“A Marcação”: Fríða Ísberg e a ficção especulativa em tempos de polarização

Pessoas marcadas como gados, pessoas que escolhem ser marcadas e pessoas que resistem. Este é o tema de A Marcação da islandesa Fríða Ísberg. Nesta ficção especulativa, a cidade de Reykjavik, capital da Islândia, está dividida por um muro de acrílico. De um lado, aqueles que se submeteram ao teste de marcação; de outro, os que ainda lutam contra o que consideram um mecanismo de polarização e preconceito.

Trata-se de uma avaliação de empatia criada para prever comportamentos antissociais que define quanto cada pessoa é suscetível a se engajar nas emoções alheias. Às vésperas de um plebiscito que decidirá se esse teste de marcação deve se tornar compulsório, a tensão é crescente e os impactos, imprevisíveis.

Políticos, professores e cidadãos de todas as idades apresentam motivos, cálculos e consequências da implementação do projeto em suas vidas e relações. Amigas de longa data, Tea e Laíla trocam cartas se alfinetando a esse respeito. Ólafur Tandri é um psicólogo influente que sempre desejou fazer do mundo um lugar mais justo.

Na escola de um bairro marcado, a professora Vetur enfrenta frequentes crises de ansiedade, mesmo tendo a seu favor uma medida protetiva determinada pela polícia. Tristan, um rapaz na casa dos vinte anos que faz uso abusivo de substâncias entorpecentes, corre contra o tempo para se livrar do teste e acaba envolvido com o movimento LUTA, liderado por Magnús Geirsson, ativista anti-marcação.

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Nesse cenário, a assistente virtual Zoé envia hologramas, lê notícias e mensagens, faz ligações e mede os batimentos cardíacos dos personagens em apuros. Outros dispositivos tecnológicos, como máscaras holográficas e capacetes que projetam vídeos, também dão a essa distopia um ar de proximidade, e à proximidade, o gosto amargo da insegurança do presente.

Nome de destaque da nova geração de escritores islandeses, Fríða Ísberg constrói uma prosa espirituosa, divertida e irônica na qual se enxergam problemas contemporâneos como a soberania do politicamente correto, a especulação imobiliária desenfreada, as taxas crescentes de evasão escolar, o uso excessivo de medicamentos e a falta de vínculos afetivos. E questiona: a tecnologia de fato nos leva a um mundo mais justo?

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Sobre a autora:

Fríða Ísberg é islandesa e vive em Reykjavik, onde participa do coletivo de escritores Svikaskáld e produz resenhas para o suplemento literário The Times. Publicou um volume de contos e dois títulos de poesia. A marcação, seu primeiro romance, recebeu os prêmios Fjara Literature Prize, Icelandic Booksellers e P.O. Enquist. Sua obra já foi traduzida para dezessete idiomas.

Ficha Técnica

TítuloA marcação

Título originalMerking

Autora: Fríða ísberg

Tradução: Luciano Dutra

Capa: Cristina Gu

Imagem De Capa: Bruna Canepa

Formato: 13,5 X 20 Cm

Número de páginas: 280

ISBN: 978-65-84568-26-6

Preço: R$ 74,90

ISBN e-book: 978-65-84568-80-8

Preço e-book: R$ 52,90

Data de livraria: 13/6/2023

Editora: Fósforo

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