Estudante de 73 anos defende Trabalho de Conclusão de Curso e conquista nota máxima na Universidade Federal do Rio Grande

Um sonho que parecia distante, tornou-se realidade para Maria Clair Alves, de 73 anos. A estudante do curso de Artes Visuais Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), no Rio Grande do Sul, defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) neste mês. E o resultado não poderia ser mais gratificante: a nota máxima foi comemorada pela formanda e seus familiares.

Leia também: Após concluir o ensino médio aos 77 anos, taxista faz Enem pela primeira vez

Com o título “Metamorfose na maturidade, o fio do crochê como poética artística da liberdade”, o trabalho retrata sua experiência universitária como estudante idosa do curso, apresentando o desenvolvimento da poética artística através do crochê. Por meio dessa atividade, destaca as práticas ancestrais femininas, reativa memórias e elabora peças inspiradas na metamorfose das borboletas como estética de transformação e liberdade.

“O trabalho trata das vivências de Maria Clair como estudante idosa na FURG e seu desenvolvimento como artista. Consideramos importante este momento em que a universidade acolhe pessoas idosas e lhes dá oportunidade de formação”, salientou a orientadora Roseli Nery.

“É uma vitória que nós, os idosos, estamos conseguindo. Um espaço acadêmico, onde possamos dar continuidade aos nossos estudos, o que não conseguimos quando jovens”, é assim que a estudante define sua trajetória e a dos idosos que atualmente estudam na mesma universidade.

A trajetória de Maria Clair se assemelha a de muitos estudantes nessa faixa etária que tiveram pouco acesso à escola. Foi somente após os 50 anos que ela voltou a estudar por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Mesmo com a dificuldade inicial, logo conseguiu avançar para concluir o ensino médio. Deu continuidade aos estudos prestando Exame Nacional do Ensino Médio, e, mesmo sem esperança de aprovação, ela ingressou na universidade no curso escolhido como segunda opção: “Quase morri com o choque, mas foi muito bom voltar a estudar, uma realização pessoal”. Embora tenha enfrentado preconceitos, contou com o acolhimento e o apoio de professores e colegas do curso. “Para alguns, mulher idosa significa incapacidade. Ouvi que eu estava “tirando a vaga de um jovem”. Mas aquele é o meu lugar. Não somos incapazes — muito pelo contrário”, afirmou.

A formatura está prevista para o próximo ano e ela não quer se distanciar da vida acadêmica. Continuará participando do projeto de extensão “Crochê da Vovó”, atividade artesanal que desenvolve com as escolas e instituições da cidade: “Quero seguir levando conhecimento e aprendendo também. O crochê, para mim, é mais que técnica: é troca, é afeto, é transformação.”

Fonte
Fonte

Related posts

Professor mineiro faz sucesso nas redes sociais ao utilizar paródias musicais para ensinar língua portuguesa

Trabalhadores rurais são alfabetizados em 100 dias no interior de Minas Gerais

“Imagens de uma busca de si”: livro reúne conteúdos inéditos em formato multimídia