Musical da Passarinha, com trama bastante poética e delicada, espetáculo infantil trata de temas como encontros e despedidas, realização de sonhos e a descoberta da própria voz. Para contar a história, o elenco precisou estudar como tornar as artes cênicas mais acessíveis e inclusivas
Pensado para discutir e promover o acesso de todas as pessoas – com ou sem deficiência – ao teatro, ‘O Musical da Passarinha’, com texto, letras e direção geral de Emílio Rogê, estreia com temporada híbrida no Teatro Sérgio Cardoso, a partir do dia 19 de fevereiro (confira as datas a seguir). Os arranjos e a direção musical são de Eric Jorge, que assina as músicas ao lado de Kiko Pessoa.
“Estamos contando uma história que leva em consideração a vontade de chegar ao maior número de crianças possível, pensando em suas singularidades e necessidades. Foi preciso inventar uma nova gramática teatral, em que nenhum sentido seja destacado em detrimento de outro. Como cantar para quem não ouve? Aprendemos Libras! Como mostrar a encenação para quem não vê? Estamos conhecendo e entendendo a audiodescrição. Assim, formatamos o texto para todas essas linguagens, que, para nós artistas, são pouco conhecidas. E é nosso dever aprendê-las”, conta Rogê.
O professor de Libras, inclusive, tornou-se parte do elenco. Harry Adams é um ator surdo, muito apaixonado pelas artes cênicas, que tem sido fundamental no processo de criar um espetáculo totalmente inclusivo. Juntam-se a ele os atores e atrizes Júlia Sanchez, Ananza Macedo, Stacy Locatelli, Felipe Hideky, Luísa Grillo e Daniel Costa.
Na trama, o público conhece personagens delicados e sonhadores: a menina Rita deseja conhecer o teatro, mesmo vivendo em uma cidade onde não existe o palco; sua mãe Carmen gostaria de voar; e seu melhor amigo Miguel, que é surdo, quer dançar.
Certo dia, algo milagroso acontece, e esse trio recebe a visita de uma cantora de ópera. Depois desse encontro, a vida ganha outros contornos e voos, convidando os espectadores a descobrir e a imaginar novas possibilidades.
Por meio de uma narrativa delicada, o musical evoca questões sobre a acessibilidade no teatro. Afinal, quais elementos básicos são necessários para que uma peça aconteça? O ponto de partida para a construção do espetáculo foi uma reflexão do escritor português José Saramago (1922-2010): “e se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?”.
Ao mesmo tempo, “O Musical da Passarinha” é uma declaração de amor ao teatro.
“Eu acredito muito nessa linguagem, que mudou os rumos da minha vida. Falar de teatro com as crianças é falar de uma esperança crítica. Uma reflexão sobre quem somos e o que podemos ser. Quero que elas desejem de coração estar no teatro, sentindo-se em casa dentro dele, sem qualquer tipo de exclusão”, completa.
E, em um país onde apenas 23,4% das cidades possuem teatros, sendo que a maioria delas fica na região Sudeste – de acordo com dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais divulgada pelo IBGE em 2015 –, é preciso discutir essas questões. Emílio Rogê está interessado em atrair as pessoas para esse lugar.
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“Quero que todos e todas enxerguem o teatro como esse espaço anárquico das vozes que vão ser ouvidas e enxergadas, cada uma a sua maneira. É um tempo de narrativas singulares, mas que se nutrem em comunidade”, afirma.
EMÍLIO ROGÊ
Mineiro, natural de Luz, Emílio Rogê está em São Paulo desde 2016. Seus últimos trabalhos incluem a direção de movimento do musical “Bertoleza” (Prêmio APCA de Melhor espetáculo do ano – 2020), da Gargarejo Cia Teatral, que cumpriu temporada no SESC Belenzinho. A direção, ao lado de Luiza Gottschalk, de “[ENTRE]” (2019) – peça percurso que cumpriu temporada na Escola Estadual Alarico Silveira. Na Cia. de Teatro Os Satyros (2017/2018), dirigiu e assinou a dramaturgia do espetáculo infantil “Hora de Brincar” e foi coreógrafo dos espetáculos “Pink Star” e “Cabaret Trans Peripatético”. Foi também assistente do diretor Rodolfo García Vázquez nos espetáculos “O Incrível Mundo dos Baldios”, “Pink Star” e “Cabaret dos Artistas”. Pelo núcleo experimental Satyros LAB dirigiu “Sonho de uma noite de verão”, espetáculo em que assinou também a coreografia.
ERIC JORGE
Compositor, arranjador e operador de mesa, atua como educador e profissional da música há mais de 10 anos. Formado em Música e Musicoterapia, concluiu o curso de sonoplastia na SP Escola de Teatro e participou, como diretor musical, do espetáculo “Bertoleza”, que recebeu o APCA de melhor espetáculo de 2020. Atualmente, está se especializando em engenharia de mixagem e masterização.
FICHA TÉCNICA
Texto, letras e direção geral: Emílio Rogê
Direção audiovisual: Rubens Crispim Jr
Música: Eric Jorge e Kiko Pessoa
Arranjos e direção musical: Eric Jorge
Dramaturgismo: Ana Carolina
Elenco: Júlia Sanchez, Ananza Macedo, Stacy Locatelli, Felipe Hideky,
Luísa Grillo, Daniel Costa e Harry Adams
Banda: Eric Jorge, Pedro Batista e Victor Januário
Assistente de Direção: Stacy Locatelli
Desenho de luz: Aline Santini
Cenografia: Emílio Rogê e Mayume Maruki
Figurino: Heloisa Faria
Visagismo: Victor Paula
Direção Técnica: Maria Clara Venna
Assessoria de Imprensa: Agência Fática
Produção Executiva: Thaís Cólus
Direção de Produção: Rodrigo Primo
Professor de Libras: Harry Adams
Audiodescrição – Roteiro: Pedro Bizelli e Narração: Aressa Marque
Realização: Agência Dramática
SERVIÇO
O MUSICAL DA PASSARINHA
Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno – Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista | São Paulo – SP
Temporada presencial: 19 de fevereiro a 10 de abril, aos sábados e aos domingos, às 15h | Não acontecem apresentações nos dias 26 e 27 de fevereiro | Todas as sessões presenciais contam com acessibilidade em Libras e audiodescrição
Projeto Escola: Às sextas-feiras, as sessões são gratuitas e exclusivas para escolas e instituições que atendem crianças deficientes. (os agendamentos são feitos pelo e-mail agenciadramatica@gmail.com)
Temporada online: 26 de fevereiro a 10 de abril, com apresentações aos sábados e domingos, às 15h | Com relação à acessibilidade, as apresentações com tradução em Libras ocorrem em todos os sábados e com audiodescrição só aos domingos (entre 13 de março e 10 de abril)
Ingressos: Temporada presencial: R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada) | Temporada digital: $40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$10 (contribuição social) | Atenção: é importante se atentar à diferenciação entre os ingressos das sessões presenciais e digitais no momento da compra. | Compre o ingresso aqui
Classificação: Livre
Duração: 50 minutos