Nélida Piñon doa sua biblioteca de 8.000 livros para Instituto Cervantes

Imagina a história de uma vida dedicada à literatura ficar parada em uma estante de livros? Pois é, triste não? Pois Nélida Piñon, escritora e membro da Academia Brasileira de Letras, resolveu doar sua biblioteca de 8 mil livros para o Instituto Cervantes. Segundo ela, o gesto foi feito por amor ao avô, Daniel, o primeiro de seus antepassados a cruzar o Atlântico.

Apesar de nunca querer tirar a cidadania espanhola, a autora acreditava que a sua vida não havia sido em vão e que ela, mesmo tendo passado parte da infância na Galícia rural como uma pastorinha, precisava continuar seu legado no Novo Mundo.

Em novembro de 2021, o governo espanhol, por mérito, lhe concedesse a cidadania, então Piñon passou a ser brasileira e espanhola, como seu avô. Na época, ela comentou o fato:

“Senti uma emoção imensa. Não por mim. Tudo que me acontece penso nos meus grandes mortos. Eu sou muito ligada aos meus mortos. E eu achei que eles gostaram.”

Logo antes de morrer, ela fez questão de retribuir a gentileza! A escritora doou 8.000 volumes, isso mesmo, 8 mil livros de sua biblioteca pessoal para o Instituto Cervantes, no Rio de Janeiro.

Veja também: “Elas no singular”: série da HBO conta a história de 8 escritoras brasileiras em pequenos documentários

“A Espanha sempre foi muito generosa comigo.”, comentou

A coleção reúne livros clássicos, mas também muitas obras autografadas, como de Jorge Amado, Toni Morrison, Gabriel Garcia Marquez. Em matéria pra Folha, ela comentou:

“Quando eu doei, perguntei: ‘Vou poder ler meus livros?'” Diante da resposta positiva, disse: “Então, pode levar todos.”

Machado de Assis: “não me despeço nunca”

A escritora, no entanto, não conseguiu se desfazer de um autor: Machado de Assis e sua coleção de suas obras completas.

“De Machado não me despeço nunca, é o passaporte brasileiro que eu tenho. O Brasil está proibido de fracassar. Ninguém tem Machado de Assis impunemente”, contou.

Fonte

Related posts

“Flores Astrais”, de Marcelo Nery: uma saga familiar gótica rural mineira

“Baleia”: Felipe Bier estreia na poesia em busca de novos horizontes estéticos e “natureza ativa”

A poesia livre, revolucionária e brilhante de Gilka Machado em “Poesia completa”