vez de polca e rancheira
O povo só dança e só pede o baião

No meio da rua
Inda é balão
Inda é fogueira
É fogo de vista
Mas dentro da pista
O povo só dança e só pede o baião

Ai, ai, ai, ai, São João
Ai, ai, ai, ai, São João

É a dança da moda
Pois em toda a roda
Só dança o baiãoAi, ai, ai, ai, São João
Ai, ai, ai, ai, São João

É a dança da moda
Pois em toda a roda
Só pedem baião

Ai, ai, ai, ai, São João
Ai, ai, ai, ai, São João

É a dança da moda
Pois em toda a roda
Só pede baião

Ai, ai, ai, ai, São João
Ai, ai, ai, ai, São João

É a dança da moda
Pois em toda a roda
Só pedem baião

Fonte:
https://mesquita.blog.br/ze-dantas-versos-na-tarde-18052015
https://revistacontinente.com.br/edicoes/242/ze-dantas
https://www.ebiografia.com/ze_dantas/

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