Após aprender a ler e escrever aos 85, estudante ingressa na faculdade aos 91 anos

Com perseverança e força de vontade, demonstra-se, mais uma vez, que sonho não tem idade e nem limite. É assim que Iolanda Ribeiro Conti ensina aos novos colegas de turma.

Após aprender a ler e escrever aos 85 anos, ela não quis mais parar de estudar. Em 2024, concluiu o ensino médio na Educação de Jovens e Adultos (EJA), em Guarulhos (SP), aos 91 anos. Com a repercussão do vídeo da formatura, ganhou uma bolsa integral na Universidade Guarulhos (UnG) para cursar nutrição a partir deste ano.

“Ela tinha essa tristeza, essa amargura. Muitas vezes, nós saímos com ela, ela queria comprar alguma coisa, ela tinha que colocar o dedão. Ela começou a aprender a escrever o nome dela, ela ficou muito feliz. Porque é uma realização”, contou a filha Lucia Ribeiro Conti.

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Iolanda, natural de Piranguçu (MG), começou a trabalhar na roça muito nova com os pais, além de cuidar dos irmãos. Aos 11 anos, veio para São Paulo com a família, mas nunca conseguiu ir à escola. Depois ela se casou e criou quatro filhos, por isso não teve tempo para se dedicar aos livros. Ao longo dos anos, trabalhou em padaria, lavanderia e com faxina.

“Gosto de ler, gosto de fazer conta, gosto de contar dinheiro. Primeiro, gente do céu, eu ia na feira não sabia o preço das coisas. Nada, nada, nada, entendeu? Depois que eu entrei na escola que eu aprendi”, disse Iolanda.

A primeira professora, Sônia Rogéria, relatou que normalmente os alunos mais idosos chegam com um objetivo bem mais curto: “querem aprender para ler a Bíblia, querem aprender para estudar com filhos, netos. Dona Iolanda não. Aos poucos, durante as aulas, ela abriu o sonho: eu quero ser nutricionista.”

Embora os desafios apareçam, ela se mantém confiante: “Quando eu peguei o lápis, ficou pesado na minha mão. E aí eu falei para ela: ‘Não aguento segurar o lápis’. Ela falou: ‘Não, Dona Iolanda. Quando a mão está pesada, a gente trabalha muito, a mão fica diferente.’” E ainda complementou: “Não sabia nem assinar meu nome quando entrei na escola. A professora pegava na minha mão até eu aprender. Hoje, escrevo com caneta em qualquer lugar, e gosto muito de ler. É uma benção de Deus”, afirmou a caloura.

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