Instante lança romance de Dinah Silveira de Queiroz sobre o curioso episódio que marcou a formação do Rio de Janeiro
Publicado originalmente em 1965, para celebrar os quatrocentos anos da fundação da cidade do Rio de Janeiro, Os invasores aborda um dos momentos mais tensos da história da então São Sebastião do Rio de Janeiro: a invasão francesa chefiada pelo corsário Jean-François Duclerc, em 1710.
Aos primeiros sinais de que os invasores se aproximavam, um grupo de mulheres de origens e perfis diversos se reúne no trapiche da cidade, um grande armazém à beira-mar, e ali precisa atuar com perspicácia para se proteger da violenta empreitada estrangeira, além de lidar com os líderes dos corsários. Entre elas estão Daniela, menina ingênua que morava em um convento e, na iminência do ataque à cidade, volta aos cuidados da mãe, a viúva Beleguina; a bela dona Inês, cunhada do governador e alvo de maledicências, e a jovem e altiva Luisita, descendente de franceses que fala o idioma dos invasores e se torna intérprete do grupo, o que a coloca em posição dúbia — teria ela se tornado uma aliada dos corsários?
Dinah Silveira de Queiroz posiciona essas figuras femininas na linha de frente da narrativa, e é por meio do olhar e das ações dessas mulheres que a trama se desenvolve, assim como no romance histórico A muralha (1954), também publicado pela Instante (2020). Se naquela obra Queiroz recuou para o alvorecer de São Paulo e a epopeia bandeirante, em Os invasores nos conduz ao curioso episódio da história do Rio de Janeiro no qual os habitantes precisaram recorrer a expedientes inventivos e ligeiramente maliciosos para combater os franceses.
Ainda que haja momentos de dramaticidade e lirismo, Os invasores se caracteriza sobretudo pela originalidade do tom cômico e jocoso, que o aproxima da tradição do romance picaresco, e pela maneira como somos transportados para um Rio setecentista que nos surge vivo, em mais uma primorosa reconstituição histórica da escritora.
Ana Cristina Steffen, doutora em Literatura e pesquisadora da obra de Dinah Silveira de Queiroz, escreve no posfácio: “[…] chama a atenção o fato de que o romance, surgindo nas páginas de O Cruzeiro nem um ano depois do golpe de 1964, exalte a participação ativa e decisiva de estudantes perante um opressor violento, em um momento da história brasileira em que o movimento estudantil sofria especialmente com a repressão. Assim, ao modificar o papel desempenhado pelos estudantes na invasão liderada por Duclerc, mais do que exprimir o exercício de liberdade de criação ficcional de Queiroz, o romance assinala a possibilidade de diálogo com o momento presente no qual ele era produzido. E hoje, sessenta anos após a publicação de Os invasores, seu caráter provocativo, cômico e questionador segue mantendo viva sua atualidade”.
Sobre a autora:
Dinah Silveira de Queiroz nasceu em 1911, na cidade de São Paulo, em uma família profundamente dedicada às letras. Seu primeiro livro, Floradas na Serra, lançado em 1939, tornou-se de imediato um best-seller — a primeira edição esgotou-se em pouco mais de um mês. A obra de Dinah abrange romances, crônicas, contos, artigos e dramaturgia — e a ficção científica nacional teve na autora uma pioneira, uma vez que foi das primeiras escritoras a publicar dois livros de contos nesse gênero: Eles herdarão a terra (1960) e Comba Malina (1969). A Instante tem em seu catálogo os seguintes livros de Dinah: A muralha (2020), Floradas na Serra (2021), Margarida La Rocque (2022), Dinah fantástica: Contos de ficção científica reunidos (2022) e Verão dos infiéis (2023). Faleceu em 1982, aos 71 anos.
Título: Os invasores
Autora: Dinah Silveira de Queiroz
Posfácio: Ana Cristina Steffen
Número de páginas: 208 pp.
Tamanho: 13,5 × 20,5 cm
ISBN: 978-65-87342-67-2
Preço: R$ 74,90
Editora: Instante
Compre o livro aqui!