11 ministros do governo Lula indicam seus livros favoritos e suas leituras recentes

Diversos ministros do primeiro escalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram procurados pelo G1, no mês de março de 2024, em razão do Dia Mundial do Livro, comemorado em 23 de abril, para descobrir quais eram seus livros favoritos. Camilo Santana, Marina Silva, Sônia Guajajara, Simone Tebet, Ricardo Lewandowski e Anielle Franco informaram seus títulos preferidos. Os outros ministros não responderam ou não tinham, mas citaram suas leituras no momento.

Além de indicações e alguns comentários feitos pelos ministros, também são apresentadas breves sinopses dos livros. Confira:

Camilo Santana (Educação)

Livro preferido: “Ensaio Sobre a Cegueira”, de José Saramago
Sinopse: o romance narra o avanço de uma epidemia de cegueira em uma cidade não especificada. Na tentativa de conter a situação, as autoridades colocam as pessoas afetadas em um sanatório, onde ficam praticamente abandonadas. No local, destacam-se uma mulher imune ao contágio que leva à deficiência visual e um homem que já era cego antes da epidemia. Em “Ensaio Sobre a Cegueira” (1995), Saramago provoca uma reflexão sobre a conduta humana em uma situação extrema, de confinamento em condições precárias, em que afloram diferentes instintos,

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Leia também: O dia em que José Saramago teve a ideia do livro Ensaio Sobre a Cegueira

Marina Silva (Meio Ambiente)

Livro favorito: “A Condição Humana”, da Hannah Arendt.
Leitura: “O Decrescimento: Entropia, Ecologia e Economia”, de Nicholas Georgescu-Roegen.
Sinopses: em “A Condição Humana”, a filósofa alemã Hannah Arendt Arendt principia sua investigação com o exame da relação entre a condição humana e a vita activa, definida em contraposição à vita contemplativa, mas visa antes de tudo a transcender a caracterização tradicional das atividades e da relação entre elas com vistas a uma indagação sobre o significado das próprias atividades e das transformações em seu caráter na era moderna. No livro “O Decrescimento: Entropia, Ecologia e Economia”, o economista romeno aplica conceitos da física, como o da termodinâmica, da matemática e da economia às relações da sociedade com o meio ambiente. Considerado o fundador da bioeconomia, o autor lança preocupações sobre o crescimento econômico baseado no desgaste de recursos naturais, como combustíveis fósseis altamente poluentes. E estimula o debate sobre o desenvolvimento sustentável.

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Sônia Guajajara (Povos Indígenas)

Livro preferido: “Ninguém Mais Vai Ser Bonzinho na Sociedade Inclusiva” de Cláudia Werneck
Sinopse: a autora defende a democratização dos debates sobre inclusão nos diferentes ambientes da sociedade. Como a família a escola a mídia e a literatura podem colaborar na implementação da sociedade inclusiva no Brasil? Nesta sociedade não há lugar para atitudes como ‘abrir espaço para o deficiente’ ou ‘aceitá-lo’ num gesto de solidariedade e depois bater no peito ou ir dormir com a sensação de ter sido muito bonzinho. Na sociedade inclusiva ninguém é bonzinho. Somos apenas – e isto é o suficiente – cidadãos responsáveis pela qualidade de vida do nosso semelhante por mais diferente que ele seja ou nos pareça ser.

“Em uma sociedade inclusiva, não basta você incluir, é necessário aceitar os diferentes, respeitar as diferenças e ter um lugar para todos”, declarou a ministra Sônia Guajajara.

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Simone Tebet (Planejamento e Orçamento)

Livros favoritos: coletânea da obra de Manoel de Barros.
Sinopse: A obra completa de Manoel de Barros: um grande presente para os leitores. Reconhecendo o valor e a importância de um dos mais destacados poetas brasileiros, Manoel de Barros, a LeYa publicou essa joia para os apreciadores dos versos simples e carregados de sentido, que contam a natureza e a infância de forma singular. O poeta mato-grossense notabilizou-se por abordar com simplicidade questões profundas do ser humano e também se destacou pela habilidade com as palavras e a capacidade de criar neologismos. Entre seus principais livros, estão “Poemas Concebidos Sem Pecado”, “Compêndio para Uso dos Pássaros” e “Memórias Inventadas”.

“É o poeta que vê que a essência da vida está nas pequenas coisas. O belo é simples”, disse Simone Tebet.

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Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública)

Livro favorito: “Moral and Political Essays” (Ensaios sobre Moral e Política) – Sêneca
Livro que estava lendo: “The Coming Wave” (A Próxima Onda) – Mustafa Suleyman
Sinopses: o livro “Moral and Political Essays” (Ensaios sobre Moral e Política) reúne trabalhos do filósofo do império romano Lúcio Sêneca sobre ira, clemência e vida privada. Nos ensaios, o filósofo estoico trata da relação humana com a natureza, e sobre a forma com que o homem deve lidar com situações que não estão sob seu controle. Para o autor, os homens têm consciência do bem e do mal e a forma como agem depende de suas vontades. Em “The Coming Wave” (A Próxima Onda), o autor faz considerações sobre a tecnologia no século 21, principalmente em relação ao desenvolvimento da inteligência artificial, que, cada vez mais, permeará diversos aspectos da vida em sociedade.

