10 resumos de todos os romances de Machado de Assis

Quem não conhece as obras de Machado de Assis? Quem nunca leu ou quis ler Machado? E quem nunca quis saber os resumos das obras de Machado de Assis? O maior escritor brasileiro, Machado de Assis (1839-1908) é um dos nomes mais importantes da literatura mundial do século XIX. … Machado de Assis escreveu nove romances. Os primeiros – Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia -, apresentam alguns traços românticos na caracterização dos personagens. Após Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado entra em sua fase realista, mas com muitas características já modernas.

O NotaTerapia separou os resumos de todos os romances do autor. Confira:

Ressurreição (1872)

Dr. Félix era um homem ainda jovem, rico e admirado. Dentro da sociedade carioca despertava o interesse das moças e o respeito ou a inveja dos cavalheiros. Mesmo ainda tendo vivido pouco já havia passado por situações suficientes para lhe tirar do coração a confiança do amor. Por esse motivo sempre rompia seus romances apenas para evitá-lo, como fez no último caso antes de conhecer Lívia.

Lívia era irmã de Viana, um “parasita”, e já tinha conhecido Félix, porém nada além de apresentações. Entretanto, depois que se tornou viúva e voltou a viver com seu irmão, teve a oportunidade de conhecer a ele profundamente. Mas antes é preciso falar sobre Lívia. Sua beleza era suprema dentro da corte e sua chegada nos bailes roubava a atenção de todos os homens e desiludia as demais damas.

Foi nesse contexto que, em um baile, o coronel, anfitrião da noite, para evitar a partida dos dois os fez conversar. Foi ali se conheceram além das básicas apresentações. Isto bastou para que o amor entre os dois nascesse.

Logo ambos se declararam e começaram um romance, mas nem tudo seguiu como se esperava. Como já falamos, Félix há muito perdera a confiança nos corações e assim seu envolvimento com Lívia era cheio de rompimentos ferozes e pedidos de perdão aceitos com facilidade pela viúva.

Nem a conversa franca que tiveram sobre suas decepções amorosas – ele na vida e ela no casamento – nem a promessa de curá-lo de sua desconfiança no amor não bastou para ele. E para pôr fim a tantas brigas, eles marcaram seu casamento, no entanto, não o fizeram público. A data só seria anunciada em sua proximidade.

Durante esse tempo, Raquel, muito amiga de Lívia e filha do coronel, adoeceu e chegou bem próxima da morte. Se Félix não tivesse adotado junto ao médico que a tratava um novo tratamento certamente teria ido a óbito. Assim, depois de curada, foi passar um tempo na casa de Lívia, como que para um restabelecimento longe da agitada Tijuca. Junto à vinda de Raquel entrou para o convívio da casa Meneses.

Então mais uma tempestade e aproximou. Meneses se interessava por Lívia e Raquel por Félix. De um lado ele se declarava e Lívia o rejeitava oferecendo-lhe apenas franca amizade. E do outro, Raquel insinuava inocentemente um possível envolvimento entre a noiva de Félix e Meneses. Nessas circunstâncias novo rompimento se fez.

Porém, as amigas descobriram que amavam ao mesmo homem, e nobremente Raquel escreveu a Félix afirmando o quanto o amor de Lívia era sincero por ele e depois voltou à casa de seu pai.

Novo perdão foi concedido e então até o casamento os dois anunciaram. Foram poucos os momentos felizes entre o casal e Luis, menino filho da viúva, que concordava plenamente com o casamento. Entretanto dois dias antes do casamento, Batista, cavalheiro casado que vivia com amantes e fora retirado do convívio da casa de Viana por ciúmes de Felix, visitou ao doutor e o usou como confidente. O que não passou de uma estratégia para não levantar suspeitas de que era o autor da carta que o médico recebeu durante a visita.

A carta afirmava que como o finado de Lívia fora infeliz graças a ela, ele também seria. Tais palavras no coração duvidoso de Félix o fizeram romper com a viúva e se retirar para a Tijuca. Enviou apenas uma nota sem explicações para o rompimento. Instantaneamente Lívia adoeceu.

