Estudante que alcançou a nota mil na prova de redação do Enem 2024 citou Ailton Krenak

Sabrina Ayumi Alves Shimizu, de 18 anos, de Araçatuba, São Paulo, foi a única estudante do estado a alcançar a nota máxima na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024. Ela se formou no terceiro ano do ensino médio, na Escola Thathi, no ano passado.

Leia também: Os 14 melhores trechos de ‘Ideias para adiar o fim do mundo’, de Ailton Krenak

A jovem, que também prestou vestibular na Fuvest e Unicamp, aproveitou as leituras obrigatórias das outras universidades para desenvolver seu texto com referências literárias e filosóficas. Ela citou Ailton Krenak, Marilena Chauí e o livro “Nós Matamos o Cão Tinhoso“, do escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana.

Caloura no curso de Engenharia, da Universidade de São Paulo (USP), Sabrina conseguiu a vaga que almejava.

Confira trechos da redação:

O livro “Nós matamos o cão tinhoso” de Luís Bernardo Honwana retrata a sociedade moçambicana durante a colonização portuguesa. Na obra literária, observa-se uma dinâmica social pautada pela inferiorização dos indivíduos negros, na qual o racismo está enraizado nas interações entre as pessoas, na qualidade de vida e na autoimagem de cada ser. Assim, ao inserir a imagem criada pelo livro no contexto brasileiro de ínfima valorização da herança africana, infere-se que o passado colonial persiste nas estruturas do Brasil, se manifestando a partir do apagamento sistemático da cultura afro-brasileira. Em razão disso, deve-se discutir o papel do Estado no setor escolar e cultural diante desse contexto de silenciamento.

Em um primeiro momento, é necessário entender a relação entre a dinâmica social brasileira e a desvalorização da herança africana. Para fundamentar essa ideia, o filósofo Ailton Krenak afirma que, no Brasil, existem dois grupos — a humanidade, formada pela elite econômica, e a subumanidade, a qual tem seus direitos negados e é constituída principalmente pelas populações marginalizadas socialmente, como os povos originários e os negros. Por conseguinte, entende-se que o apagamento da cultura africana é uma extensão do panorama da desigualdade social brasileira, já que essa desvalorização sistemática silencia as vozes de populações que são violentadas e oprimidas há séculos […]

Sob outra ótica, a compreensão acerca da importância da ancestralidade na formação da autoimagem e da noção de pertencimento de cada indivíduo é imperativa. Para isso, a filósofa brasileira Marilena Chaui defende a ideia de que, enquanto os animais são seres naturais, os humanos são culturais – ou seja, a cultura em que cada pessoa está inserida compõe a essência desse ser. […]

Confira a redação completa AQUI!

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