As 15 melhores citações da obra Para educar crianças feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie

Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana com vários livros publicados. Sua obra foi traduzida para mais de trinta línguas e recebeu diversas premiações. Entre as obras que se destacam estão: Hibisco roxo (2003), Meio sol amarelo (2006), Americanah (2013), Sejamos todos feministas (2014) e Para educar crianças feministas: um manifesto (2017).
Após a publicação de Sejamos todos feministas, adaptado a partir do seu discurso no TEDxEuston, em 2012, a autora discute amplamente sobre o tema e é conhecida como umas das principais vozes contemporâneas da literatura africana.
Para educar crianças feministas surgiu a partir de uma carta que Chimamanda escreveu a uma amiga de infância. Na época, a amiga lhe pediu conselhos de como educar sua filha, Chizalum. O livro, uma espécie de manual, conta com quinze sugestões para criar uma criança livre dos padrões sociais e culturais estabelecidos e dos estereótipos de gênero. Pequenas lições e exemplos que permitem refletir sobre a maternidade, o preconceito e a educação de novas gerações. Ele não é dirigido apenas aos pais, mas a todos que desejam compreender como superar as adversidades e propor uma sociedade mais igualitária.

Confira as melhores citações da obra:

Seja uma pessoa completa. A maternidade é uma dádiva maravilhosa, mas não seja definida apenas pela maternidade. Seja uma pessoa completa. Vai ser bom para sua filha. […] Nas próximas semanas desse início de maternidade, seja boa com você mesma. Peça ajuda. Espere ajuda. Isso de Supermulher não existe. Criar os filhos é questão de prática — e de amor.

 

Façam juntos. Lembra que aprendemos no primário que verbos são palavras “de ação”? Bom, pai é verbo tanto quanto mãe. […] Às vezes, as mães, tão condicionadas a ser tudo e a fazer tudo, são cúmplices na redução do papel dos pais.

 

Ensine a ela que “papéis de gênero” são totalmente absurdos. Nunca lhe diga para fazer ou deixar de fazer alguma coisa “porque você é menina”. “Porque você é menina” nunca é razão para nada. Jamais.

 

Os estereótipos de gênero são tão profundamente incutidos em nós que é comum os seguirmos mesmo quando vão contra nossos verdadeiros desejos, nossas necessidades, nossa felicidade. É muito difícil desaprendê-los, e por isso é importante cuidar para que Chizalum rejeite esses estereótipos desde o começo. Em vez de deixá-la internalizar essas ideias, ensine-lhe autonomia. Diga-lhe que é importante fazer por si mesma e se virar sozinha. Ensine-a a consertar as coisas quando quebram. A gente supõe rápido demais que as meninas não conseguem fazer várias coisas. Deixe-a tentar. Ela pode não conseguir, mas deixe-a tentar.

 

Ensine-lhe o gosto pelos livros. A melhor maneira é pelo exemplo informal. Se ela vê você lendo, vai entender que a leitura tem valor. Se ela não frequentasse a escola e simplesmente lesse livros, provavelmente se instruiria mais do que uma criança com educação convencional. Os livros vão ajudá-la a entender e questionar o mundo, vão ajudá-la a se expressar, vão ajudá-la em tudo o que ela quiser ser — chefs, cientistas, artistas, todo mundo se beneficia das habilidades que a leitura traz. Não falo de livros escolares. Falo de livros que não têm nada que ver com a escola: autobiografias, romances, histórias. Se nada mais der certo, pague-a para ler. Dê uma recompensa.

 

Ensine Chizalum a questionar a linguagem. A linguagem é o repositório de nossos preconceitos, de nossas crenças, de nossos pressupostos. Mas, para lhe ensinar isso, você terá de questionar sua própria linguagem. Uma amiga minha diz que nunca chamará a filha de “Princesa”. Quando as pessoas dizem isso, a intenção é boa, mas “princesa” vem carregado de pressupostos sobre sua fragilidade, sobre o príncipe que virá salvá-la etc.

 

Nunca fale do casamento como uma realização. Encontre formas de deixar claro que o matrimônio não é uma realização nem algo a que ela deva aspirar. Um casamento pode ser feliz ou infeliz, mas não é realização.

 

Então, em vez de ensinar Chizalum a ser agradável, ensine-a a ser honesta. E bondosa. E corajosa. Incentive-a a expor suas opiniões, a dizer o que realmente sente, a falar com sinceridade. E então elogie quando ela agir assim. Elogie principalmente quando ela tomar uma posição que é difícil ou impopular, mas que é sua posição sincera.

 

Ensine-a a defender o que é seu. Se outra criança pegar o brinquedo dela sem permissão, diga-lhe para pegar de volta, porque seu consentimento é importante.

 

Se ela gostar de maquiagem, deixe-a se maquiar. Se ela gostar de roupas da moda, deixe-a usar. Mas, se não gostar, deixe também. Não pense que criá-la como feminista significa obrigá-la a rejeitar a feminilidade. Feminismo e feminilidade não são mutuamente excludentes. É misógino sugerir o contrário.

 

Diga-lhe que o corpo dela pertence a ela e somente a ela, e que nunca deve sentir a necessidade de dizer “sim” a algo que não quer ou a algo que se sente pressionada a fazer. Ensine-lhe que dizer “não” quando sentir que é o certo é motivo de orgulho.

 

A vergonha que atribuímos à sexualidade feminina se refere a uma questão de controle. Muitas culturas e religiões controlam o corpo feminino de uma ou de outra forma. Se a justificativa para controlar o corpo das mulheres se referisse a elas mesmas, seria compreensível.

 

Assegure-se de que ficará a par dos romances na vida dela. E a única maneira para isso é começar desde cedo a lhe fornecer a linguagem necessária para falar com você sobre sexo e também sobre amor. Não estou dizendo para você ser “amiga” dela. O que digo é que você seja uma mãe com quem ela pode falar de tudo.

 

Ensine-lhe que NÃO é papel do homem prover. Num relacionamento sadio, prover é papel de quem tem condições de prover.

 

Ensine-lhe sobre a diferença. Torne a diferença algo comum. Torne a diferença normal. Ensine-a a não atribuir valor à diferença. E isso não para ser justa ou boazinha, mas simplesmente para ser humana e prática. Porque a diferença é a realidade de nosso mundo. E, ao lhe ensinar sobre a diferença, você a prepara para sobreviver num mundo diversificado.

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