Meneses, que agora nutria por ela um amor como por uma divindade, foi atrás de Félix para lhe atribuir a razão, pois só a falta dela poderia justificar o ato dele. Encontrou-o e o questionou, conversaram até que Meneses conseguiu fazê-lo enxergar que Batista era o responsável pela carta apenas com o objetivo de atrapalhar o casal.

Depois disso os dois voltaram à Laranjeira e no mesmo instante Félix procurou por Lívia. A resposta dela foi que ele esperasse a sua recuperação para que conversassem, o que aconteceu rapidamente. O perdão foi concedido, mas não houve casamento. Lívia viu que tal união só traria dor a ambos, pois não era a aliança que retiraria de Félix todas as suas dúvidas.

Dez anos depois poderíamos ver Lívia se dedicando ao cuidado de seu filho e ainda amando ao médico, e Félix seguindo sua vida, mas sem nenhum vestígio da paixão que só se mantinha viva pela presença da viúva.

Por Rebeca Cabral


A mão e a luva (1874)

narra um caso de namoro complexo para os padrões burgueses. Guiomar, uma menina de 17 anos de idade, afilhada de uma baronesa, tem três pretendentes: Estevão (sentimental); Jorge (calculista); Luís Alves (ambicioso).

Estevão a ama loucamente de forma pura e inocente. Jorge, sobrinho da baronesa deseja ascender socialmente e tem por Guiomar um amor “pueril e lascivo”. Com Luís Alves é diferente, ele só passa a admirar a moça com o decorrer do tempo, mas é um homem resolvido e ambicioso.

Jorge tem o apoio da baronesa e de sua empregada inglesa, Mrs. Oswald e pede a mão de Guiomar. Luís Alves faz o mesmo no dia seguinte. A baronesa pede a Guiomar que se decida entre os dois e a moça escolhe Jorge para não ver a madrinha zangada, mas a baronesa sabe que o desejo da afilhada é casar-se com Luís Alves.

Então, Guiomar e Luís Alves se casam. Jorge se conforma com a escolha da amada e Estevão sonha com seu suicídio durante o casamento. Entretanto, nada disso interrompe os planos do jovem e ambicioso casal que se unem felizmente.

O fim do livro justifica o título da obra. Veja:

— Mas que me dá você em paga? um lugar na câmara? uma pasta de ministro?

— O lustre do meu nome, respondeu ele.

Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido, e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.

Por: Miriã Lira


Helena (1876)

Helena, obra de Machado de Assis, narra a história de Helena, que, considerada uma filha abastarda, é reconhecida e acolhida pela família de seu pai, quando este falece. O livro inicia seu enredo exatamente nesse momento, quando o Conselheiro Vale, pai de Helena, tem sua morte ocasionada por apoplexia, após sua sesta. Deixa para trás seu filho Estácio, sua irmã D. Úrsula, seu amigo Dr. Camargo, e sua filha que estará num internato, chamada Helena.

Em seu testamento, o Conselheiro reconhece sua filha Helena, até então desconhecida por sua família, e deixa para ela uma parte de sua fortuna, além disso, pede para que a acolham com laços familiares. Apesar da resistência de D. Úrsula, Helena sai do internato e vai viver com seu irmão e sua tia. Chegando à casa no Andaraí, tenta conquistar todos com seu jeito carinhoso. Apesar de tentar se afastar, D. Úrsula acaba precisando de cuidados por causa de sua saúde, e enxerga em Helena uma sobrinha dedicada. Assim, as duas se aproximam e a tia, antes fria, acaba por tornar-se uma defensora de Helena, cumprindo o papel de uma mãe.

Helena tem características aventureiras e pede que seu irmão lhe ensine a montar a cavalo, e com isso, os dois se aproximam cada vez mais, por causa dos passeios matutinos. Em contrapartida, Estácio se afasta cada dia mais de sua noiva, pois não enxerga nela qualidades comparáveis as de Helena. Eugênia, para ele, torna-se sem graça.

