“Cara preta é perda e renovação, o luto estampado na cara e no peito.” – Ana Clara Guinle
Na série “Menina da cara preta”, a artista visual petropolitana Ana Clara Guinle aborda temas como luto, perda e renovação. A partir de gravuras em metal que, posteriormente, se transformaram em um zine – uma publicação impressa de maneira independente e a preço acessível – a artista, que é graduanda do curso de Pintura da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, buscou fazer refletir a respeito daquilo que nos une a todos, queiramos ou não: a morte. Mas, a partir da morte, Ana Clara nos revela também a vida que brota a cada uma das pequenas ou grandes mortes que vivenciamos.
“No ano de 2016, meu pai morreu. A série Menina da cara preta já estava em processo, mas foi vivenciando o luto que consegui entender o que eu realmente queria dizer com a imagem da personagem que eu já vinha construindo”, diz a artista.
A junção das gravuras à poesia transforma texto e imagem em uma só coisa. O movimento que nos leva da palavra ao olhar – lê-se a poesia, olha-se a imagem e se refaz o movimento, identificando as relações entre os dois – reforça a ideia de ciclo e da inevitável complementariedade entre vida e morte que a obra pretende expor.
A Menina da cara preta, com sua cara preta, é única: seu luto e seu renascimento são seus, e só seu. Mas em sua cara preta, vazia e cheia ao mesmo tempo, podemos alocar qualquer cara – minha, sua, nossa -, pois é a cara preta que nos aproxima, ao mesmo tempo em que nos distancia pela singularidade.
O zine está disponível à venda e, além dele, é possível ter, em sua casa, uma pintura mural na parede realizada pela artista. Para contactar Ana Clara e acompanhar seu trabalho, basta acessar seu Instagram, seu Facebook ou enviar um email para anaclaraguinle@gmail.com
Confira, abaixo, mais fotos da série e de seu processo de criação: