11 livros indicados por Ana Maria Gonçalves

ESCRITORA ANA MARIA GONÇALVES

O Parque de Ideias realizou, no dia 17 de novembro de 2023, no auditório da Biblioteca Parque Estadual, no centro do Rio de Janeiro, a série “Ilustre Leitor” com a presença da escritora Ana Maria Gonçalves. No bate-papo conduzido por Márcio Debellian, ela contou fatos da sua infância, comentou sobre a construção de seu romance “Um defeito de cor” e indicou 11 livros fundamentais na sua formação. Para isso, ela escolheu títulos de escritores e escritoras negras pensando em temáticas universais. Posteriormente, os livros mencionados foram doados ao acervo da Biblioteca Parque.

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Confira os títulos:

1 – A gente é da hora: homens negros e masculinidade, de bell hooks

Sinopse: bell hooks reúne dez ensaios sobre homens negros e masculinidade. Lançado originalmente em 2004, nos Estados Unidos, o livro surgiu em meio ao que a autora considerava um vazio literário sobre o tema. “Como mulher negra que se preocupa com o sofrimento dos homens negros, sinto que não posso mais esperar que os irmãos tomem a liderança e espalhem a palavra. Passei dez anos esperando por isso. E nesses anos o sofrimento dos homens negros se intensificou”, afirma a autora. “Com este livro, espero somar minha voz ao pequeno coro que fala em nome da libertação masculina negra. As mulheres negras não podem falar pelos homens negros. Nós podemos falar com eles. Ao fazê-lo, incorporamos a prática da solidariedade, em que o diálogo é a base do amor verdadeiro.” Como sempre, bell hooks mistura aspectos de sua vida pessoal — aqui, sobretudo, a experiência de ter crescido em uma família patriarcal — com a leitura crítica de uma vasta bibliografia.

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2 – Solitária, de Eliana Alves Cruz

Sinopse: Solitária conta a história de duas mulheres negras, Mabel e Eunice, mãe e filha, que moram no trabalho, um condomínio de luxo desses encontrados em qualquer grande cidade brasileira. Eunice, a mãe, é testemunha-chave de um crime chocante ocorrido na casa dos patrões. Mabel, a filha, constrói o caminho que leva não apenas à elucidação deste crime, mas a uma mudança radical na vida das pessoas que cercam as protagonistas. Em prosa ágil, intensa e assertiva, Eliana Alves Cruz constrói uma miríade de histórias que revolve o imaginário do trabalho doméstico no Brasil ― ainda tão vinculado à época escravocrata ― e o relaciona a questões contemporâneas urgentes como a pandemia, o debate sobre ações afirmativas e a luta por direitos reprodutivos.

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3 – Via Ápia, de Geovani Martins

Sinopse: Nesta engenhosa narrativa sobre os impactos da instalação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na vida dos moradores da Rocinha, a trama é dividida em três partes: a expectativa com relação à invasão; a ruidosa instalação da UPP; e a silenciosa partida da polícia e a retomada dos bailes funk que fazem o chão da favela tremer. Em capítulos curtos, que trazem perspectivas cruzadas, o narrador nos conduz pelas vidas dos cinco jovens protagonistas ― suas paixões, amizades, dramas pessoais, ambições, frustrações, sonhos e pesadelos.

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4 – Um mapa para a porta do não retorno, de Dionne Brand

Sinopse: É um livro atemporal que explora a relevância e a natureza da identidade e do pertencimento num mundo culturalmente diverso. Trata-se de um livro poético e sensível sobre descoberta. Valendo-se de cartografias, viagens, narrativas da infância no Caribe, jornadas pela paisagem canadense, ancestralidade africana, histórias, políticas, filosofias e literatura, Dionne Brand esboça as fronteiras cambiantes de um lar e de uma nação, a conexão com um lugar no Canadá e o mundo além. O título, Um mapa para a porta do não retorno, faz referência tanto a um lugar na imaginação quanto a um ponto na história: a Passagem do Meio. Neste trabalho, Dionne Brand cria um mapa de sua própria arte e traz uma meditação sobre a negritude na diáspora.

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5 – Poesia+ (antologia 1985- 2019), de Edmilson de Almeida Pereira

Sinopse: Poesia + reúne quase poemas de Edimilson de Almeida Pereira, poeta e ensaísta, pesquisador das culturas populares e afrodescendentes e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora. Esta antologia, organizada pelo próprio autor em oito blocos temáticos (incluindo 34 poemas inéditos), atesta de maneira determinada a singularidade de um percurso poético que dialoga com linhas centrais do modernismo brasileiro mas também, com uma força raras vezes vista entre nós, incorpora vozes historicamente silenciadas e formas extremamente originais de ver/pensar o mundo, nas quais a carga de ancestralidade e o poder de invenção contemporânea convivem e se renovam mutuamente.