Mendonça chega à casa de seu amigo Estácio, após uma longa viagem pelo mundo, e assim que avista Helena, e logo se apaixona por ela. Mendonça pede ajuda ao padre para pedir a mão de Helena. Com o consentimento de Helena e do padre, Mendonça pede a mão da moça a Estácio. Entretanto, Estácio acha um absurdo. Movido pelo ciúme inexplicável que sente por Helena e pela desculpa de não ser um bom pretendente (uma vez que sua situação financeira não era tão boa quanto a de Helena), Estácio recusa a mão de Helena para seu amigo, causando assim uma grande intriga. Após muita conversa, Estácio aceitou o pedido de Mendonça, porém, Mendonça recusa, acreditando realmente não ser digno da mão de Helena.

Após Estácio ver sua irmã sair numa manhã de uma casa azul, próximo a sua casa, foi investigar e acaba por descobrir que Helena não era filha legítima do Conselheiro. Ela era filha de D. Ângela com seu pai. D. Ângela, um dia, que largou seu marido para ir morar com o Conselheiro Vale, impulsionada por um sentimento forte e recíproco. Mesmo Helena não sendo sua filha de sangue, Conselheiro a toma como filha e a cria, até sua morte.

Após toda a revelação, Estácio escolhe por deixar que Helena continue sendo reconhecida como filha do Conselheiro Vale, e assim herdeira dos bens. Porém, ela adoece. Mesmo após os dois serem livres para assumirem o amor que nutriam um pelo outro, esse amor não teve tempo de se concretizar, pois, com apenas um beijo dado a sua amada, Estácio se despede dela para sempre. Helena falece.

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Iaiá Garcia (1878)

Iaiá Garcia foi o último romance de Machado de Assis. Publicado no ano de 1878, é considerado como uma obra da fase romântica do escritor. O espaço em que a história se passa é Santa Teresa, bairro tradicional do Rio de Janeiro. O tempo se dá em meados de 1800, entre o desenrolar da Guerra do Paraguai e o seu final, durante os anos de 1865 e 1870. O trecho abaixo deixa claro o período em que a história se passa:

‘’Luís Garcia transpunha a soleira da porta, para sair, quando apareceu um criado e lhe entregou esta carta:

‘’5 de outubro de 1866. […]’’

Com personagens femininas marcantes, o livro Iaiá Garcia apresenta:

Dona Valéria, mãe de Jorge, que é apaixonado por Estela. Contrária ao romance entre os dois, manda o filho para a Guerra do Paraguai para acabar com o relacionamento. O escritor apresenta esta personagem como robusta e de grande estatura, altiva e de olhos tristes e negros. Pela idade avançada, Valéria tinha já alguns fios prateados nos cabelos.

Já Estela é a personagem que mais aparece no romance. Machado de Assis descreve-a no começo da obra como uma garota bonita de 16 anos. Com uma beleza natural, Estela não tinha a necessidade da utilização de artifícios para se embelezar. Além disso, tinha olhos escuros e grandes, palidez, delicadeza, meiguice e um forte senso moral.

Por ser um livro da fase romântica de Machado de Assis, em que há características como o sentimentalismo acentuado e a idealização do amor, não existe verossimilhança em Iaiá Garcia. Ao contrário de outros escritores do romantismo, Machado de Assis confere às personagens femininas uma forte personalidade que vai aumentado com o desenrolar na narrativa. Desta forma, as mulheres do livro Iaiá Garcia são diretas, intensas e são as condutoras da história.

De acordo com os críticos literários, Iaiá Garcia foi a obra mais valiosa da fase inicial de Machado de Assis. As características mais importantes do livro são o lirismo com que a narrativa é construída, os jogos psicológicos e a conduta de duas mulheres que estão em polos completamente diferentes: uma que não quer enxergar a realidade e outra que luta para se impor. A presença de mulheres marcantes na obra de Machado de Assis também é verificada em Helena, outro romance do escritor com mulheres de personalidade marcante e que conduzem o romance.

