Para quem conhece Drácula e Nosferatu, as obras apresentam muitas semelhanças, mas também muitas diferenças. Em 2025, Nosferatu ganhou uma nova versão do diretor estadunidense, Robert Eggers. Entretanto, o filme original foi lançado em 1922 pelo diretor alemão F. W. Murnau para ser uma adaptação direta de Drácula, livro publicado por Bram Stoker 1897.
Mas sem consultar os herdeiros de Stoker para resolver as questões de direito autoral, o cineasta promoveu várias mudanças na história e nos elementos da narrativa. Veja a seguir 5 principais semelhanças e 5 principais diferenças entre Drácula e Nosferatu.
Veja também: “Nosferatu” (2025) busca novas perspectivas para clássico centenário
5 semelhanças entre Drácula e Nosferatu
Tanto Drácula quanto Nosferatu apresentam a figura do vampiro como símbolo dos temores sociais relacionados a moralidade, sexualidade, papel das mulheres, entre outros. Veja as principais semelhanças entre as obras.
Os vampiros simbolizam preconceitos da sociedade da época
Em ambas as obras, o vampiro é uma figura estrangeira que traz consigo doenças e morte. Não por coincidência, esse era um dos grandes temores do período entre o fim do século XIX e início do século XX: pandemias e ameaças externas. No contexto europeu, essas narrativas dialogam com o medo do “outro” e de episódios de força maior que pudessem provocar a decadência da sociedade.
Os protagonistas têm profissões e objetivos semelhantes
Os dois protagonistas em suas respectivas obras, Jonathan Harker em Drácula e Thomas Hutter em Nosferatu, exercem profissões relacionadas ao setor imobiliário. Harker, na obra de Bram Stoker, é um jovem advogado que viaja para a Transilvânia para auxiliar o Conde Drácula na compra de propriedades em Londres. Em Nosferatu, Thomas Hutter, é um agente imobiliário enviado à remota região da Europa Oriental para tratar da compra de uma propriedade para o Conde Orlok em uma cidade alemã.
As melhores amigas dos protagonistas têm destinos trágicos
O vampiro, nas duas obras, não é apenas uma ameaça para as protagonistas mulheres, e sim para todos ao seu redor. Em Drácula, uma das primeiras vítimas do Conde é Lucy, amiga muito próxima da personagem principal, Mina. Ele a ataca e a transforma em um dos mortos-vivos. O destino da melhor amiga da protagonista, Anna, em Nosferatu é ainda pior. Orlok mata ela e seus dois filhos para mostrar como pode fazer pior se Ellen não se curvar aos seus desejos.
O vampirismo é relacionado a distúrbios psicológicos
Tanto Lucy Westenra em Drácula quanto Ellen Hutter em Nosferatu apresentam sintomas de distúrbios psicológicos, especialmente em episódios de sonambulismo, como manifestações da crescente influência dos vampiros. Esses quadros simbolizam a perda crescente de controle sobre o corpo e a mente das vítimas que caem sob o poder sobrenatural e psicológico das criaturas.
Os antagonistas dos vampiros são professores
A presença de figuras acadêmicas em Drácula e Nosferatu, representadas pelo Professor Van Helsing e pelo Professor Von Franz parece ser usada para estabelecer um contraste entre o sobrenatural e a razão. Essas personagens se inserem na trama como pilares de sabedoria e autoridade intelectual que desafiam a ameaça dos vampiros por meio do conhecimento, da análise lógica e da experiência científica.
5 diferenças entre Drácula e Nosferatu
De modo geral, a principal diferença entre Drácula e Nosferatu está na representação do vampirismo. Drácula romantiza a imortalidade, apresentando o Conde como uma figura sedutora e aristocrática que envolve suas vítimas em uma trama de desejo e mistério. Já Nosferatu expõe o vampirismo em toda sua essência horrenda, retratando o Conde Orlok como uma criatura monstruosa e grotesca.
Veja a seguir os elementos que mais diferem nas obras.
Drácula é humano e Orlok é uma figura bestial
Sobre a aparência dos vampiros: o Conde Drácula é descrito como um aristocrata sofisticado e polido, com uma aparência peculiar, mas humana. Tem, inclusive, um ar nobre que mascara sua verdadeira natureza predatória. Já o Conde Orlok, em Nosferatu, é apresentado como uma figura grotesca e animalesca com aparência monstruosa composta por orelhas pontudas e dentes de rato.
Os vampiros têm comportamentos muito diferentes
Inicialmente, o Conde Drácula é cordial e encantador, assim, oculta suas intenções com sua nobreza e cortesia e manipula suas vítimas antes de revelar sua verdadeira essência. Em contraste, Orlok é socialmente desajeitado e guiado por instintos animalescos. Quando confrontado com sangue, ele não consegue conter seus impulsos predatórios e expressa sua natureza ameaçadora desde o início.
Drácula e Orlok não têm os mesmos poderes
Drácula possui vários poderes sobrenaturais como força extraordinária, controle do clima e animais, capacidade de mudar de forma e desaparecer, além de controle telepático e não projetar seu próprio reflexo. Por outro lado, Orlok é uma figura mais limitada. Suas habilidades são mais físicas do que mágicas: atravessa objetos, transporta-se com ratos, mas não rejuvenesce ao consumir sangue e nem transforma suas vítimas em vampiros.
Só um deles morre pela luz do sol
As fraquezas do Conde Drácula são clássicas: aversão a alho, crucifixos e objetos sagrados. Ele não pode entrar em lugares sem convite e precisa do solo de sua terra natal para se fortalecer. A luz do sol enfraquece seus poderes, mas não o destrói. Orlok também se fortalece com sua terra natal, mas não parece ser repelido por símbolos religiosos ou alho. A luz do sol, contudo, é capaz de matá-lo.
Drácula acontece em uma grande metrópole e Nosferatu corre em uma pequena aldeia
Em Drácula, o conde tenta se estabelecer em Londres, movendo-se para a cidade com o intuito de se alimentar da população local e expandir seu poder. Já Nosferatu se concentra em uma pequena aldeia europeia onde o vampiro Orlok causa uma série de desastres, principalmente por meio da praga da peste, que é trazida por seus ratos.
Mais semelhanças e mais diferenças
É possível que em novas versões do futuro, Drácula e Nosferatu ganhem ainda mais semelhanças ou diferenças. Isso acontece, pois grandes obras tendem a passar por releituras e adaptações de acordo com novos contextos culturais e valores sociais. Essa é a característica de criações atemporais.
Revisado por Dáleth Costa