Estamos em meio a uma pandemia, mais de 200 mil mortes, políticas de governo que desviam verbas ao combate a pandemia e um governo federal que sabota todas as políticas de vacinação e faz questão de atrapalhar em tudo que pode com fake news, remédios sem eficácia comprovada, gestão confusa e negacionista. E, mais uma vez, quem se levanta contra todo esse panorama? A arte.
E o funk, que tem sido uma arte de vanguarda, de experimentação, de representatividade e recorte de classe, mais uma vez prova que tem sido o gênero capaz de melhor apresentar as tensões e os atravessamentos da arte contemporânea.
O funkeiro e produtor Mc Fioti é um dos maiores fenômenos do funk. O seu hit Bum Bum Tam Tam foi o primeiro vídeo do youtube a atingir a marca de 1 bilhão de visualizações, passando hoje de 1 bilhão e meio. Em um incrível vídeo do G1, o cantor explica como compôs a música: em um notebook como qualquer outro, ele passou horas pesquisando referências até que encontrou um concerto de Bach com sua flauta inesquecível. Ali nascia o seu sucesso. Depois, ele começou a compor a música em um caderno e depois gravou-a sem microfone. Isso mesmo, a voz que a gente ouve na canção é gravada do celular do cantor, um smartphone como o nosso. Sem estúdios sem nada, ele construiu a alquimia que vira essa canção. O G1 chamou o processo de uma “anatomia do Bum bum tam tam”, fazendo um trocadilho entre a anatomia do corpo, ou seja, do bumbum e da construção da música com sua batida, seu bumbum sonoro. (Veja aqui!)
Eis que, em plena pandemia, o cantor fez ainda mais, propôs uma versão da própria canção em movimento a favor da vacinação. Assim, ele foi até o Instituto Butantan e gravou com os funcionários do instituto a sua versão que é simplesmente de arrepiar. A arte salva demais e esta canção vai ajudar a salvar muitas vidas, coisa que o governo tem se recusado a fazer. O funk é uma vanguarda da arte que a gente tem que valorizar! Veja a versão aqui: