“Órfãos”: peça retrata a brutalidade do afeto em texto clássico de Lyle Kessler

Em cena, dois irmãos órfãos (Lucas Drummond e Rafael Queiroz) sequestram um misterioso homem de negócios (Ernani Moraes) para pedirem resgate e acabam encontrando a figura paterna que nunca tiveram e com a qual sempre sonharam. Esse é o ponto de partida do espetáculo Órfãos, com idealização e coordenação do projeto de Lucas Drummond para o texto já clássico de Lyle Kessler.

“Me apaixonei por essa peça desde que a li pela primeira vez, em 2018. É uma história linda sobre a luta do homem pela sobrevivência e, principalmente, sobre o afeto, que às vezes é bruto, tóxico”, resume Lucas Drummond.

“Órfãos” é o terceiro projeto teatral de Lucas Drummond em parceria com o amigo de longa data Bruno Mariozz, diretor de produção à frente da Palavra Z, realizadora da peça. Antes, os dois já haviam criado e produzido o espetáculo adulto “Tudo o que há Flora” (2016-19), com direção de Daniel Herz, e o musical infantojuvenil “O pescador e a estrela” (2020-22), escrito por Drummond e Thiago Marinho e dirigido por Karen Acioly.

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“Meu personagem (Phillip) é criado pelo irmão mais velho, Treat (Rafael Queiroz), que bate carteira na rua para sustentar nós dois. E por acreditar que tem uma alergia terrível à maioria das coisas, Phillip não sai de casa há anos. Toda a sua visão de mundo é baseada no que ele vê pela janela, pela TV e pelo que o irmão conta para ele. É um personagem extremamente sensível, poético e com uma imaginação incrível”, conta Drummond.

Lucas convidou Fernando Philbert para dirigir a peça, realizando um antigo desejo de trabalhar com o diretor. “Órfãos tem a natureza de uma fábula: dois meninos que vivem num lugar abandonado em uma grande cidade e, de repente, chega uma figura (Harold – Ernani Moraes) que vai ajudar, tentar dar um caminho e melhorar a vida dos dois, abrir horizontes. É o velho arquétipo do pai perdido, de alguém que surge para nos tirar de um lugar escuro”, analisa Philbert.

No papel de Harold, o homem mais velho que transforma a vida dos dois jovens, Ernani Moraes destaca o desafio lançado pelo diretor para a composição de seu personagem: “Pela primeira vez em teatro, me deram um adjetivo para eu pesquisar, que é ‘elegante’. Normalmente, estou no universo dos ogros, dos malucos, dos torturadores, e o Phil está puxando isso de mim, que é fazer um personagem elegante, sem esforço, calmo, falando com a voz normal. Para quem me conhece como ator, sabe que eu transito muito no outro lado. Está sendo muito desafiador”.

O cenário assinado por Natalia Lana reforça o abandono que caracteriza os irmãos órfãos, vivendo de forma precária em um apartamento decadente. Mesas, cadeiras e objetos variados evocam lembranças, reais ou não, especialmente em Phillip, que passa todo o tempo confinado. E são as janelas, que rodeiam todo o cenário, que fazem a ponte entre o mundo imaginário de Phillip e o mundo exterior.

A trilha original está a cargo do diretor musical Marcelo Alonso Neves: “Há duas linhas distintas que desenvolvo no espetáculo. Primeiro, quis buscar a memória de uma época, em cima de áudios históricos de programas de televisão, de filmes de cinema. Além disso, vai ter uma parte de trilha incidental, para criar essas atmosferas, permear momentos de tensão e emoção”, resume.

“Órfãos”: sucesso internacional que chega ao Brasil

 Montada originalmente há quase 40 anos, “Órfãos tem premiada trajetória nos EUA e em dezenas de países, entre eles França, Alemanha, Estônia, México, Japão e Turquia. Em 1985, foi dirigida pelo também ator Gary Sinise e, na versão inglesa de 1986, rendeu a Albert Finney o Olivier Award de Ator do Ano. A montagem norte-americana mais recente, produzida na Broadway, em 2013, foi estrelada por Alec Baldwin e indicada ao Tony Awards na categoria Melhor Peça. A história ganhou as telas de cinema em 1987, no longa dirigido por Alan J. Pakula e protagonizado por Albert Finney, Matthew Modine e Kevin Anderson.

FICHA TÉCNICA:

Idealização e coordenação do projeto: Lucas Drummond

Texto: Lyle Kessler

Tradução: Diego Teza

Direção: Fernando Philbert

Elenco: Ernani Moraes (Harold), Lucas Drummond (Phillip), Rafael Queiroz (Treat)

Figurino: Rocio Moure
Cenário: Natalia Lana

Iluminação: Vilmar Olos
Trilha Sonora: Marcelo Alonso Neves

Fotografia e Vídeo: Costa Blanca Films e Gaulia Filmes

Direção de produção: Bruno Mariozz

Direção de movimento: Toni Rodrigues

Produtora executiva: Angélica Lessa

Assistente de direção: Luisa Vianna

Assistente de direção de movimento: Monique Ottati

Assistente de produção: Priscila Fernandes

Assistente de comunicação: Rafael Prevot

Assessoria de imprensa: Paula Catunda e Andrea Gonçalves

Realização: Palavra Z Produções Culturais

Patrocínio: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Protel, CEPEM, Marte Engenharia, MPG Arquitetura e Enel.

SERVIÇO

“Órfãos”

De 02 a 25 de junho de 2023 (sexta e sábado às 20h, domingo às 19h)

Na estreia haverá um bate-papo com o dramaturgo Lyle Kessler logo após a sessão

Local: Casa de Cultura Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema)

Ingresso: R$ 40,00 (inteira) | R$ 20,00 (meia entrada)

Vendas online: https://funarj.eleventickets.com

Duração: 90 min. Capacidade: 190 lugares

Classificação indicativa: 14 anos

Tel: (21) 2332-2016

No dia 17/06 haverá sessão acessível com tradução de libras e audiodescrição

Instagram: @orfaosteatro

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