“Bendegó” estreia no Sesc Tijuca: montagem da Definitiva Cia. de Teatro lança um olhar sobre a história recente buscando possíveis explicações para o fim do mundo
“Bendegó” é o oitavo espetáculo da Definitiva Cia. de Teatro, que estreia dia 7 de novembro no Sesc Tijuca, e segue em temporada até 1º de dezembro, com sessões de quinta a sábado às 19h; e domingos às 18h. Realizado através do Edital Sesc RJ Pulsar 2023/24, com texto de Livs e direção de Jefferson Almeida, a montagem propõe uma reflexão sobre a sociedade brasileira contemporânea e suas transformações, dando continuidade ao trabalho desenvolvido no espetáculo O som e a fúria – Um estudo sobre o trágico (2020), criado no contexto da iminência de uma catástrofe global. Após a pandemia, que intensificou o debate sobre um fim do mundo e a relação humana com a natureza, Bendegó aprofunda essa investigação, usando a crise sanitária como ponto de ruptura, um cataclismo a partir do qual toda uma visão de mundo se desloca de maneira radical.
A pesquisa, iniciada em 2020, se debruçou, inicialmente, sobre o conceito de “casa”, e o desdobrou para além do espaço físico para abordar aspectos como território, identidade, língua/linguagem e corpo – aspectos em constante disputa. Em cena, são retratados os mecanismos de invasão e apagamento daquilo que se constitui como identidade de um povo, refletindo sobre a violência e a colonização que marcam esses processos.
O meteorito Bendegó, o maior encontrado no Brasil, é o símbolo central do espetáculo. Resgatado na Bahia e transportado para o Museu Nacional, onde sobreviveu ao incêndio de 2018, Bendegó se torna um emblema de resistência. Ele carrega em si mais do que a história brasileira, a memória da formação do universo. Na peça, o meteorito serve como ponto de partida para revisitar episódios da história nacional e questionar os incêndios — literais e simbólicos — que moldam o futuro da humanidade. “Tenho dito, no nosso processo, que Bendegó compõe, junto com O som e a fúria, uma espécie de dueto sobre a queda do céu”, afirma Almeida. E continua:
“Se lá essa ideia, trazida a nós pelos Yanomami, a partir do livro-depoimento-denúncia do Davi Kopenawa e Bruce Albert, nos fazia, iluminados por Ailton Krenak, buscar ideias para adiar o fim do mundo, através de apresentação de uma sucessão de retratos dolorosos, agora, esmagados pelo céu, a tentativa é de que esse ‘novo mundo’ entenda o que fez o outro findar. E não repita a fórmula.”
A narrativa revela um grande “museu vertical”, onde camadas de história, pessoas e memórias são expostas diante do único sobrevivente de uma tragédia global. Na sequência das cenas, Bendegó trata de temas como identidade, historiografia e oralidade, retomando afetivamente a estética do teatro épico de Bertolt Brecht.
A trilha sonora autoral é composta, dirigida e executada por Renato Frazão, que cria um diálogo entre o instrumento tocado ao vivo e samplers, bases pré-gravadas e as vozes dos atores, responsáveis por, em coro ou individualmente, interpretar as canções. Essa integração entre o fato cênico e o fato musical é o princípio estético que orienta a criação das cenas, em sala de ensaio, na pesquisa que a Definitiva desenvolve, desde 2008, e que, hoje, chama de cena-música – conceito que vem sendo estudado e cada vez mais desenvolvido pela companhia. A mistura entre as duas formas de expressão cria uma experiência cênica única, onde a música e a atuação e construção cênica coexistem de maneira indissociável. O elenco é formado por Jefferson Almeida (ou Daniel Chagas), João Vítor Novaes, Livs, Marcelo de Paula, Paula Sholl, Renato Frazão e Tamires Nascimento.
Do que fala Bendegó?
O meteorito Bendegó, o maior já encontrado no Brasil, é o símbolo central do espetáculo homônimo da Definitiva Cia. de Teatro. Resgatado da Bahia e preservado no Museu Nacional, onde sobreviveu ao incêndio de 2018, Bendegó se transforma em um emblema de resistência e memória. A partir de sua história, o espetáculo explora os incêndios — literais e simbólicos — que moldam o passado e o futuro da humanidade. Em um “museu vertical” de camadas de história e identidade, a peça reflete sobre a violência, colonização e transformação que marcam a trajetória do Brasil e do mundo.
Quem é a Definitiva Cia. de Teatro?
A Definitiva Cia. de Teatro é um coletivo originado na universidade pública, atuante desde 2008 no Rio de Janeiro, dedicado à produção artística e à pesquisa de linguagem. A companhia se dedica a duas linhas de pesquisa: estudos em “Cena-Música” – investigação em curso desde a fundação da companhia, tendo resultado nos espetáculos Calabar, o elogio da traição (2008), Deus e o diabo na terra do sol (2011), A hora da estrela (2017), Calabar em concerto (2018), e O som e a fúria – um estudo sobre o trágico (2020), este último indicado ao 15º Prêmio APTR de Teatro ; e “Exercícios de Atuação”, em investigação desde 2021, resultando nas estreias no ano de 2023 dos espetáculos “Princípio da Incerteza” “O Susto”.