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Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)

A infância de Brás Cubas, como a de todo membro da sociedade patriarcal brasileira da época, é marcada por privilégios e caprichos patrocinados pelos pais. O garoto tinha como “brinquedo” de estimação o negrinho Prudêncio, que lhe servia de montaria e para maus-tratos em geral. Na escola, Brás era amigo de traquinagem de Quincas Borbas, que aparecerá no futuro defendendo o humanitismo, misto da teoria darwinista com o borbismo: “Aos vencedores, as batatas”, ou seja: só os mais fortes e aptos devem sobreviver.

Na juventude do protagonista, as benesses ficam por conta dos gastos com uma cortesã, ou prostituta de luxo, chamada Marcela, a quem Brás dedica a célebre frase: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”. Essa é uma das marcas do estilo machadiano, a maneira como o autor trabalha as figuras de linguagem. Marcela é prostituta de luxo, mas na obra não há, em nenhum momento, a caracterização nesses termos. Machado utiliza a ironia e o eufemismo para que o leitor capte o significado. Brás Cubas não diz, por exemplo, que Marcela só estava interessada nos caros presentes que ele lhe dava. Ao contrário, afirma categoricamente que ela o amou, mas fica claro que, naquela relação, amor e interesse financeiro estão intimamente ligados.

Apaixonado por Marcela, Brás Cubas gasta enormes recursos da família com festas, presentes e toda sorte de frivolidades. Seu pai, para dar um basta à situação, toma a resolução mais comum para as classes ricas da época: manda o filho para a Europa estudar leis e garantir o título de bacharel em Coimbra.

Brás Cubas, no entanto, segue contrariado para a universidade. Marcela não vai, como combinara, despedir-se dele, e a viagem começa triste e lúgubre.

Em Coimbra, a vida não se altera muito. Com o diploma nas mãos e total inaptidão para o trabalho, Brás Cubas retorna ao Brasil e segue sua existência parasitária, gozando dos privilégios dos bem-nascidos do país.

Em certo momento da narrativa, Brás Cubas tem seu segundo e mais duradouro amor. Enamora-se de Virgília, parente de um ministro da corte, aconselhado pelo pai, que via no casamento com ela um futuro político. No entanto, ela acaba se casando com Lobo Neves, que arrebata do protagonista não apenas a noiva como também a candidatura a deputado que o pai preparava.

A família dos Cubas, apesar de rica, não tinha tradição, pois construíra a fortuna com a fabricação de cubas, tachos, à maneira burguesa. Isso não era louvável no mundo das aparências sociais. Assim, a entrada na política era vista como maneira de ascensão social, uma espécie de título de nobreza que ainda faltava a eles.

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Casa Velha (1885)

Por achar o livro que o padre Luis Gonçalves escreveu medíocre, é que o padre resolveu escrever para mostrar que não só sermões e rezas, consegue escrever um membro da igreja. Seu livro trataria de política na época de Dom Pedro I e resolveu fazer a pesquisa na Casa Velha (nome do livro). Ali, havia uma biblioteca e documentos que contavam sobre acontecimentos políticos da época. Na casa velha vivia D. Antônia, viúva de um ministro, mãe de Félix e provedora de Lalau.

O padre foi recebido com todas as honras por D. Antônia e Félix e este o assessorava em tudo; acompanhava-o em sua pesquisa e demonstrava sempre boa vontade. Assim como D. Antônia, Félix era muito educado, fino e prestativo, um verdadeiro filho de ministro. Em um dia de pesquisa, o padre teve contato com Lalau. Lalau era educada, viva, sorridente e trasbordava vida pelos olhos e coração. O padre logo se encantou com a menina e se viu entre o inferno e o céu. Aquela menina o tirava o Hábito, confundia seus dogmas e o fazia se perder em pensamentos. Em meio a pesquisas e observações, o padre percebeu que entre Lalau e Félix existia um flerte; apesar da diferença social, pois Lalau era simples e Félix sofisticado, havia entre eles um amor que quebrava as barreiras sociais preconceituosas; percebeu também que D. Antônia queria a qualquer custo manter Félix longe da Casa velha e providenciar uma viagem para ele. Félix relutava, não queria sair de perto de sua amada (Lalau) e de súbito veio com a idéia de seguir a carreira política, tal qual seu pai; talvez uma fuga, uma desculpa para continuar perto de sua amada.

