Escritora Irka Barrios participará da Frankfurter Buchmesse, a maior feira de livros do mundo

Se a escritora Irka Barrios (@irkabarrios) pudesse resumir suas personagens em uma frase, responderia que são sempre mulheres em estado de fuga. Abordando corpo e sexualidade como temas centrais de suas obras, a escritora se consolida na literatura latinoamericana escrita por mulheres que se segmentam nos estilos que bebem do insólito, do terror e do horror.

Como pesquisadora na área da Escrita Criativa, Irka Barrios, ao lado de mais sete brasileiros, foi selecionada para compartilhar seus trabalhos na 75ª Frankfurter Buchmesse, a maior feira de livros do mundo, em outubro. A iniciativa é da professora e doutora Patrícia Gonçalves Tenório, escritora pernambucana que gerencia a escola Estudos em Escrita Criativa. No grupo, também estão os autores Adriano Portela, Guilherme Azambuja Castro, Luís Roberto Amabile, Fred Linardi, Raldianny Pereira e Patrícia Gonçalves Tenório. 

“Irka Barrios trabalha com a literatura fantástica de maneira incomparável, revelando não só boas histórias, mas também as dramáticas e perturbadoras contradições das vidas de suas personagens. O oculto está mais do que palpável em seus contos. Leiam!”

(Morgana Kretzmann, escritora e roteirista gaúcha)

A arte como expressão e luta: conheça o trabalho de Irka Barrios

“Nós, mulheres, precisamos nos manter vigilantes. Todos os dias. Criar e nos manter vigilantes, criticar e nos manter vigilantes. A arte está aí como expressão e luta, em sintonia com os horrores de nossos tempos”, frisa Irka, que já venceu os Prêmios Brasil em Prosa (Amazon/Jornal O Globo, 2015) e Odisseia da Literatura Fantástica (2022) e foi finalista do Prêmio Jabuti em 2020 com seu romance de estreia, “Lauren” (2019, 228 pág.), publicado pela Caos & Letras. 

Atualmente, Irka prepara mais dois romances e um livro de contos, todos em negociação com editoras. Também organiza a coletânea “In Corpa”, financiada coletivamente e que será publicada em breve pela editora O Grifo. A obra reúne sete  escritoras com trabalhos direcionados à temática do corpo e da sexualidade que  lançaram provocações umas às outras  por meio de contos, versos, fotos e performances. O texto de abertura da coletânea é um  manifesto desenvolvido em conjunto que revela o tom da obra. O corpo é protagonista de narrativas plurais e insólitas. Um mosaico de fragmentos onde literatura, arte, experiência e gozo se juntam para formar uma única corpa, selvagem, afrontosa e descolonizada. A exposição visual e o canal do YouTube do projeto já podem ser acessados.

Atual doutoranda em Escrita Criativa pela UFRGS, Irka também é autora do livro de contos “Júpiter, Marte, Saturno” (104 pág.), lançado em 2022 pela editora Uboro Lopes, que conta com orelha assinada por Adriana Garcia, e quarta capa com textos de Morgana Kretzmann e mariam pessah. Os contos que não se encaixaram na proposta da obra irão compor um novo volume de contos, prontos para publicação.  Seus dois novos romances também abordam a sexualidade feminina mantendo o assombro frente às realidades do cotidiano das mulheres. 

“Em ‘Lauren’ trabalhei a sexualidade de uma adolescente, em “Soda e água suja” (título provisório), eu exploro as questões sexuais de uma mulher adulta. Em 2022, após muitas leituras teóricas para minha tese de doutorado, eu me inclinei com mais interesse para o universo das vampiras. É um tema que sempre me fascinou, admiro a sexualidade livre destes seres que não devem satisfação à sociedade humana, pois são mortas-vivas. Assim nasceu “Oblongo”,  uma história que finaliza minhas investigações sobre a sexualidade da mulher”, revela a autora. “Daria para chamar de trilogia? Sim e não. Não porque são romances diferentes, com personagens e cenários diferentes. E sim porque o conflito está muito ligado a todas as questões que a mulher encara, tem a ver com preconceitos, perseguições, violência, culpa, vergonha, etc.”

“Eu me desafio a escrever todos os dias. Nem sempre é possível. Gosto de dizer que meus romances vêm de personagens que me surgem e meus contos vêm de imagens”, afirma, considerando a si mesma como uma narradora de terceira pessoa. “Já fui mais ágil (narrei com pressa) e passei por uma tendência de enfeitar demais. Ultimamente ando buscando um texto mais limpo e uma narradora mais neutra (o que não é fácil).”

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