Jefferson Almeida – direção
É bacharel em Teoria do Teatro e Mestre em Artes Cênicas pela Unirio, diretor e ator de teatro. Atuou, dirigiu e produziu mais de 30 espetáculos. A Lista de Ailce que lhe rendeu prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, no III Festival Nacional de Teatro Universitário de Patos de Minas (MG) e Furdunço do Fiofó do Judas, indicado em três categorias do Prêmio de Humor. Ocupa a direção artística da Definitiva Cia. de Teatro desde a sua fundação, em 2008. Suas direções mais recentes, fora da Definitiva, são: Furdunço do Fiofó do Judas (2019 – indicado ao Prêmio de Humor 2020), No escuro ou O que faz uma mariposa sem uma lâmpada (2019), o infantil Monolena (2022) e O homem que esqueceu a própria música (2023). Pela segunda montagem da Definitiva Cia. de Teatro, recebeu os seguintes prêmios: Revelação – Ator e diretor, na IX Festa Internacional de Teatro de Angra (FITA); Melhor Ator Coadjuvante, no VIII Festival Nacional de Teatro de Limeira; e, Melhor Ator Coadjuvante, no 40º Festival Nacional de Teatro de Ponta Grossa (FENATA), onde o espetáculo foi premiado, ainda, na categoria Melhor Espetáculo.
Livs – Dramaturgia
É Bacharel em Direção Teatral na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, atriz, dramaturga e iluminadora. Integra o Coletivo Errante e a Definitiva Cia. de Teatro. Alguns trabalhos como dramaturga: BALEIA (2016 – Sesc Tijuca) e B I R D (2016 – Teatro da Uff, entre outros), encenadas pelo Coletivo Errante; ILHA DE SAL (2019 – Caixa Cultural, entre outros), encenada pela Uma Certa Companhia e “Ex. de atuação nº 2 – O SUSTO (2013 – Sesc Tijuca), encenado pela Definitiva Cia. de Teatro. Como roteirista: INVASORES (2022), uma produção do Museu da Vida – Fiocruz, direção de Letícia Guimarães, que recebeu sete indicações no Rio WebFest 2022. Como atriz RINOCERONTES (2014), dir. de Luiza Rangel; PODEROSA VIDA NÃO ORGÂNICA QUE ESCAPA (2016), de Diogo Liberano, dir. de Thaís Barros; A HORA DA ESTRELA (2017), direção de Jefferson Almeida, O SOM E A FÚRIA (2020), de Rosyane Trotta, dir. de Jefferson Almeida.
Serviço
BENDEGÓ
Quando: 07 de novembro e 01 de dezembro de 2024
Dia/Hora: quinta a sábado às 19h; domingo às 18h
*todas as sextas-feiras haverá intérprete de LIBRAS
Local: Teatro II do Sesc Tijuca
Ingressos:
R$ 7,5 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira), Gratuito (PCG)
Endereço: Rua Barão de Mesquita, 539, Rio de Janeiro – RJ
Informações:
Bilheteria – Horário de funcionamento:
Terça a sexta – de 7h às 19h30;
Sábados – de 9h às 19h
Domingos – de 9h às 18h.
Classificação: 14 anos
Duração: 80 minutos
Lotação: 44 lugares
Gênero: Épico.
Ficha Técnica
Um espetáculo da Definitiva Cia. de Teatro
Dramaturgia: Livs
Direção: Jefferson Almeida
Assistência de direção: Luiz Filipe Carvalho
Direção musical e composições: Renato Frazão
Direção de movimento: Sueli Guerra
Elenco: Jefferson Almeida, João Vitor Novaes, Livs, Marcelo de Paula,
Paula Sholl, Renato Frazão,Tamires Nascimento, Stand-in e Artista colaborador: Dani Chagas
Artista colaborador: Guedes Betho
Preparação corporal: Cátia Costa
Preparação musical: Deborah Cecília
Cenografia: Taisa Magalhães
Assistente de cenografia: Carolina Lima
Figurino: Arlete Rua e Thais Boulanger
Figurinista assistente: Verônica Fernandes
Visagismo: Paula Sholl
Iluminação e operação de luz: Luiz Paulo Barreto
Técnico de som: Gabriel Salsi
Operador de som: Thiago Miyamoto
Programação Visual: Davi Palmeira – A4_
Assessoria de imprensa: Lyvia Rodrigues – Aquela Que Divulga
Fotos: Aloysio Araripe
Vídeo: Coité Produção Audiovisual
Produção executiva: Bruno Paiva
Assistente de produção: Juliana Cruz
Direção de produção: Tamires Nascimento – Tem Dendê Produções
Coordenação geral: Jefferson Almeida e Tamires Nascimento
Realização: Tem Dendê Produções