“Dezessete anos”, Colombe Schneck se inspira em Annie Ernaux em relato sobre aborto

Dezessete anos, de Colombe Schneck, é uma obra corajosa que traz o relato da descoberta da gravidez e da experiência de um aborto realizado ao final de sua adolescência, em 1984. Inspirada por Annie Ernaux e seu livro “O acontecimento”, a narrativa autobiográfica de Schneck coloca em diálogo essas duas mulheres, de diferentes gerações, que realizaram o mesmo procedimento de interrupção da gravidez, porém em momentos históricos distintos: a primeira antes e a outra dez anos depois da lei Veil, que despenalizou e legalizou o aborto na França em 1974.

Apesar de o aborto ser um tema tabu e sempre uma experiência de vulnerabilidade, Dezessete anos ambiciona mostrar como essa escolha pode ser acolhida pelo Estado como uma questão de saúde pública, e não como um tema moral, religioso ou policial.

“Em Dezessete anos, Colombe Schneck estabelece um diálogo direto com a escritora Annie Ernaux, Prêmio Nobel de Literatura. A ideia do livro surge como resposta ao que Schneck descreve como uma espécie de convocação de sua antecessora: “Senti como se ela se dirigisse a mim. Eu precisava contar o ocorrido naquela primavera de 1984”. Era preciso falar sobre a experiência do aborto, um dos atos mais frequentes e, também, mais secretos na história das mulheres.”
— Laura Campos


A narrativa é clara e objetiva, mostrando como a liberdade e, ao mesmo tempo, limites bem definidos, podem ser experienciados pelo corpo das mulheres. Convivendo em uma vida familiar liberal e progressista, na efervescente Rive gauche parisiense, a narradora é livre para viver seus gostos, suas escolhas e seus amores. Sua condição feminina, no entanto, impõe um limite antes desconhecido, fazendo-a adentrar de forma abrupta o mundo dos adultos, ou, mais especificamente, o das mulheres e sua condição reprodutiva sempre legislada.

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Como relembra Laura Campos no prefácio, Colombe Schneck é uma das mais importantes de sua geração. Possui uma obra com forte teor autobiográfico, plena de narrativas de filiação, relatos de infância, autoficções e romances autobiográficos. Dezessete anos foi lançado na França em 2015 e é o primeiro livro de Schneck a ser publicado no Brasil.

Para ela, Dezessete anos é “um relato pungente do aborto vivenciado pela autora-narradora em 1984. Nesse momento, o procedimento já era legalizado na França, tendo sido realizado em boas condições sanitárias, bem diferente da experiência relatada por Ernaux e da realidade brasileira, na qual um número expressivo de mulheres morre todos os anos devido à insegurança da situação.

O aborto permanece um tema tabu, mas Colombe Schneck contribui para diminuir o silêncio e a “solidão que envolve as mulheres que abortam”. É preciso falar sobre isso, é preciso ler Dezessete anos.”

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Sobre a autora

Colombe Schneck, nascida em 9 de junho de 1966 na França, é escritora, jornalista e diretora de documentários. Autora de onze livros, de ficção e não ficção, recebeu prêmios da Académie Française, da Madame Figaro e da Society of French Writers, além de ter sido finalista dos prêmios Renaudot, Femina e Interallié. Seu trabalho foi traduzido para oito idiomas ao redor do mundo.
Bolsista da Villa Medicis de Roma e do Institut Français, além de uma bolsa Stendhal que permite que escritores franceses façam pesquisas e escrevam no exterior, ela também passou quinze anos como locutora do Canal Plus, France TV e Radio France. Com uma obra de forte teor autobiográfico, plena de narrativas de filiação, relatos de infância, autoficções e romances autobiográficos, seu livro “Dezessete anos” foi lançado na França em 2015 e é o primeiro livro de Schneck a ser publicado no Brasil.


Especificações técnicas

Título: Dezessete anos
Autora: Colombe Schneck
Tradução: Isadora Pontes e Laura Campos
Texto de orelha: Laura Campos
ISBN: 978-65-89889-62-5
Categorias: Literatura estrangeira, autobiografia, memórias
Encadernação: Brochura
Formato: 13 × 19 × 1,0 cm
Páginas: 80
Peso: 0,2 kg
Edição: 1ª (maio de 2023)
Preço de capa: R$ 52,90

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