Há cerca de um mês, o Museu Afro Brasil demitiu o seu diretor artístico, Hélio Menezes. Em decorrência desse fato, mais de 800 artistas e intelectuais saíram em sua defesa, produzindo um manifesto.
O manifesto consistiu na elaboração de uma carta em que diversos nomes da cultura brasileira, como Ailton Krenak, Grada Kilomba, Conceição Evaristo e Camila Pitanga assinaram, demonstrando sua insatisfação com a decisão do Museu Afro Brasil.
Hélio Menezes foi responsável por diversos movimentos como a última Bienal de São Paulo e a mostra “Histórias Afro-Atlânticas”, realizada pelo MASP e pelo Instituto Tomie Ohtake há 7 anos.
Mesmo apresentando um trabalho de tamanha qualidade profissional, que produziu efeitos tão positivos na amplificação da cultura negra no cenário nacional, além de manterá um diálogo tão próximo com a comunidade artística, Hélio Menezes foi dispensado.
Além da dispensa, vale ressaltar que atualmente o conselho administrativo e a assembleia constituinte são formados em sua maioria por pessoas brancas e de relevância cultural e artística pouco expressiva.
Por que o diretor do Museu Afro Brasil foi demitido?
No ato do desligamento do diretor Hélio Menezes, o Museu Afro Brasil alegou que as causa da demissão estavam relacionadas a problemas financeiros, não sendo possível um acordo entre as partes.
Entretanto, Menezes afirma que o motivo da demissão foi, na verdade, consequência de um “pessoalismo” na tomada de decisões da diretoria do museu, que prioriza contatos pessoais a profissionalismo.
Depois da demissão, a artista multimídia Rosana Paulino e Wellinton Souza, duas pessoas negras e Conselheiras do Museu, renunciaram aos seus cargos. Segundo Menezes, eles também lutavam para que o museu fosse afro em “suas estruturas de poder e gestão”.
Menezes confirmou após a demissão que a chefia do Museu Afro Brasil era composto por pessoas que tinham “perfis alheios à diversidade e ao protagonismo negro” e “sem envolvimento com o mundo das artes plásticas e visuais”.