Violonista reconhecido como referência para Tom Jobim, Garoto foi um dos principais responsáveis por abrir caminhos para os nomes que fundaram e popularizaram a Bossa Nova mundo afora, como Vinicius de Moraes e João Gilberto, pelo seu modo de compor e tocar.
Aníbal Augusto Sardinha nasceu em junho de 1915, na cidade de São Paulo. O músico era filho de Antônio Augusto Sardinha e Adosinda dos Anjos, dois imigrantes vindos de Portugal. Além do violão, o instrumento no qual se tornou referência, o músico também tocava cavaquinho, bandolim, guitarra elétrica, guitarra havaiana, guitarra portuguesa e banjo.
Foi justamente o banjo o ponto de partida para a carreira de Garoto. Por conta de apresentações onde tocava o instrumento, ficou conhecido como “o moleque do banjo”. O apelido, posteriormente, se tornou seu nome artístico após uma modificação, trocando “moleque” por “garoto”. Quando começou a sua carreira, Garoto tinha somente onze anos de idade.
No ano de 1952, o artista fez parte do Trio Surdina, ao lado de Rafael Lemos Júnior, popularmente conhecido como Fafá e que também era violonista, e Chiquinho do Acordeon, pseudônimo de Romeu Seibel. O grupo foi formado por Paulo Tapajós, na época, radialista e diretor musical da Rádio Nacional, sediada no Rio de Janeiro.
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O conjunto chegou a gravar músicas com artistas famosos dos anos 50, como Carmen Miranda, Dorival Caymmi e Ary Barroso, sendo este último o compositor da canção “Aquarela do Brasil”, uma das melodias mais conhecidas da história do país.
Garoto passou a viver os seus dias transitando entre estúdios de São Paulo e do Rio de Janeiro para realizar gravações até alcançar o tão sonhado sucesso como compositor em 1954. Neste ano, o artista venceu um concurso realizado pela Prefeitura de São Paulo, que buscava uma canção original para a comemoração dos 400 anos da cidade.
“São Paulo Quatrocentrão”, a música apresentada composta por Garoto em parceria com o Chiquinho do Acordeon, vendeu mais de 700 mil cópias após ter sido escolhida como a canção vencedora. Apesar disso, os artistas receberam somente o dinheiro referente às suas participações como instrumentistas na gravação, e não pelos direitos autorais que permitiriam que também pudessem receber pela quantidade de discos vendidos.
Garoto faleceu no auge da sua carreira, em 1955, um ano após ter vencido o concurso. A causa da sua morte foi um ataque cardíaco. Ele tinha 39 anos e se preparava para realizar um ciclo de apresentações em países da Europa.
O músico se tornou referência para outros violonistas de diversas décadas, indo de Tom Jobim, que compôs o choro “Garoto” em homenagem ao artista, em 1959, até nomes mais recentes, como Raphael Rabello. Estes artistas consideram Garoto como o primeiro violonista no Brasil a usar os acordes com intervalo de sétima maior, popularizados mundialmente anos depois com a ascensão da Bossa Nova.
Por esta razão, pode-se dizer que o gênero musical brasileiro mais conhecido deu os seus primeiros passos através das cordas, harmonias e melodias de Garoto, o moleque do banjo que não teve tempo suficiente para aproveitar o seu sucesso e ver a influência que trouxe para o Brasil e o mundo, mas que marcou o seu nome para sempre na música brasileira.