Há quem veja a música apenas como entretenimento. Para Carlos Cê Evandro, idealizador do Grupo Parampampam, ela é muito mais: é ponte, memória e afeto. Idealizador e criador do grupo de música infantil Parampampam, hoje ele acumula uma experiência ímpar na música que resulta em composições e apresentações que valorizam uma diversidade de gêneros e ritmos. Com muita diversão, o grupo musical implementa arte, cultura e educação através da música.
Carlos veio de uma família festeira e musical em que as melodias sempre tiveram um espaço de afeto em sua vida. Da bossa nova ao rock, ele passou a compor suas próprias canções. O tempo foi passando e Carlos começou a utilizar a música como uma maneira de se comunicar com suas filhas – Gabriela, Júlia, Tayaná e Laura – e ali, inventando cantigas, ele percebeu um outro lado de seu apreço pela música. Cercado por afeto, o universo das músicas infantis o cativou de imediato. Posteriormente, trabalhando como arte-educador no Instituto Arte Tear que ele começou a apresentar suas músicas infantis e uma paixão foi reacendida.
Segundo o músico, o interesse passava por “essa ideia de fazer uma música que respeitasse a inteligência da criança, que respeitasse o ser humano que há em todos nós.” E foi em 2014 que, em parceria com seu amigo, Cadu Dias Lopes, o Parampampam foi pensado de forma concreta e, no ano seguinte, ele seguiu pela estrada com um primeiro disco e mais diversas outras músicas.
Formado hoje por Rebeca Epifanio e Juliana Marins (vocais), André Lydia (baixo), Maurício Durão (teclado, escaleta e vocais), Cadu Dias Lopes (bateria, percussão, violão e vocais) e Carlos Cê Evandro (vocais e violão), o Grupo Parampampam já soma mais de 80 apresentações em diversas cidades.
Em entrevista, o idealizador e criador do grupo conta um pouco mais sobre sua trajetória pessoal e do grupo.
Você tem muitos anos de experiência com a música e chegou a cursar uma pós-graduação em arteterapia. Conte um pouco sobre como você chegou a se interessar por essa área da música e como ela se apresenta na atuação do grupo Parampampam.
Após me aposentar, depois de 40 anos me dedicando à engenharia, eu resolvi mudar minha trajetória profissional e trabalhar integralmente como músico. Primeiro com o Parampampam, como compositor, violonista e cantor e esse mergulho no universo infantil foi uma delícia e ainda hoje é. Em 2019 eu comecei a trabalhar num projeto chamado Cantar é Bom, voltado para o público de mais de 60 anos atuação e propósito voltados para ajudar pessoas mais velhas a terem um envelhecimento mais saudável e ativo. Essa experiência foi um baita aprendizado para mim e influenciou a maneira como enxergo a música em geral e a infantil, em particular
Eu levo coisas do universo infantil para pessoas idosas e a aceitação delas é muito boa porque elas mexem com a criança de cada um, mexem com a memória mais remota deles. Então eu trabalho basicamente com isso, com as infâncias de 0 a 12 anos e com as outras infâncias, aquelas a partir dos 60 anos. Enfim, vida que vai, né?
Diante desses 10 anos de experiência, como você enxerga o papel da música infantil no cenário cultural brasileiro hoje?
Nesses 10 anos vivendo na estrada com o Parampampam, nos apresentando e fazendo contato com outros grupos e outros artistas, aqui do Rio, principalmente, mas também já com grupos até de fora do Brasil com trabalhos excelentes, eu acho que a música voltada para o público infantil, cresceu muito, em quantidade e em qualidade, principalmente, o que eu acho ótimo.
A gente tem hoje trabalhos muito interessantes, muito legais acontecendo aí pelo Brasil afora,que ganham bastante visibilidade. Tem muitas coisas que não conhecemos e a cada dia eu me surpreendo mais com novos grupos que eu vou aprendendo a admirar e a consumir suas músicas.
Atualmente o grupo está apresentando o espetáculo Animal Pedra Semente. Fale um pouquinho sobre ele e como foi pensado.
O espetáculo Animal Pedra Semente é como eu digo a segunda parte do Parampampam na estrada, nós começamos com um espetáculo chamado Olha Que Eu Viro Bicho. Enquanto no primeiro trabalho as músicas já existiam e montamos um roteiro em cima delas, nesse segundo algumas músicas já existiam pensando nesse projeto, algumas em parceria com poetas e letristas amigos meus. Inclusive a música Animal pedra semente, que dá título ao trabalho, foi criada simultaneamente já pensando no espetáculo e ela lida com os três elementos fundamentais da nossa vida humana na Terra, representada por esses elementos: animal, que somos nós e os bichos; as pedras, que são os elementos de constituição do nosso planeta; e as árvores e plantas são representadas pelas sementes, que dão um duplo sentido porque a semente também dá origem à vida.
Diante disso, chamamos um diretor de teatro, Wilson Belém, para criar um roteiro para o projeto. Ele propôs essa saga da Silvinha, uma menina que começa a andar pelo mundo e descobri-lo, se deparando com perigos e desafios, como um jacaré que diz ser vegano ou a mãe a proibindo de correr pra não sujar as roupas. Assim, as canções vão desenvolvendo esse espetáculo, que se torna bem vibrante e musicalmente impecável.
Esse trabalho pensa na gênese da Gaia, da Terra. Desde a pedra, as árvores que foram nascendo, os animais surgindo, e o projeto diz muito sobre como pensamos a vida e as forças da natureza, sobre solidariedade e convivência. A gente está aqui nesse mundo, mas a gente não é dono dele, a gente é só mais uma parte dele e, pensando assim, cada vez mais conscientes, entendemos que precisamos pensar na Terra como uma aliada, como uma casa, como um corpo. Então, tanto a música Animal Pedra Semente quanto o espetáculo no geral tem essa perspectiva de apresentar a harmonia da vida na Terra através dessa menina curiosa, Silvinha.
Muitas das músicas foram compostas por mim, mas duas foram feitas pelo Cadu, uma delas sendo instrumental, Liberdade, algo bastante diferente no universo da música infantil. Temos uma outra composta pelo nosso tecladista, Maurício Durão. A diversidade rítmica é uma das coisas mais interessante do nosso trabalho. Temos ciranda, samba, rock, baião, country e mais um pouco de tudo. E essa diversidade é um resultado, também, das parcerias na concepção do projeto, que tem um pouquinho de todo mundo, desde as músicas ao espetáculo.
Há dois anos o espetáculo tá na estrada e desde sua estreia fomos crescendo muito, à medida que ele era apresentado para as crianças e para o público geral.
Com muita história, o Parampampam se consolidou como um projeto que transforma canções em laços duradouros, com potência de diversão e educação. Animal Pedra Semente continua nas estradas sendo apresentado, e as músicas do espetáculo estão disponíveis no YouTube, Spotify, Deezer e Apple Music. Confira as datas e locais das próximas apresentações no Rio de Janeiro:
– 05//10, domingo, às 16h, no Centro da Música Carioca
– 11/10, sábado, às 11h, na Praça Nilo Peçanha (gratuito)
– 12/10, domingo, às 16h, no Estádio Nélio Gomes (gratuito)
– 19/10, domingo, às 15h, no Sesc Madureira
Para saber mais, acesse o site do Grupo Parampampam