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6 – Pesado demais para a ventania, de Ricardo Aleixo

Sinopse: Esta antologia reúne o melhor de 25 anos de sua produção poética. Organizado em seis grandes eixos – seguindo a lição de Carlos Drummond de Andrade na formatação de sua própria antologia em 1962 –, Pesado demais para a ventania oferece o melhor panorama para a obra de um dos maiores poetas brasileiros de hoje. Um poeta que, aliás, não se restringe ao universo do livro. Muitos dos poemas aqui presentes surgiram a partir das celebradas performances do autor, um rematado showman na arte de encenar e enunciar sua própria poesia. Porém, os textos têm vida própria e independem da maestria teatral do autor: são observações líricas e poderosas sobre os relacionamentos, o racismo, o amor, os antepassados e a própria poesia. Eis um guia portátil – e irresistível – para a melhor poesia brasileira sendo produzida hoje.

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7 – Cidade de Deus, de Paulo Lins

Sinopse: Nesse romance de estreia, Paulo Lins faz um painel das transformações sociais pelas quais a favela, passou: da pequena criminalidade dos anos 60 à situação de, violência generalizada e de domínio do tráfico de drogas dos tempos atuais. Para redefinir a situação do lugar onde cresceu, Lins usa o termo, ´neofavela´, em oposição à favela antiga, aquela das rodas de samba e as malandragens românticas. O livro se baseia em fatos reais. Grande parte do, material utilizado para escrevê-lo foi coletado durante oito anos de pesquisas antropológicas sobre a criminalidade e as classes populares do Rio de, Janeiro.

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8 – Um Exu em Nova York, de Cidinha da Silva

Sinopse: Nesse livro de contos, Cidinha da Silva apresenta uma perspectiva contemporânea e ficcional do cotidiano, sobre temas como política, crise ética, racismo religioso, perda generalizada de direitos (principalmente por parte das mulheres), negros e grupos LGBT. A autora considera que esses são marcadores importantes do século XXI e classifica a obra como um livro-dínamo. Cidinha parte das tensões provocadas pela percepção das religiões de matrizes africanas para desmistificar ideias negativas que são difundidas sem critérios na sociedade. Através dos personagens, traz ainda outros temas contemporâneos, como por exemplo a nova masculinidade.

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9 – Bantos, malês e identidade negra, de Nei Lopes

Sinopse: Esse livro reúne elementos históricos sobre a formação do Brasil em seu caráter étnico, identitário e cultural, e mostra ao leitor as contribuições dos bantos ao longo desse processo. À guisa de seu envolvimento com a resistência cultural negra no Brasil e na África, Nei Lopes estabelece novos parâmetros sobre a relação entre islamismo e negritude, apresentando uma face da história ignorada por grande parte dos brasileiros. Esta nova edição atualiza profundamente a bibliografia do livro originalmente lançado em 2007, incluindo obras de autores contemporâneos como Elikia M’Bokolo, Carlos Moore, Alberto da Costa e Silva e Jan Vansina, entre outros. Do ponto de vista historiográfico, aprofunda a importância do povo Zulu como matriz de diversos outros povos bantos. Do ponto de vista sociológico, discute a identidade negra incorporando temas e conceitos atualizados, como supremacismo, racismo estrutural e naturalização do racismo.

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Leia também: “Bantos, malês e identidade negra”: Nei Lopes atualiza clássico sobre a identidade étnica brasileira

10 – Performances do tempo espiralar, de Leda Maria Martins

Sinopse: Nessa obra, a ensaísta, poeta, dramaturga e professora Leda Maria Martins explora as inter-relações entre corpo, tempo, performance, memória e produção de saberes, principalmente os que se instituem por via das corporeidades. Em novas dicções, a autora consolida o conceito de tempo espiralar, que surge pela observação de práticas comunitárias e no fundamento cognitivo de vários grupos étnicos africanos – que nas Américas recriaram seus laços de pertencimento telúrico. Isso acontece, sobretudo, nas culturas fincadas na oralidade e na cosmovisão ancestral cujas práticas performativas celebram o corpo como lócus da memória. Essa percepção cósmica e filosófica entrelaça, no mesmo circuito de significância, a ancestralidade e a morte. O passado habita o presente e o futuro, o que faz com que os eventos, desprovidos de uma cronologia linear, estejam em processo de perene transformação e, concomitantemente, correlacionados.

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11 – Cumbe, de Marcelo D’ Salete

Sinopse: Um livro que já nasce como um clássico dos quadrinhos brasileiros e que tem como protagonistas os negros escravos em sua luta de resistência contra a opressão escravagista. Cumbe, a palavra banto que dá nome à obra, é rica em sentidos: é o Sol, o dia, a luz, o fogo e a maneira de compreender a vida e o mundo. Também é um sinônimo de quilombo.

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