A literatura erótica é um gênero literário que existe deste que existe literatura. Já no Império Romano, por exemplo, havia a obra Satiricon, de Petrônio, depois adaptada por Pasolini para o cinema, com diversas cenas de sexo explicito. No decorrer da história o sexo permaneceu tabu e, justamente por isso, sempre esteve presente em todas as era e etapas de nossa sociedade. Sempre visto como uma “arte menor” por estudiosos e até pelo público, no entanto, nunca deixou de ser altamente consumido, inclusive por pessoas que jamais assumiriam tal feito.
A literatura erótica, além de projetar nossos tabus e nossos desejos secretos, tem ainda a função de expor o nosso lado sexual, quiça animal, que fica solapado pelo mundo cotidiano da vida e do capital. O NotaTerapia fez uma lista com as principais obras da literatura erótica que hoje são clássicos da literatura.
Memórias de Uma Prostituta (Fanny Hill), de John Cleland
Publicada pela primeira vez em 1749, esta obra foi impedida de circular livremente devido aos preconceitos da época. Não obstante, conheceu rapidamente um grande êxito, tendo sido rapidamente traduzida em várias linguas. Exemplo perfeito de uma novela erótica, “Funny Hill” revela um fino estilo literário, assim como uma grande delicadeza na narração das situações mais escabrosas.
O Romance da Luxúria, Autor Anônimo
O Romance da Luxúria, ou Primeiras Experiências é um romance erótico Época Vitoriana publicado anonimamente por William Simpson Potter (1805–1879) ou Edward Sellon (1818–1866). Narra a estória das iniciações sexuais do jovem Charlie Roberts.
Justine, de Marques de Sade
Em Justine, o mais importante romance de Sade (cuja primeira versão data da época em que sofre dos olhos e se lamenta o mais possível dos vexames dos carcereiros), a virtuosa heroína é violada, molestada, aviltada, presa por falsas acusações e, por fim, maltratada por toda a sociedade. Sade é um lutador rude e arranca brutalmente à maldade humana a sua máscara de hipocrisia. Quando, em Justine, Roland graceja: «Sirvo-me da mulher como de um bacio na cama», Sade põe a nu o inconsciente de alguns indivíduos da vida real. Foi o único autor que conseguiu criar o zero absoluto do amor, o que lhe confere uma posição insubstituível na filosofia do erotismo. Depois de o ler, forçoso será cada qual recompor para si, com maior clarividência, os valores íntimos por ele radicalmente destruídos.
Vênus das Peles (Vênus Castigadora), de Leopold von Sacher-Masoch
A Vênus das Peles, escrito em 1870 por Leopold von Sacher-Masoch, é o livro de estréia da série Erótica lançada pela Editora Hedra, e cujo objetivo é consolidar um catálogo de literatura erótica e pornográfica em língua portuguesa ainda pouco conhecida do público brasileiro. A nova série pretende reunir diferentes gêneros de prosa, poesia, memórias e relatos que retratem um amplo panorama da literatura erótica mundial.
Três Filhas da Mãe, Pierre Louÿs
Três filhas da mãe é um clássico que conta as aventuras sexuais de um jovem que se envolve simultaneamente com uma prostituta e suas filhas; nesse conturbado e apimentado relacionamento, Louÿs explora, entre outras facetas amorosas, o lesbianismo e o sexo interespécies. Ainda que alguns episódios, relatados pelas personagens femininas, se desenvolvam paralelamente à história principal, que se passa num quarto, tudo neles é sexo, não havendo quebra de tom na obra. Certa vez Baudelaire afirmou que “o pecado é monótono”, mas essa frase com certeza não se aplica a este livro de Pierre Louÿs, no qual o leitor encontrará os comportamentos sexuais e psicológicos mais diversos.
História do Olho, de Georges Bataille
Publicado em 1928 sob o pseudônimo de Lord Auch, o livro acompanha as peripécias sexuais do jovem narrador e de sua amiga Simone. Embebido da atmosfera do surrealismo francês, do qual o próprio Bataille chegou a fazer parte, o relato suspende do horizonte das personagens o interdito do universo adulto e propicia aos jovens uma jornada de extravagâncias que envolvem sadismo, orgias, tortura e loucura, culminando em um ato de transgressão.
Trópico de Câncer, de Henry Müller
‘Trópico de Câncer’ traz um relato autobiográfico e idiossincrático de Miller, que chega a Paris após abandonar nos EUA um casamento arruinado e uma carreira estagnada. Mesmo sem um centavo no bolso, Henry Miller é apresentado à boemia francesa e redescobre seu próprio talento em dias e noites de liberdade e alegria sem fim.
A História do O, de Pauline Réage
“História de O” é um clássico do sadomasoquismo. Uma jovem, conhecida como O, se deixa torturar sexualmente para obedecer a seu amante, que diz amá- la tanto quanto ela a ele. O adora o sofrimento. Floresce como mulher. Se se tem alguma experiência social, é fácil perceber que boa parte das relações afetivas entre as pessoas tem fortes componentes masoquistas, em geral negados pelos participantes da boca para fora. O toque de Reage é mágico. Na primeira página, o leitor se sente fisgado.
Delta de Vênus, de Anais Nin
Prostitutas que satisfazem os mais estranhos desejos de seus clientes. Mulheres que se aventuram com desconhecidos para descobrir sua própria sexualidade. Triângulos amorosos e orgias. Modelos e artistas que se envolvem num misto de culto ao sexo e à beleza. Aristocratas excêntricos e homens que enlouquecem as mulheres. Estes são alguns dos personagens que habitam os contos – eróticos – de Delta de Vênus, de Anaïs Nin. Escritas no início da década de 40 sob a encomenda de um cliente misterioso, estas histórias se passam num mundo europeu-aristocrático decadente, no qual as crenças de alguns personagens são corrompidas por novas experiências sexuais e emocionais. Discípula das descobertas freudianas, Anaïs Nin aplicou nestes textos a delicadeza de estilo que lhe era característica e a pungência sexual que experimentou na sua própria vida. Mais do que contos eróticos, Delta de Vênus oferece ao leitor histórias de libertação e superação.
Os Desejos da Bela Adormecida (Trilogia), de Anne Rice
Na versão tradicional do conto A Bela Adormecida, imortalizada por Charles Perrault e pelos irmãos Grimm, o feitiço que cai sobre a linda e jovem princesa só pode ser quebrado pelo beijo de um príncipe. Sob o pseudônimo de A. N. Roquelaure, Anne Rice reimagina a história de Bela e expõe toda a subjetividade deste conto que povoa a imaginação coletiva, explorando sua ligação inegável ao desejo sexual. Aqui, o príncipe desperta Bela não com um beijo, mas com a iniciação sexual. Sua recompensa para acabar com os cem anos de encantamento é a escravidão total e completa de Bela a seu prazer. A heroína é levada para o castelo do príncipe onde terá de se submeter a provações inimagináveis como prova da sua entrega e dedicação.
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