A Liga dos Corações Puros: Uma história transcendental de pura alquimia da consciência

Autor: César Dabus
Editora: Chiado
Ano: 2018
Número de páginas: 486
ISBN: 978-989-52-2351-0

Muito se discorre a respeito de “originalidade”. O que torna um livro “original?” É o roteiro, os personagens, a construção literária, o texto em si, criatividade, ou tudo isso junto? Eu diria que é tudo isso junto e “muito mais”. Eis A Chama, o primeiro dos onze volumes da saga A Liga dos Corações Puros (LCP), do autor paulistano César Dabus, de 26 anos, lançado no segundo semestre de 2018 pela Chiado Editora. Esqueçam tudo o que vocês conhecem sobre literatura fantástica. Esqueçam tudo a respeito de viagens espaciais em naves belas e cintilantes. Esqueçam poesia como um enfeite ou mera canção. Esqueçam tudo sobre armas convencionais.


Na cabeça de muita gente, a LCP seria uma história “estranha”, por assim dizer, porque ela é “fora do comum”, fora do “quadrado”. A LCP é uma história original. Toda vez que você lê alguma sinopse, é possível imaginar o que se passa no livro. Mas isso não ocorre de forma alguma com A Liga dos Corações Puros – A Chama. A LCP é a mistura de despertar da consciência, autoconhecimento, alquimia, chakras, meditação e rock’n’roll.

A Chama se passa no universo Flor Estelar que vive em intenso conflito. O Exército do Rock’n’roll vs o Exército do Ruído. Esqueça as armas convencionais. Esta é uma história onde atiram Rock’n’roll com instrumentos musicais. Sim, os próprios instrumentos “atiram”. Os ruidosos querem continuar causando desarmonia espiritual para propagar o materialismo, enquanto os roqueiros querem trazer harmonia espiritual de volta ao universo.

E foi nessa sociedade onde Zakzor nasceu. E desde pequeno fora condicionado, robotizado, para servir ao desarmônico sistema do Exército do Ruído. Porém, Zakzor tinha poderes mediúnicos, também conhecido como Intuição. Em outras palavras, sua Voz Interior. E isso era “errado”. Você não podia viver conforme a “sua Voz Interior”. Você devia viver conforme “Voz-do-mundo”, a Voz Exterior. A voz social que te conduz, que te robotiza a fazer aquilo que “foi condicionado como certo”. Ouvindo Intuição, Zakzor chega à Liga dos Corações Puros, onde é recebido por sete mestres que o guiam numa jornada interior de autoconhecimento para o despertar de sua consciência e encontrar a harmonia espiritual dentro de si.
Através da meditação, a história se passa no interior do protagonista Zakzor, onde César Dabus narra – de forma incrível e riquíssima em detalhes – todo o seu processo de iluminação espiritual – batalhas, desafios, sentimentos dos soldados, descrição dos locais, personagens, mortes etc.

Há duas coisas que merecem muito destaque. Em primeiro lugar, as armas. Esqueçam as armas da idade média, como machados, espadas, lanças e escudos. Esqueçam armas espaciais como lasers e bombas atômicas. Na LCP, as armas são instrumentos musicais. Vou discorrer um pouco sobre isso, usando trechos do próprio livro.
“No caso do baixo, das guitarras base e solo, do teclado e do violino, o soldado instrumentista deitava para a frente e “tocava” (atirava/criava/materializava o Rock’n’roll).

“Os vocalistas atiravam pelo seu próprio canto: cada letra de cada palavra era um tiro que saía de seu microfone. E toda vez que houver batalha, os tiros serão colocados em poesia”.
Então, toda vez que há batalha, há poesia, pois são tiros. Esta é uma das coisas interessantes da LCP. Pela primeira vez colocaram a poesia como um texto de “liderança”, que influencia o epicentro do roteiro, e não sendo apenas um enfeite ou cantoria.

“A bateria, no entanto, era uma artilharia. Os bumbos (tum-tum-tum-tum) atiravam morteiros (boom-boom-boom-boom); de seus tambores, tiros, ambos como metralhadora; os pratos eram como discos lâminas afiados, que voavam em altíssima velocidade e cortavam o inimigo ao meio.”

Durante as batalhas da peregrinação interior de Zakzor, temos a impressão de que se trata de uma versão rock’n’roll de Power Rangers, como se fossem “Rock Rangers”. Apesar de parecer estranho, é inovador e diferente. A ideia se encaixa perfeitamente. César Dabus não criou as “armas instrumentais” à toa. Os roqueiros atiram “notas musicais” (rock’n’roll), contra os ruidosos que atiram “ruído”, em analogia à “harmonia” vs “desarmonia” da consciência.

Em segundo lugar, a forma como os soldados viajavam pelo universo. De forma brilhante e inovadora, César Dabus reinventa o cosmos, fazendo com que os soldados não viajassem em naves espaciais, mas em “merkabas”: um campo eletromagnético que expandia de dentro dos seus próprios corações e servia de veículo, e tinha velocidade de uma montanha-russa. Então, as batalhas ocorrem entre “armas instrumentais” que atiram dentro de merkabas.
E apesar de tudo isso ser extremamente maluco, tudo se encaixa. A LCP foi baseado em um profundo conhecimento filosófico – a alquimia. Cada personagem, cada situação, cada guerra, cada morte, cada mínimo detalhe da história, está intrinsecamente relacionado à alquimia. Agora, “o que rock’n’roll tem a ver com alquimia?” Tudo! O rock’n’roll é o estado de espírito revolucionário da força de vontade, que deve ser usado para nos divorciarmos do mundo externo, e irmos em busca da nossa própria essência, pois a partir do momento em que você rompe com o mundo, a sua vida vira um inferno…

A Liga dos Corações Puros passa longe de ser um livro de literatura fantástica simples e convencional. Ela é muito, mas muito maior do que isso. A “LCP” é uma história transcendental de pura alquimia da consciência. Ela é, literalmente, de arrancar o couro. Ela simplesmente “É”.

Para adquirir o livro, acesse: https://www.chiadobooks.com/livraria/a-liga-dos-coracoes-puros-a-chama

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