O cinema cubano é um dos mais singulares da América Latina, combinando inovação estética, crítica social e engajamento político. Desde os anos 1960, suas produções têm refletido as transformações vividas pelo país, explorando temas como a Revolução, a desigualdade, a identidade nacional e os dilemas da vida cotidiana. Com uma linguagem cinematográfica própria e muitas vezes experimental, esses filmes ajudam a compreender não apenas a história de Cuba, mas também os caminhos do cinema latino-americano como um todo.
A seleção abaixo reúne cinco longas-metragens fundamentais da filmografia cubana. São obras dirigidas por nomes centrais da cinematografia da ilha, como Tomás Gutiérrez Alea, Humberto Solás e Sara Gómez, e que atravessam diferentes épocas e estilos. Do drama político à sátira social, passando por retratos íntimos e histórias de transformação, esses filmes oferecem um olhar profundo e plural sobre o país e sua cultura.
Confira abaixo uma seleção para conhecer mais desse rico cinema!
1. Memórias do Subdesenvolvimento (1968), de Tomás Gutiérrez Alea
Sérgio é um burguês que decide permanecer em Cuba enquanto sua gente – amigos, pais e até sua própria mulher – abandonam a Revolução. Sérgio fica sozinho – vive de uma mesada que recebe por suas propriedades nacionalizadas – e passa o tempo escrevendo suas memórias, tentando encontrar um sentido para a vida. A Revolução se torna um desafio: ele tenta analisá-la, compreendê-la ou aplicar a ela seus valores burgueses. Quando a solidão está prestes a sufocá-lo, ele sai às ruas, descobrindo como a cidade de Havana está mudando, como seu mundo desmorona e, ao seu redor, surgem os valores, as atividades e até um novo vocabulário da Revolução.
2. Lucía (1968), de Humberto Solas
Por meio da história de três mulheres, são descritos três momentos-chave no desenvolvimento da nacionalidade cubana e de suas lutas de libertação: a Guerra de Independência (1895), as lutas contra o ditador Machado (1932) e os primeiros tempos da Revolução (anos 1960).
3. Morango e Chocolate (1993), de Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío
Um homossexual culto e marginalizado, que ama seu país e suas tradições, conhece um jovem estudante universitário, com inquietações literárias e militante da União dos Jovens Comunistas. Entre os dois se estabelece uma relação de amizade que derruba incompreensões, preconceitos e intolerâncias.
4. A Morte de um Burocrata (1966), de Tomás Gutiérrez Alea
Um operário morre em um acidente de trabalho e é enterrado com sua carteira de trabalho, imprescindível para que a viúva possa receber uma pensão. Para recuperá-la, a família se vê obrigada a realizar uma exumação clandestina. Os impedimentos da burocracia impossibilitam que o cadáver seja novamente enterrado. O absurdo da situação degenera em violência.
Leia também: 7 filmes que todos deveriam ver, segundo Agnès Varda
5. De Certa Maneira (1974), de Sara Gómez
Uma nova professora da comunidade enfrenta as diferenças e os conflitos surgidos em seu relacionamento amoroso com um operário do bairro Miraflores, resultado dos primeiros esforços da Revolução para erradicar os bairros marginais. Nela se manifesta o choque entre a antiga mentalidade e as novas atitudes.
Onde assistir?
Os filmes acima e outros 10 estão em exibição na mostra “Filmes Cubanos Restaurados”, que se encerra no dia 3 de agosto. Além das exibições dos filmes, a mostra, realizada na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, conta também com debates com especialistas da preservação audiovisual e uma masterclass imperdível sobre o legado de Tomás Gutiérrez Alea, um dos maiores cineastas do continente.
Mostra “Filmes Cubanos Restaurados”
Mostra “Filmes Cubanos Restaurados”
De 22 de julho a 03 de agosto de 2025
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Unidade Passeio
Endereço: Rua do Passeio, 38 – Centro, Rio de Janeiro/RJ
Entrada gratuita
Retirada de ingressos: 30 minutos antes das sessões
Informações: (21) 3083-2595
Classificação indicativa: 16 anos
Acessibilidade: sessões adaptadas com legenda descritiva