“O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, é censurado em cidade do Rio Grande do Sul

 O livro “O Avesso da Pele” foi censurado em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. A diretora de uma escola disse em um vídeo que o livro usava palavras de “baixo calão” tinha cenas de atos sexuais. Após repercussão e de uma moção de um vereador, a 6° CRE mandou recolher os exemplares das escolas e bibliotecas até que governo federal se manifeste.

O avesso da pele conta a história de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, Jeferson Tenório traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos.

Leia também: 5 motivos pra ler “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório

Em suas redes sociais, o escritor comentou o caso:

“As distorções e fake news são estratégias de uma extrema direita que promove a desinformação. O mais curioso é que as palavras de “baixo calão” e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo,  a violência policial e a morte de pessoas negras. Não vamos aceitar qualquer tipo de censura ou movimentos autoritários que prejudiquem estudantes de ler e refletir sobre a sociedade em que vivemos.”

Na obra, o que está em jogo é a vida de um homem abalado pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de negro em um país racista, um processo de dor, de acerto de contas, mas também de redenção, superação e liberdade. Com habilidade incomum para conceber e estruturar personagens e de lidar com as complexidades e pequenas tragédias das relações familiares, Jeferson Tenório se consolida como uma das vozes mais potentes e estilisticamente corajosas da literatura brasileira contemporânea.

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