O padre, num gesto altruísta, tentou ajudar o casal de enamorados. Queria-os casar, mas logo foi repreendido por D. Antônia que achava a ideia estapafúrdia. O padre a interrogava sobre a negatividade e D. Antônia nada respondia. Félix decidiu ficar e seguir a carreira política, tal qual seu pai e Lalau desfilava sua simpatia pela Casa Velha. O padre continuava sua pesquisa e sempre Lalau ia visitá-lo, acendendo mais a sua chama e mostrando sua fragilidade ante o Hábito. Lalau era muito viva e explodia de felicidade, vivia pela Casa Velha, distribuindo sua vida. Os dias passam e D. Antônia resolve contar porque não quer o enlace de Félix e Lalau; diz que os dois são irmãos, frutos da traição de seu marido. O padre quase cai de costas e se assusta com o incesto que ele mesmo queria pôr em prática.

D. Antônia pede sua ajuda para separá-los e o padre aceita. Sem demoras ele conta para Félix a terrível notícia e assim o amor incestuoso tem seu fim. Lalau não sabe de nada e vê seu amado afastar sem nenhuma justificativa. Sofre a dor da desilusão e o padre sente pena da tal menina, que antes viva e agora só lamúrias. Certa noite, D. Antônia convida um coronel para vir jantar em sua casa e o mesmo tinha uma filha chamada Sinhazinha e ali estava a futura noiva de Félix. Lalau se casaria com Vitorino, pobre, mas honesto. Mas a história tinha também ainda novas histórias e D. Antônia resolve contar a verdade. Lalau e Félix não eram irmãos, o filho do relacionamento extra-conjugal havia morrido. O padre quis tentar reconciliar o casal, mas já não havia mais como. Num jogo de mentiras de D. Antônia e do próprio ministro e por que não falar do padre, eles se recusaram. Eram muito honestos.

D Antônia não era tão passiva e caridosa, pois guardava dentro do coração uma mágoa que passava por cima até da felicidade de seu filho. Vivia de fachada com seu altruísmo e se arrebentava com o desejo de vingança. Sofrera calada com as traições do marido. O padre, querendo escrever a história da política, conseguiu contar a história da mentira e da dissimulação. Apaixonou-se e viu sua fé colocada à prova e talvez por isso, ou para se livrar da tentação, resolveu casar Felix e Lalau, um gesto que precipitou a separação e alimentou a mentira criada por D. Antônia.

Ao mesmo tempo em que queria casá-los, separou-os. A história mostra a dissimulação e uma vingança tardia, cuja vitimas, não tinham nada que ver com os erros do passado. O incesto, construído em cima de uma vingança e de remorso, destruiu a felicidade do casal e fez com que os dois se negassem, quando enfim, a mentira foi revelada, mostrando a todos uma honestidade sectária e corajosa.

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Quincas Borba (1891)

O título do livro está relacionado com o filósofo Quincas Borba, que logo no início da história falece.

Com a morte dele, Pedro Rubião de Alvarenga, discípulo do filósofo e seu enfermeiro particular, é agraciado com uma grande herança.

Resolve mudar-se para o Rio de Janeiro, num palacete no Botafogo. Antes, ele vivia numa fazenda na cidade mineira de Barbacena.

Além disso, Rubião fica encarregado de cuidar do cão de seu amigo, que também se chamava Quincas Borba.

Sendo assim, a obra narra a história de Rubião, ex-professor primário e enfermeiro, que resolve mudar sua vida provinciana passando a viver na cidade. Durante sua trajetória, ele conhece o casal Palha: Cristiano e Sofia.

