Mundano, conhecido por suas intervenções artísticas na cidade de São Paulo, criou uma pintura de 618m² em homenagem a diversas lideranças indígenas e ativistas assassinados nos últimos anos no país. Além dos nomes de dezenas de defensores das florestas mortos, o mural tem como destaque o líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, professor e ativista, assassinado em 2020, em Rondônia. Ele também fazia parte da equipe de vigilantes Guardiões, que protege o território dos povos originários, combatendo as invasões de madeireiros e grileiros na região.
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O mural, recentemente inaugurado no aniversário da capital paulista, está localizado próximo a Catedral da Sé, na lateral de um prédio na rua Quintino Bocaiúva. A obra foi produzida com tinta feita a partir da terra do Marco Zero de São Paulo, na praça da Sé, e de cinzas das queimadas da Amazônia coletadas pelo artista há dois anos.
“Onde hoje temos o marco zero da maior cidade da América Latina era território indígena, que foi ocupado em um processo de expulsão e morte dos povos originários que persiste até hoje. É o que estamos vendo na Amazônia, mas também em todas as regiões onde os indígenas ainda mantêm parte de suas terras. Por isso Ari foi retratado com terra do marco zero e cinzas da Amazônia – ambos territórios indígenas”, explicou Mundano.
O artista já utilizou em outras obras a técnica de produção de tintas com materiais como a lama tóxica resultante da tragédia de Brumadinho e as cinzas de queimadas na Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica.