Conheça a rotina de 14 escritores famosos

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“Um escritor que espera pelas condições ideais para trabalhar morrerá sem pôr uma única palavra no papel”

Para além do livro, as mentes por trás de obras literárias também são constante alvo de especulação e misticismo. Pragmático, exigente e muitas vezes cansativo, o exercício da escrita pode desenvolver, naqueles que fazem dela sua atividade diária, uma série de rituais muito particulares. Com a intenção de encontrar condições favoráveis para produzirem, alguns autores beiram ou excedem a excentricidade, enquanto outros parecem tão próximos quanto possível da rotina de qualquer outro trabalhador.
Quais são os hábitos, superstições e horários de trabalho dos autores famosos? Como a criação de estórias encontra espaço em seu dia-a-dia? Confira abaixo cartas, trechos de diários e entrevistas memoráveis de alguns escritores sobre seus cotidianos.


Ray Bradbury

Ray Bradbury, um expoente de longa data do conceito de trabalhar com alegria e um ávido frequentador de bibliotecas públicas, discorre de forma bem humorada sobre a questão das rotinas nesta entrevista de 2010:

“Minhas paixões me levam à máquina de escrever todos os dias da minha vida, e elas têm me levado até lá desde que tenho doze anos. Então eu nunca tenho que me preocupar com uma programação. Algo novo está sempre explodindo em mim, e é isso que me programa, e não eu que o programo. Me diz: Vá até a máquina de escrever agora mesmo e termine isto.
[…]
Eu posso trabalhar em qualquer lugar. Eu escrevi em quartos e salas de estar quando crescia com meus pais e meu irmão em uma pequena casa em Los Angeles. Eu trabalhava em minha máquina de escrever na sala de estar, com a rádio e minha mãe e pai e irmão todos falando ao mesmo tempo. Mais tarde, quando eu quis escrever Farenheit 451, fui até a UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) e encontrei um porão que era uma sala de tipografia, onde, se você colocasse dez centavos dentro da máquina de escrever, comprava trinta minutos de digitação.”


Joan Didion

Joan Didion cria para si mesma um “período de incubação para ideias”, que ela articula nesta entrevista de 1968:

“Eu preciso de uma hora sozinha antes do jantar, com uma bebida, para rever o que eu produzi naquele dia. Não posso fazer isso no fim da tarde porque é muito recente. Além do mais, a bebida ajuda. Me afasta das páginas. Então eu passo essa hora tirando algumas coisas e colocando outras. Eu começo o dia seguinte refazendo tudo o que fiz no dia anterior, seguindo essas notas noturnas. Quando estou realmente trabalhando eu não gosto de sair ou receber ninguém para o jantar, porque aí eu perco aquela hora. Se eu não tenho a hora, e começo o dia seguinte apenas com algumas páginas ruins e lugar algum para ir, e eu fico abatida. Outra coisa que preciso fazer, quando estou perto de terminar o livro, é dormir no mesmo aposento que ele. Essa é uma razão pela qual eu vou para casa em Sacramento para terminar as coisas. De alguma forma o livro não te abandona quando você está dormindo perto dele. Em Sacramento ninguém se importa se eu apareço ou não. Eu posso simplesmente acordar e começar a escrever.”


E. B. White

E. B. White, na mesma entrevista fantástica que proporcionou sua visão atemporal sobre o papel e a responsabilidade do escritor, aponta seu relacionamento com o som e termina com uma ponderação sobre Tchaikovsky na ética do trabalho:

“Eu nunca escuto música quando estou trabalhando. Não tenho esse tipo de concentração. E eu não gostaria disso em absoluto. Por outro lado, sou capaz de trabalhar bastante bem em meio a distrações cotidianas. Minha casa tem uma sala de estar que está no centro de tudo o que acontece: é um caminho para o porão, para a cozinha, para o gabinete onde se encontra o telefone. Há muito trânsito. Mas é uma sala viva, alegre, e eu frequentemente a uso como um lugar para escrever, apesar do carnaval que acontece ao meu redor. Uma moça passando o aspirador de pó sob a mesa da minha máquina de escrever nunca me incomodou em particular, tampouco tirou minha cabeça do trabalho, a não ser que a garota fosse anormalmente bonita ou anormalmente desajeitada. Minha esposa, graças a Deus, nunca foi tão preocupada comigo quanto, conforme ouço falar, as esposas de alguns escritores costumam ser. Em consequência, os membros de minha casa nunca prestam a menor atenção ao fato de eu ser um escritor – eles fazem todo tipo de barulho e bagunça que desejam. Se eu fico cansado disso, tenho lugares para onde posso ir. Um escritor que espera pelas condições ideais para trabalhar morrerá sem pôr uma única palavra no papel.”


Jack Kerouac

Jack Kerouac descreve seus rituais e superstições em 1968:

“Eu costumava ter um ritual de acender uma vela e escrever sob sua luz e apagá-la quando tivesse terminado por aquela noite… também ajoelhar e rezar antes de começar (eu aprendi isso num filme francês sobre George Frideric Handel)… mas agora eu simplesmente odeio escrever. Minha superstição? Estou começando a suspeitar da lua cheia. Também fico fascinado com o número nove, apesar de ouvir dizer que um Pisciano como eu deveria ficar com o número sete; mas eu tento fazer nove ‘touchdowns’ por dia, isso é, eu deito com a cabeça no chão no banheiro, com uma pantufa, e toco o chão nove vezes com as pontas dos meus dedos dos pés, quando equilibrado. Isso, aliás, mais que yoga, é uma proeza atlética, digo, imagine me chamarem de ‘desequilibrado’ depois disso. Francamente eu sinto minha mente funcionando. Então outro ‘ritual’, como você chama, é rezar para Jesus para preservar minha sanidade e minha energia para que eu possa ajudar minha família: que são minha mãe paralisada, minha esposa, e as tradicionais ‘vaquinhas’. Certo?”

Então ele inclui alguns pensamentos sobre a melhor hora e lugar para escrever:

“A mesa no quarto, perto da cama, com uma boa luz, da meia-noite até o amanhecer, uma bebida quando você fica cansado, de preferência em casa, mas se você não tem casa, faça do seu quarto de hotel ou motel ou almofada uma casa: paz.”


Susan Sontag

Susan Sontag decide, em seu diário, em 1977, fazendo um complemento à sua sabedoria reunida a respeito da escrita:

“Começando amanhã – se não hoje:
Eu vou me levantar todas as manhãs antes das oito. (Posso quebrar essa regra uma vez por semana.)
Eu vou almoçar com Roger [Straus]. (‘Não, eu não saio de casa para almoçar.’ Posso quebrar essa regra uma vez a cada duas semanas.)
Eu vou escrever no Bloco de Notas todos os dias. (Modelo: Lichtenberg’s Waste Books.)
Eu vou dizer às pessoas para não me ligarem pela manhã, ou não vou atender o telefone
Eu vou tentar restringir minhas leituras ao período noturno. (Eu leio demais – como uma forma de escapar de escrever)
Eu vou responder cartas uma vez por semana. (Sexta? – eu preciso ir ao hospital de qualquer forma.)”

E então, em uma entrevista para a revista Paris Review quase duas décadas atrás, ela detalha sua rotina:

“Eu escrevo numa caneta hidrográfica, ou às vezes um lápis, em blocos de papel amarelos ou brancos, aquele fetiche dos escritores Americanos. Eu gosto da lentidão de se escrever à mão. Então eu digito e rabisco por cima de tudo. E continuo reescrevendo, a cada vez fazendo correções tanto à mão quanto na própria máquina de escrever, até que eu não veja como melhorar mais. Há cerca de cinco anos atrás, era basicamente assim. Desde então há um computador na minha vida. Após o segundo ou terceiro rascunho o texto vai para o computador, de modo que eu já não reescrevo todo o manuscrito, mas continuo revisando à mão numa sucessão de textos impressos a partir do computador.
[…]
Eu escrevo em jorros. Eu escrevo quando preciso porque a pressão surge e eu sinto confiança o bastante de que algo amadureceu na minha cabeça e eu posso escrever. Mas uma vez que algo está em curso, eu não quero fazer mais nada. Eu não saio, na maior parte do tempo eu esqueço de comer, eu durmo muito pouco. É uma maneira muito indisciplinada de trabalhar e me torna muito pouco prolífica. Mas eu estou interessada demais em muitas outras coisas.”