A partir disso, ele começa a ter contato com diversas características que o levam a se tornar um “professor capitalista”.

Isso porque na sua ingenuidade, que estava ligada a vida simples que levava, Rubião foi visto como uma pessoa que facilmente poderia ser ludibriada. Assim, passa a conviver com seus novos “amigos”, o casal Palha.

Extasiado pela beleza e meiguice de Sofia, Rubião acaba por se interessar pela moça. Num momento, ele revela seu amor, porém é rejeitado pela personagem. Fiel a seu marido e suas ações, Sofia conta a Cristiano.

Mesmo sabendo, ele continua a relação com Rubião, uma vez que tinha interesses maiores, relacionados com sua fortuna.

Triste com a decisão de Sofia, Rubião, aos poucos, vai sendo acometido pela loucura. Ele crê ser Napoleão III e repete incessantemente a máxima de seu amigo falecido Quincas “Ao vencedor, as batatas“.


Dom Casmurro (1899)

O romance é narrado pelo próprio Bento Santiago, conhecido como Bentinho. Ele é um homem por volta dos seus 60 anos e que está disposto a contar sua história de amor por sua vizinha: Capitu. A trama tem como local a cidade do Rio de Janeiro durante o período do Segundo Império.

Bento começa a descrever sua história desde a infância e a intenção de sua mãe enviá-lo a um seminário para ele se tornar padre. Isso porque Dona Glória fez uma promessa de que faria um homem sacerdote.

Embora tenha tentado inverter a situação, Bento acaba indo para o seminário, no entanto, antes dá um beijo em Capitu. Além disso, promete se casar com ela.

Ali conhece seu melhor amigo, Escobar. Enquanto Bento estuda para ser padre, Capitu se aproxima de sua mãe, Glória.https://imasdk.googleapis.com/js/core/bridge3.496.0_pt_br.html#goog_1617966664

Confusa com a promessa que havia feito, Glória pretende falar com o Papa para tirar o menino do seminário. Nesse momento, Escobar lhe oferece uma solução.

Como ela havia prometido que faria um menino sacerdote, não necessariamente tinha de ser seu filho. Assim, Bentinho sai do seminário e em seu lugar é enviado um escravo.

Mais adiante, Bento vai estudar Direito no largo São Francisco, na cidade de São Paulo. Depois de formado, ele casa-se com Capitu.

Seu amigo Escobar, casa-se com uma amiga do colégio de Capitu, Sancha, e com ela tem uma filha: Capitolina.

Durante muito tempo os casais saiam juntos e Capitu finalmente fica grávida. Decidem colocar o mesmo nome do amigo na criança em homenagem a ele.

Com a chegada do filho do casal, o pequeno Ezequiel, Bento começa a desconfiar de sua esposa. Isso porque seu filho é muito parecido fisicamente com seu grande amigo Escobar.

Num dos momentos da trama, seu grande amigo Ezequiel morre afogado. Bentinho permanece com a dúvida da traição de Capitu, o que gera diversas discussões entre eles.

Num momento de fúria e confusão, ele tenta matar a criança, mas por fim, Capitu entra na sala. Entretanto, Bentinho chega a dizer para o pequeno Ezequiel que ele não é seu pai.

Por fim, eles se separam e Bentinho vai para a Europa. De volta ao Brasil, torna-se cada vez mais amargurado e nostálgico por sua vida.

Capitu, por sua vez, acaba por falecer no exterior. Após a morte da mãe, o filho tenta uma reaproximação com seu pai, que o rejeita novamente.

Por fim, o filho do casal morre de febre tifoide numa expedição em Jerusalém. Bento constrói uma casa na antiga rua que vivia quando era criança e relembra dos momentos de sua vida.


