Livro conta histórias da psicanálise no começo do século XX

“Anos loucos: Histórias da psicanálise às margens dos anos 1920” analisa o contexto social que influenciou o surgimento da psicanálise

Anos loucos: Histórias da psicanálise às margens dos anos 1920, de Luiz Eduardo Prado de Oliveira, conta a história da psicanálise de forma ampla, inscrevendo esta ciência em momentos marcantes da humanidade, como a Belle Époque, os períodos de guerras, os Anos Loucos e a Grande Depressão.

Nesta obra, o autor se debruça sobre álbuns de família, cartas, fotos e documentos inéditos para escrever uma história concreta da psicanálise, enraizada não apenas na vida privada dos homens e mulheres que a fizeram, mas também no contexto social, político e estético que ofereceriam o material e os contornos para seu surgimento.

“Anos Loucos: Histórias da Psicanálise nos Anos 1920”, publicado pela Editora Autêntica

Anos loucos: Histórias da psicanálise às margens dos anos 1920 contém rico material inédito, como o “Diário de Sophie”, a filha de Sigmund Freud vitimada pela pandemia da gripe espanhola e mãe de Ernst, o menino do fort-da, que serve de esteio para a escrita de “Além do princípio de prazer”, de 1920, tanto quanto o serve a análise de sua filha, Anna Freud, cuja homossexualidade Freud elabora a partir da análise de outra paciente, Sidonie Csillag.

Sobre o livro

Criou-se lenda em torno de Freud, “puro espírito”, escrevendo, teorizando, nas nuvens, em mundo desencarnado. O exame atento de suas cartas mostra, no entanto, que seus inúmeros escritos teóricos frequentemente estão vinculados a pessoas e, estas, ligadas entre si. Neste livro, Luiz Eduardo Prado de Oliveira, com o apoio de Marta Raquel Colabone, revela algumas nuances da história da psicanálise.

A partir dos álbuns de família de Freud, ele analisa cartas, fotos, documentos inéditos para nos oferecer uma história da psicanálise humanizada. Enraizada não apenas na história da vida privada dos Freud, mas também no contexto social, político e estético que viria a fornecer o material e os contornos da própria psicanálise.

Leia também: O que Lou Andreas-Salomé, a primeira mulher psicanalista, disse a Freud em cartas sobre a condição humana

Contendo rico material inédito, como o Diário de Sophie, a filha de Freud vitimada pela pandemia da gripe de 1918 e mãe de Ernst, o menino do fort-da, este livro nos entrega histórias que foram deixadas à margem, mas que justamente delimitam o que corre no leito da psicanálise e que, ao mesmo tempo, se espraiam de um lado para o outro, invadindo territórios e fronteiras pouco desbravadas.

“Contamos histórias das margens da psicanálise. As margens então não são apenas duas. Guimarães Rosa nos mostrou a terceira margem do rio, esta, bem no centro.”

Noite de autógrafos

O evento de lançamento e sessão de autógrafos de Anos loucos: Histórias da psicanálise às margens dos anos 1920 acontecerá em 29 de março, a partir das 19h, na Livraria da Travessa – Pinheiros (Rua dos Pinheiros, nº 513, no bairro Pinheiros, em São Paulo).

Na ocasião, o autor também participará de um bate-papo com Marta Colabone, colaboradora da obra; Vera Iaconelli, psicanalista e autora do texto de apresentação; e Daniel Kupermann, professor do Departamento de Psicologia da USP.

Sobre o autor

Luiz Eduardo Prado de Oliveira é membro do Espace Analytique, em Paris. Formado em Economia pela PUC-Rio, trabalhou como redator de política e economia internacional no Jornal do Brasil em 1969, antes de ir para o exílio nesse mesmo ano. Retomou os estudos em Psicologia Clínica, defendeu sua tese de doutorado em Psicopatologia Clínica e Psicanálise sob a orientação do professor Jean Laplanche. Foi coordenador referente dos psicoterapeutas de orientação psicanalítica do Serviço Piera Aulagnier do Centro Hospitalar Sainte-Anne. Convidado à universidade, se aposentou como professor emérito do Centro de Pesquisa Psicanálise, Medicina e Sociedade (CRPMS), da Escola Doutoral Pesquisa em Psicanálise e Psicopatologia, do Instituto Humanidades, Ciência e Sociedade (IHSS) e da Universidade de Paris-Cité.

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