Henry Miller

Em 1932, numa seção intitulada Daily Routine, Henry Miller enumera seus 11 mandamentos para a escrita com este maravilhoso esquema para produtividade, inspiração e saúde mental:

“MANHÃS:
Se atordoado, escrever notas e guardar, como estímulo.
Se em boas condições, escrever.
TARDES:
Trabalho de seção à mão, seguindo o plano escrupulosamente. Sem intrusões, sem distrações. Escrever para terminar uma seção por vez, de uma vez por todas.
NOITES:
Ver amigos. Ler em cafés.
Explorar seções estranhas – a pé se molhado, de bicicleta se seco.
Escrever, se estiver no clima, mas apenas como programa secundário
Pintar se ‘vazio’ ou cansado
Escrever notas. Criar tabelas, projetos. Fazer correções.
Nota: Deixar tempo suficiente durante o dia para fazer uma ocasional visita a museus ou um ocasional esboço ou um ocasional passeio de bicicleta. Fazer o esboço em cafés e trens e ruas. Cortar os filmes! Biblioteca para referências uma vez por semana.”


Simone de Beauvoir

Nesta entrevista de 1965, Simone de Beauvoir descreve o trabalho como uma atividade prazerosa, de certa forma contestando o mito do “gênio torturado”:
“Estou sempre com pressa de me mexer, apesar de eu geralmente não gostar de começar o dia. Primeiro tomo um chá e então, por volta das dez horas, eu dou início ao trabalho e vou até a uma da tarde. Então eu vejo meus amigos e, depois disso, às cinco da tarde, volto ao trabalho e continuo até as nove. Quando você sair, eu vou ler o jornal ou talvez ir às compras. Geralmente é um prazer trabalhar.
[…]
Se o trabalho está indo bem, passo mais quinze ou trinta minutos lendo o que escrevi no dia anterior, e faço algumas correções. Então eu continuo a partir dali. Para me inteirar do assunto eu tenho que ler o que produzi.”


Ernest Hemingway

Ernest Hemingway, que conhecidamente escrevia de pé, aborda sua arte com partes iguais de lirismo e pragmatismo:

“Quanto estou trabalhando em um livro ou estória eu escrevo toda manhã tão logo após o primeiro raio de sol quanto possível. Não há ninguém para perturbar você e é fresco ou frio e você se volta ao seu trabalho e se aquece conforme escreve. Você lê o que escreveu e, como você sempre para quando sabe o que acontecerá em seguida, você continua a partir dali. Você escreve até chegar a um lugar onde ainda tem sua essência e sabe o que vai acontecer depois, e para e tenta viver até o dia seguinte, quando for recomeçar. Você começou, digamos, às seis da manhã, e deve ir até o meio-dia ou ter terminado antes disso. Quando você para você está tão vazio e ao mesmo tempo nunca vazio, mas preenchido, como quando você faz amor com alguém que você ama. Nada pode machucá-lo, nada pode acontecer, nada significa coisa alguma até o dia seguinte quando você faz de novo. É a espera até o dia seguinte que é difícil de suportar.”


Don DeLillo

Don DeLillo diz ao Paris Review, em 1993:

“Eu trabalho pela manhã numa máquina de escrever manual. Fico cerca de quatro horas e então vou correr. Isso me ajuda a sacudir um mundo e entrar em outro. Árvores, pássaros, garoa – é um belo tipo de interlúdio. Então eu trabalho novamente, no fim da tarde, por duas ou três horas. Voltado para o tempo do livro, que é transparente – você não sabe que está passando. Nada de lanche ou café. Nada de cigarros – eu parei de fumar há muito tempo. O espaço é limpo, a casa é quieta. Um escritor toma medidas honestas para assegurar sua solidão e então encontra inúmeros caminhos para lapidá-la. Olhar pela janela, lendo trechos aleatórios do dicionário. Para quebrar o feitiço eu olho para uma fotografia de Borges, uma grande figura enviada a mim pelo escritor irlandês Colm Tóín. O rosto de Borges contra um fundo negro – Borges feroz, cego, suas narinas se abrindo, sua pele esticada, tensa, sua boca surpreendentemente vívida; sua boca parece pintada; ele é como um xamã pintado para visões, e todo o rosto tem um tipo de encanto metálico. Eu li Borges, naturalmente, apesar de nem de perto ter lido tudo, e não sei nada sobre a maneira que ele trabalhava – mas a fotografia nos mostra um escritor que não perdia tempo na janela ou em lugar algum. Então eu tentei fazer dele meu guia para longe da letargia e da deriva, para o outro mundo de mágica, arte e divinação.”


