‘Abraqueerdabra’: coleção brasileira faz releituras LGBTQ+ de fantasias clássicas

Se existe uma tendência importante para as gerações de leitores e escritores que vêm se formando, é a busca pela representatividade. É inegável que, com a influência da arte no cotidiano das pessoas, aquilo que lemos e assistimos constitui um repertório fundamental de nossa cultura, influenciando de forma substancial como percebemos o mundo e, por conseguinte, nós mesmos. Na cultura pop, a busca pela representatividade se desdobra em feitos importantes como a valorização da cultura africana em Pantera Negra e em Black is King, da Beyoncé. Na imaginação prazerosa de uma era regencial onde pessoas negras e brancas convivem em igualdade na alta sociedade, como em Bridgerton. Ou ainda no crescente número de histórias protagonizadas por mulheres que buscam se esquivar de estereótipos. 

A literatura é um espaço plural em que se pode explorar as convergências e as dissonâncias das questões identitárias, proporcionando um alargamento das noções tradicionais de gênero, sexualidade, ou orientação sexual.

A Associação Boreal é uma das participantes dessa discussão na literatura brasileira, com uma proposta importante de protagonismo LGBT+ na ficção especulativa.

A iniciativa da Boreal é estreitar laços entre leitores, autores e editoras para a publicações de obras em ficção especulativa com protagonismo LGBT+, em obras de magia, terror, fantasia em que “a sexualidade ou a identidade de gênero sejam apenas mais uma característica, e não a problemática ou o obstáculo do enredo”

Em agosto de 2020, a Associação Boreal lançou a sua primeira coleção: Abraqueerdabra, uma coleção de releituras LGBTQ+ de fantasias clássicas, ilustrada por Rebecca Braga.

Até o momento já são 5 títulos lançados pelo selo, e todos disponíveis para baixar de graça pelo Kindle Unlimited da Amazon.  As histórias da série se passam na cidade fictícia de Nova Eldorado, com personagens gays, lésbicas, bissexuais, dragqueens, assexuais, poliamorosos, dentre outras expressões de gênero e orientações amoroso-sexuais na gama ampla e frutífera da identidade humana. 

Conheça a sinopse e as capas dos títulos já lançados, e siga a Boreal no Instagram e no Twitter para saber mais. 

Armadilhas para lobos, de Maria Eloise Albuquerque (inspirado em Chapeuzinho Vermelho)

Em Nova Eldorado, cidade que um dia teve o céu coberto pelo brilho da aurora boreal, as estudantes Amanda Valente e Luna Bocaiúva vivem como completos opostos. Ninguém pensaria que elas seriam vistas juntas, até que uma tragédia se acomete sobre a família de Luna, e ela precisa recorrer à inteligência de Amanda se quiser trazer justiça para os Bocaiúva. Porém não será tão fácil entrar em um acordo. Se Luna é lembrada por seu visual rebelde, sua falta de compromisso e sua ascendência, tomada como estrangeira por muitos, Amanda, a garota de cachos vermelhos, é famosa por seu orgulho, sua desconfiança e pelas notas incríveis.

O problema começa quando sentimentos inesperados se afloram entre elas, ao mesmo tempo em que uma chantagem trás o passado de Luna de volta. A confiança que constroem será posta à prova, o que pode não só afastá-las de vez, como também levá-las ao limite para decidir o que é mais importante para cada uma: orgulho, família, amizade ou amor? (Fonte da sinopse

12 chamadas perdidas, de Bea Goés Cruz (inspirado em Cinderela)

Eliseu é um pré-vestibulando que divide seu tempo entre cuidar da casa, dos irmãos e ainda proteger a mãe do temperamento volátil do padrasto. Sem tempo para o amor, Eli deixa sua paixão platônica por Henrique enterrada por anos. Mas isso muda quando sua melhor amiga o convence a ir em uma festa à fantasia do dia das bruxas, onde ele conhece um príncipe um tanto excêntrico.

Com o coração dividido entre um inesperado romance, as provas finais se aproximando e a tensão crescente dentro de casa, Eliseu precisa encontrar uma forma de libertar a família de seu algoz antes que seja tarde demais. (Fonte da sinopse)

O jovem rei, de Becca Stupello e Thai Hossmann (inspirado no Ciclo Arturiano)

Arthur está longe de ser um príncipe, e ainda mais de ser um rei. Refugiado numa comunidade de palafitas após se tornar uma ameaça em casa, ele ainda tem o desejo de ingressar na Guarda Real, ficar com Guinever, a garota que ama, e de limpar a cidade das gangues que mataram seu amigo de infância, Lancelot. Mas para trazer justiça à Nova Eldorado, ele precisa de dinheiro. E é buscando pepitas de ouro que acaba encontrando um artefato poderoso, que traz a maga Merlin direto para sua vida com a sentença: ele retirou a Excalibur do lago e agora tem o direito de governar. Só tem um problema — Arthur a vendeu.

A cidade está prestes a colapsar com o fim da magia e, segundo Merlin, ele é quem pode deter o desequilíbrio. Ao lado da maga, de Guinever e de uma aliança improvável com quem ele considerava inimigo, o jovem Arthur enfrentará intrigas e segredos para recuperar a Excalibur e se tornar mais que um mero soldado: um rei. (Fonte da sinopse)

Quem matou Capitão Gancho?, de Anna Anchieta (inspirado em Peter Pan)

Por todo canto de Nova Eldorado, os jornais anunciaram: Capitão Gancho – o temível atirador de facas do circo “A Terra do Nunca” – está morto.

⁹Seis meses depois, todos parecem ter se esquecido da morte no circo; menos um. Julian Roger é um trapaceiro com habilidades mágicas que vive de favores. Mais do que qualquer outro, ele tem motivos para temer o circo e seus segredos cobertos por lona colorida. Ainda assim, Julian investiga sozinho o caso que a polícia preferiu arquivar, numa delirante obsessão em descobrir a verdade por trás da morte de Jaime Gancho.

Ele investiga das sombras, fazendo um trabalho distante e discreto. Até que um dia recebe um envelope debaixo de sua porta – um convite para o circo, assinado pelo nome do maior alvo de suas suspeitas: Peter Pan, o mágico e comandante do lugar.

Estimulado pelo desafio oculto na carta, Julian decide partir para a Terra do Nunca, e assim tentar acabar de vez com o mistério que o atormenta há tanto tempo. (Fonte da sinopse)

Alice 190, de Anita Saltiel (inspirado em Alice no país das maravilhas)

⁸Cansada de esperar pela fortuna da família e por um futuro que foi traçado muito antes de nascer, Alice vive em expectativa de que algo mágico aconteça em sua vida. Presa dentro de casa e com uma vida regrada e cheia de livros sem gravuras, ela se vê mais entediada do que nunca. Quando um misterioso papel em forma de coelho é preso em seu portão, a curiosidade de saber do que se trata acaba lhe dando um fio de esperança. Alice, completamente deslocada e desnorteada, acaba correndo por Nova Eldorado atrás do papel, que se revela um convite para uma festa nos arredores da cidade, nas tubulações de esgoto abandonadas.

Com a promessa de voltar antes que fique muito tarde, ela vai até o local a procura de uma aventura de poucas horas. Só não imagina os horrores e as maravilhas que a esperam debaixo da terra. (Fonte da sinopse)

Imagens: Reprodução

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