A cor púrpura é um romance de Alice Walker, autora americana natural da Geórgia, publicado em 1982. A história é contada por meio de cartas escritas por Celie, uma menina de 14 que vive numa região rural do sul dos Estados Unidos dos anos 30.
Grávida pela segunda vez do próprio pai, e forçada a um casamento, Celie escreve cartas para Deus e para sua irmã, Nettie. É uma história que aborda a profunda situação de desamparo social em que se encontravam mulheres negras naquele tempo (e ainda hoje) e a potência dos laços criados entre mulheres para encontrar outras linguagens de afeto.
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A obra em sua língua original é escrita no inglês não normativo, no vernáculo afro-americano, para espelhar com mais proximidade a realidade de pessoas negras que viveram na Geórgia dos anos 30. Por isso, a versão em português caminha pela variação mais popular e respeita a linguagem da história original.
Com o romance, Alice Walker ganhou o Pulitzer em 1983, e viu sua história se tornar um longa-metragem nas mãos de Steven Spielberg, com roteiro de sua autoria, em 1985, que contou com Whoopi Goldberg, Oprah Winfrey e Danny Glover no elenco.
Confira aqui as melhores citações que separamos desse belíssimo livro:
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Eu mesmo acho que a gente tá aqui pra se adimirar. Pra adimirar. Pra perguntar. E adimirando as grandes coisa e perguntando sobre as grande coisa é que a gente vai aprendendo as coisa pequena, quase que por acaso. Mas a gente nunca sabe mais sobre as grandes coisa do que sabia quando começou. Quanto mais eu admiro as coisa, ele falou, mais eu amo.
Todo mundo quer ser amado. A gente canta e dança, faz careta e dá buquê de rosa, tentando ser amado. Você já reparou que as árvore fazem
tudo que a gente faz pra chamar atenção, menos andar?
Aqui tá a coisa, Shug falou. A coisa queu acredito. Deus tá dentro de você e dentro de todo mundo. Você vem pro mundo junto com Deus. Mas só quem procura essa coisa lá dentro é que encontra. E às vez ela se manifesta mesmo se você num tá procurando, ou num sabe o que que tá procurando. Os problema fazem isso pra maioria das pessoa, eu acho. A tristeza, nossa! A gente sentir que é uma merda.
O tempo anda devagar mas passa depressa.
Toda minha vida eu tive que brigar. Eu tive que brigar com meu pai. Tive que brigar com meus irmão. Tive que brigar com meus primo e meus tio. Uma criança mulher num tá sigura numa família de homem. Mas eu nunca pensei que ia ter que brigar na minha própria casa. Ela respirou fundo. Eu gosto do Harpo, ela falou. Deus sabe como eu gosto. Mas eu mataria ele antes de deixar ele me bater.
Você tá dizendo que Deus é vaidoso? eu perguntei.
Não, ela falou. Num é vaidoso, só quer repartir uma coisa boa. Eu acho que
Deus deve ficar fora de si se você passa pela cor púrpura num campo qualquer e nem repara.
Eu sou pobre, eu sou preta, eu posso ser feia e num saber cuzinhar, uma voz falou pra toda coisa que tava escutando. Mas eu tô aqui. Amém, Shug falou. Amém, amém.
Celie, fala a verdade, você alguma vez encontrou Deus na igreja? Eu nunca. Eu só encontrei um bando de gente esperando ele aparecer. Se alguma vez eu senti Deus na igreja foi o Deus queu já tinha levado comigo. E eu acho que todo o pessoal também. Eles vão pra igreja pra repartir Deus, não pra achar Deus.
As pessoa acham que agradar a Deus é tudo que interessa a ele. Mas qualquer idiota no mundo pode ver que ele sempre tá é tentando
agradar a gente de volta.
É? eu falei.
É, ela falou. Ele tá sempre fazendo piquenas surpresa e espalhando elas em volta da gente quando a gente menos espera.
Fonte: WALKER, Alice. A cor púrpura. Trad. Betúlia Machado, Maria José Silveira e Peg Bodelson. Rio de Janeiro: José Olympio, 2016.