Esaú e Jacó (1904)

Esaú e Jacó começa com a visita de Natividade, grávida de gêmeos, e sua irmã, Perpétua, a uma cabocla do Morro do Castelo. A futura mãe queria conhecer o destino dos filhos gêmeos, Pedro e Paulo. A previsão da cabocla é animadora: “serão grandes”. Isso, porém, não é suficiente para desfazer a inquietação de Natividade, que se preocupa com as possíveis brigas dos irmãos ainda no ventre. 

Ao chegar em casa, a mulher relata as previsões a Santos, seu marido. O homem fica feliz, mas resolve procurar o amigo e mestre espírita Plácido para saber sobre as brigas. O amigo o tranquiliza, afirmando os meninos seriam grandes homens e por isso brigavam antes mesmo do nascimento.

Pedro e Paulo crescem idênticos fisicamente, mas completamente diferentes na personalidade. Paulo, republicano, ingressa na faculdade de Direito, e Pedro, monarquista, cursa Medicina. Ambos encantam-se por Flora, filha do político oportunista Batista e de Dª Cláudia. Com a nomeação de Batista para presidente de uma província do norte, a jovem, dividida entre os gêmeos, se desespera, sem querer deixar o Rio. Com a proclamação da república, a moça acaba permanecendo na cidade. No entanto, ainda indecisa, resolve ir para a casa da Rita, irmã do Conselheiro Aires, e assim ter mais tempo para escolher um dos irmãos. Antes de decidir, a jovem adoece e morre. Os irmãos sofrem, mas logo dão curso às suas carreiras.

Os dois se enfrentam na vida política como deputados em lados opostos no parlamento. Com a morte de Natividade, atendendo a seu último pedido, cessam os desentendimentos. A paz dura pouco, logo os irmãos voltam a trocar farpas e terminam separados.

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Memorial de Aires (1908)

Memorial de Aires foi escrito em formato de diário, mesma forma de construção de Memórias póstumas de Brás Cubas, então é um texto fragmentado e sem linearidade. Machado de Assis o escreveu de janeiro de 1888 a setembro de 1889, sendo este o último romance dele, que se difere dos demais de sua fase realista.

Marcondes de Aires, aposentado após mais de trinta anos sendo diplomata no exterior, viúvo e solitário, resolve escrever sobre si, sobre o casal Aguiar e sobre os “filhos postiços” deste, Tristão e Fidélia, como meio de distração da tediosa velhice.

Quando escreve seu diário, Conselheiro Aires parece construir sua autobiografia através da vida dos personagens que ele observa e descreve, pois assim, ele analisa sua própria existência, claro que intrínseca de uma requintada ironia.

Aguiar e d. Carmo estão casados há 25 anos, tem um casamento estável e feliz, mas sofrem com a ausência dos filhos. A mulher era a que mais sentia essa falta e para aliviar um pouco essa dor transferiu seu amor de mãe para seu afilhado Tristão e para a jovem viúva Fidélia, a qual chamava de “minha filha”.

Conselheiro Aires escreve seu diário para fugir do ócio da velhice. Ao conhecer Fidélia, coloca-se desafiado a conquistá-la, então aposta com a mana Rita que tinha certeza absoluta que a viúva jamais se casaria de novo.

Tristão deixa os pais “postiços” para acompanhar seus pais em uma viagem à Europa. Acaba ficando por lá e formando-se em medicina. Ele às vezes envia cartas até que não mais. A notícia de seu retorno ao Brasil alegra o casal Aguiar, em especial d. Carmo, já que Fidélia se despedira numa carta com um “da sua filhinha Fidélia”.

Ao se conhecerem Fidélia e Tristão se apaixonam. Conselheiro Aires abandona seu desejo de casar-se com Fidélia e volta-se totalmente para o casal Aguiar e para a sua condição de velho, viúvo e solitário. Porém, sábio e equilibrado.

Fidélia e Tristão casam-se e vão para a Europa deixando mais uma vez o casal Aguiar solitários por estarem longe de seus filhos. No último capítulo do diário, Aires parece almejar juntar-se à solidão do casal Aguiar, o único destino dos velhos.

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