“O dia em que apagaram a luz”: Camila Fabbri une ficção, realidade e juventude

Inédita no Brasil, Camila Fabbri une ficção, realidade, juventude e música no livro O dia em que apagaram a luz

Numa noite quente de dezembro do ano de 2004, uma tragédia parou a Argentina, transformou sua juventude e reconfigurou o modo de ser de toda uma geração: o incêndio na casa de shows República Cromañón que vitimou 194 pessoas, ferindo outras 1432.

Uma tragédia desse porte era anunciada há tempos: então, as casas de shows no país eram exíguas e precárias para a demanda de fãs do chamado rock chabón, que exigia farta pirotecnia e ambiência digna de estádios de futebol em suas performances. Nesse estilo, o grupo Callejeros era dos mais renomados e (super)lotaria a República Cromañón nos dias 28, 29 e 30 daquele dezembro.

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“Escrever é fazer escolhas. E Fabbri está ciente das decisões que toma para construir uma história ambígua em sua forma, que não assume a forma de uma investigação jornalística rigorosa do caso, nem se baseia na busca de uma ordenação programática do evento para analisar suas causas e consequências.”

Instantes após o início do seu último show, ainda na primeira música, um foguete atingiu o teto, produzindo uma fumaça escura que se alastraria num átimo por toda Cromañón. A escritora argentina Camila Fabbri esteve no show do dia 29, o último antes da tragédia. Neste romance de não-ficção, ela se debruça sobre essa cicatriz geracional. Utilizando de recursos próprios do jornalismo, Fabbri tece uma ficção-pura-verdade, a partir de entrevistas com amigos, amigas, pais, mães e quem quer que possa ajudar a redescobrir a lembrança daquela noite de pavor. É a literatura tentando recolher todo fragmento de horror, alívio ou desespero.

O dia em que apagaram a luz é uma carta aberta a uma geração que antecipadamente teve de lidar com as chagas do luto. Um romance polifônico, que olha o passado através dos olhos dos sobreviventes.

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Sobre a autora:

Camila Fabbri nasceu em Buenos Aires, em 1989. É escritora e diretora. Escreveu e dirigiu cinco obras teatrais e colabora com diversos veículos culturais e literários. Em 2015, publicou Los accidentes, seu primeiro livro de contos, reeditado em 2017 na Espanha e por vários países das América Latina. O dia em que apagaram a luz (2021) foi seu primeiro romance de não-ficção. Em 2021 foi selecionada pela revista britânica Granta, como um dos 25 melhores narradores em espanhol com menos de 35 anos. Seus textos foram traduzidos para o inglês, o francês, o italiano e o chinês. Em 2023, foi finalista do Prêmio Herralde com La reina del baile, seu primeiro romance de ficção.

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