“A história dos meus dentes” conta a história de Gustavo Sanchez Sanchez, conhecido como Estrada e autoproclamado o maior leiloeiro do mundo, mesmo que, por sua discrição, ninguém saiba disso. Sua missão de vida é uma e apenas uma: trocar todos os seus dentes. Nascido com a peculiar condição de ter quatro dentes pré-natais, Estrada vê o mundo através dos dentes — seus, dos outros. “Os dentes são a verdadeira janela da alma”, ele garante. E, por mais absurda que pareça ser a premissa dessa história, vamos aos poucos sendo compelidos a concordar com Estrada. Podemos, sim, conhecer o mundo através dos dentes. Isso porque podemos conhecer o mundo através de qualquer coisa. Que sejam os dentes, então, aquilo que vai nos fazer debruçar sobre nós e sobre os outros.
LEIA AQUI A RESENHA COMPLETA DO LIVRO!
Selecionamos algumas das frases mais marcantes desse livro que já é um clássico da literatura latinoamericana. Confira:
O fracasso de outras pessoas e o também o sucesso de outras pessoas sempre me fazem colocar minha própria sorte em perspectiva.
Eu não era um vil vendedor de objetos, e sim, antes de mais nada, um amante e colecionador de boas histórias, que é a única maneira realmente honesta de modificar o valor de um objeto.
(…) sem o menor aviso, o deus das pequenas coisas pôs o paraíso na minha frente.
Deus não dá pão a quem não tem dentes.
Assim são os homens públicos, incluindo os padres: estão com a cabeça tão ocupada consigo mesmos que não sentem nenhuma curiosidade pela vida dos outros.
Existe em todo homem uma propensão natural para ampliar ou atenuar o que vê à sua frente, e ninguém se contenta com a verdade exata.
Os dentes são a verdadeira janela da alma.
A partir de então sempre pensei que o inferno são as pessoas terríveis em que você pode se transformar um dia.
Existem coisas demais, continuou em tom queixoso, livros demais, opiniões demais. Qualquer coisa que eu faça vai necessariamente se somar ao grande monte de lixo que cada pessoa vai deixando atrás de si. Está fazendo sentido? Perfeito sentido. É por isso que eu sou leiloeiro.
O que os leiloeiros leiloam, no fim das contas, são apenas nomes de pessoas, e talvez palavras. Tudo que faço é dar-lhes um novo conteúdo.
Enquanto houver histórias, haverá gente para ouvir. Lugares e pessoas são feitos de história.
Nomes são um tipo especial de palavra, tão especial que alguns pensaram que eles não faziam parte da linguagem.
As melhores ideias, assim como os melhores objetos, são simples.
Nunca se sabe quando a sociedade vai criar montanhas a partir de montinhos de terra.
Quando Estrada começou a me contar suas histórias, cheguei a pensar que ele fosse um mentiroso compulsivo. Mas, depois de viver com ele, percebi que tinha menos a ver com mentir do que com superar a verdade.
Por meio de suas histórias, Ecatepec se tornou habitável para mim, então talvez um dia, se eu contar essas histórias, ela se torne um lugar que outras pessoas queiram visitar.
Era um homem que amava os objetos deste mundo. Seu amor ia além do valor material real desses objetos; ele os valorizava por aquilo que, de algum modo, em silêncio, continham.
Comentários estão fechados.
Add Comment