Publicado originalmente em 1964, Berg é o livro de estreia de Ann Quin, escritora britânica que desafiou os limites do romance moderno e se tornou um nome cult da literatura do século XX. Ambientado em uma cidade costeira da Inglaterra — cinza, úmida, quase espectral —, o romance acompanha um protagonista que se instala em uma pensão com a intenção de matar o próprio pai. O plano rapidamente se embaralha em uma espiral de delírios, silêncios e vozes alheias, como se a própria linguagem estivesse prestes a se desfazer.
Quin escreve uma prosa marcada por cortes abruptos, digressões e uma atmosfera entre o noir e o surreal. Influenciada pelas modernistas Virginia Woolf e Anna Kavan, e pelo Nouveau Roman francês e sua radicalidade formal, a autora é comparada com nomes de vanguarda como Nathalie Sarraute, Marguerite Duras, Samuel Beckett e William Burroughs.
Nascida em Brighton, em 1936, Ann Quin teve uma trajetória breve e intensa. Nos anos 1960, fez parte de um pequeno grupo de escritores ingleses que buscava romper com o realismo dominante na época e escreveu quatro romances antes de morrer tragicamente afogada, aos 37 anos.
Redescoberta nas últimas décadas, Quin tem sido celebrada por autores como Deborah Levy e Joshua Cohen, e lida hoje como figura-chave da literatura modernista tardia. Entre 2025 e 2026 a DBA Literatura vai publicar Berg (julho, 2025), Three e The Unmapped Country (os dois últimos ainda sem título em português), em uma iniciativa que reivindica o lugar da autora na história, lado a lado com os grandes inovadores da forma literária.
Sobre a autora:
Ann Quin (1936–1973) foi uma escritora de Brighton, Inglaterra. Reconhecida pelo estilo experimental, publicou, em vida, os romances Berg (DBA Literatura, 2025), Three (1966), Passages (1969) e Tripticks (1972). A coletânea de escritos The Unmapped Country foi lançada em 2018, mais de quarenta anos após sua morte, aos 37 anos.