Anielle Franco (Igualdade Racial)

Livro favorito: “Irmã Outsider”, de Audre Lorde.
Livro que estava lendo: “Políticas da Inimizade”, de Achille Mbembe.
Sinopses: publicado em 1984, o livro “Irmã Outsider” reúne ensaios da professora, ativista e escritora estadunidense Audre Lorde sobre as lutas feminista, antirracista e da comunidade LGBTQIA+. Mulher, negra e homossexual, a autora faz críticas a diferentes formas de opressão, lançando um olhar “estrangeiro” sobre as questões abordadas, uma vez que ela se coloca fora do que chama de “norma mítica”, composta por pessoas brancas e heterossexuais. Já o livro “Políticas da Inimizade”, escrito pelo filósofo e historiador camaronês Achille Mbembe, foi publicado em 2017. A obra aponta a violência dos regimes coloniais escravagistas como geradora de inimizades no mundo contemporâneo, discutindo a ressurgência dessa violência em recentes movimentos nacionalistas ao redor do mundo.

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Outros ministros informaram suas leituras no momento:

Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços)

Livro favorito: diz não ter um livro preferido.
Leitura: “Brasil: uma Biografia”, de Lilia Schwarcz e Heloisa Starling.
Sinopse: a obra narra a formação social do Brasil, desde a chegada dos portugueses, passando pelo massacre dos povos indígenas e pela escravidão, até fatos mais recentes da política do país. Nessa travessia de mais de quinhentos anos, as autoras se debruçam não somente sobre a “grande história” mas também sobre o cotidiano, a expressão artística e a cultura, as minorias, os ciclos econômicos e os conflitos sociais (muitas vezes subvertendo as datas e os eventos consagrados pela tradição). No fundo da cena, mantêm ainda diálogo constante com aqueles autores que, antes delas, se lançaram na difícil empreitada de tentar interpretar ou, pelo menos, entender o Brasil.

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“Um trabalho que consegue o feito de levar a história brasileira em suas dimensões políticas, sociais e econômicas para um público amplo, interessado em conhecer as raízes de nosso país, por meio de uma linguagem fluida, mas com rigor típico das grandes pesquisas acadêmicas”, afirmou o ministro e vice-presidente da República.

Cida Gonçalves (Mulheres)

Livro favorito: não informou.
Leitura: “Misoginia na Internet: Uma Década de Disputas por Direitos” de Mariana Valente.
Sinopse: resultado de mais de dez anos de pesquisa sobre direito, gênero e tecnologia, o livro propõe reflexões sobre a violência de gênero nas redes sociais. A autora lança luz sobre as disputas sociais e as legislações estabelecidas para coibir comportamentos violentos e sexistas na internet. Criadas ao longo de dez anos ― da Lei Carolina Dieckmann à Lei de Violência Política, passando pelo Marco Civil da Internet ―, no entanto, essas regras são apenas o fio condutor de um estudo que se ramifica para a sociologia, política, ética e filosofia. Além disso, explora conceitos complexos e mostra quão nefastas podem ser as consequências do ódio às mulheres, discutindo quais as mudanças culturais necessárias para enfrentar a misoginia on-line e off-line.

“[Me interessa] entender cada vez mais como nós, agentes de transformação, podemos ajudar a construir políticas públicas e uma legislação que ofereça proteção às mulheres em qualquer ambiente, seja online ou off-line”, ressaltou a ministra Cida Gonçalves.

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Margareth Menezes (Cultura)

Livro favorito: não informou
Leitura: “Torto Arado” (2019), de Itamar Vieira Junior
Sinopse: o romance narra a história de duas irmãs que vivem no sertão baiano. Descendentes de escravos, Bibiana e Belonísia encaram, mesmo após a abolição da escravidão, uma vida de trabalho duro no campo em busca de sobrevivência. Permeada por tradições religiosas afro-brasileiras, a obra retrata o processo de conscientização de uma das protagonistas, que passa a lutar pela emancipação dos trabalhadores rurais e pelo direito à terra.

“Acho que a literatura brasileira tem se mostrado interessante, porque estamos começando a contemplar novos talentos e novas visões de vida. Uma literatura cada vez mais inclusiva”, destacou Margareth Menezes.

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Leia também: As 14 melhores frases de Torto Arado, de Itamar Vieira Junior

Fernando Haddad (Fazenda)

Livro favorito: diz não ter livro preferido.
Leitura: “O Problema da Escravidão na Cultura Ocidental”, de David Brion Davis.
Sinopse: publicada pela primeira vez em 1967, o historiador norte-americano analisa os aspectos sociais e políticos da escravização de negros no mundo ocidental. E busca identificar em que momento histórico, e em quais circunstâncias, a escravidão passou a ser considerada pela sociedade como algo incompatível com valores civilizados. Obra referência para todos os historiadores desde de sua primeira publicação em 1967 – ano em que ganhou o Prêmio Pulitzer. O autor busca as origens deste sistema e analisa por completo seus aspectos sociais e políticos, fazendo, ao mesmo tempo, um histórico do colonialismo. O Problema Da Escravidão Na Cultura Ocidental abriu novas direções para a pesquisa histórica e social sobre a escravidão. Nele, o autor argumenta que a escravidão sempre foi uma fonte de tensão social e psicológica, mas que, na cultura ocidental, esteve associada a certas religiões e doutrinas filosóficas que acabavam por sancioná-la.

André Fufuca (Esporte)

Livro preferido: não informou
Leitura: “Napoleão: Uma vida”, de Vincent Cronin
Sinopse: o livro narra a história de Napoleão Bonaparte, com destaque para questões particulares e detalhes pessoais da vida do imperador francês. Isso sem deixar de lado os feitos históricos do homem que liderou as tropas francesas por quase uma década, com um projeto de dominação da Europa.

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