Haruki Muramaki

Haruki Muramaki compartilha a conexão mente-corpo apontada por alguns dos criadores famosos da história:

“Quando estou no modo de escrita para um romance, eu acordo às quatro da manhã e trabalho por cinco ou seis horas. À tarde, eu corro por 10km ou nado por 1500m (ou faço ambos), então eu leio um pouco e escuto um pouco de música. Eu vou para a cama às nove da noite. Eu mantenho essa rotina todos os dias sem variação. A própria repetição se torna algo importante; é uma forma de hipnose. Eu me hipnotizo para alcançar um estado mental mais profundo.”


William Gibson

William Gibson diz à Paris Review, em 2011:

“Quando estou escrevendo um livro eu me levanto às sete. Eu checo meu e-mail e faço rituais de internet, como todos nós fazemos hoje em dia. Tomo uma xícara de café. Três dias da semana, eu vou ao Pilates e volto por volta das dez ou onze da noite. Então eu sento e tento escrever. Se não há absolutamente nada acontecendo, vou me dar permissão para aparar a grama. Mas, geralmente, só sentar e realmente tentar é o suficiente para começar. Eu faço uma pausa para o almoço, volto, e escrevo mais um pouco. E então, geralmente, um cochilo. Cochilos são essenciais ao meu processo. Não sonhos, mas aquele estado adjacente ao sono, a mente ao acordar.
[…]
Conforme me movo ao longo do livro ele se torna mais exigente. No começo, eu tenho uma semana de trabalho de cinco dias, e cada dia é mais ou menos das dez às cinco, com um intervalo para o almoço e um cochilo. No final, é uma semana de sete dias, e pode ter dias de doze horas.
Ao longo do final do livro, o estado da composição parece um estado complexo e quimicamente alterado que irá embora se eu não continuar a dar aquilo que ele necessita. O que ele necessita é simplesmente que eu escreva o tempo todo. Qualquer contratempo além de simplesmente dormir se torna problemático. Estou sempre satisfeito em ver o resultado disso.”


Maya Angelou

Maya Angelou compartilha seu dia com a Paris Review, em 1990:

“Eu escrevo pela manhã e então vou para casa por volta do meio-dia e tomo um banho, porque escrever, como você sabe, é um trabalho muito difícil, então você precisa fazer um ritual duplo. Então eu saio e vou às compras – sou uma cozinheira de verdade – e finjo ser normal. Eu faço o papel de sã – Bom dia! Bem, obrigado. E você? E eu vou para casa. Preparo o jantar para mim e tenho visitas, acendo as velas, ponho a música bonita e tudo isso. Então depois que todos os pratos são removidos eu leio o que escrevi naquela manhã. E, geralmente, se eu escrevi nove páginas posso ser capaz de salvar duas e meia ou três. Este é o momento mais cruel, sabe, realmente admitir que não funciona. E passar a caneta. Quando eu termino, talvez, cinquenta páginas e as releio – cinquenta páginas aceitáveis – não é tão ruim. Eu tenho o mesmo editor desde 1967. Muitas vezes ele disse para mim, ao longo dos anos, ou então me perguntou, Por quê você usaria um ponto e vírgula ao invés de dois pontos? E muitas vezes ao longo dos anos eu lhe disse coisas como: eu nunca mais vou falar com você. Para sempre. Adeus. É isso. Muito obrigado. E eu saio. Então eu leio o texto e penso em suas sugestões. Envio-lhe um telegrama que diz, OK, então você está certo. E daí? Nunca mais mencione isso para mim. Se você o fizer, eu nunca mais falarei com você. Há uns dois anos eu estava visitando a ele e sua esposa nos Hamptons. Eu estava na extremidade de uma mesa de sala de jantar numa reunião de 14 pessoas. Lá pelo fim eu disse a alguém, Eu mandei a ele telegramas ao longo dos anos. Do outro lado da mesa ele disse, E eu guardei cada um deles! Bruto! Mas a edição, a edição da própria pessoa, antes que o editor a veja, é a mais importante.”


Anaïs Nin

Anaïs Nin simplesmente escreve, num comentário de 1941, no terceiro volume de seus diários :

“Eu escrevo minhas estórias pela manhã, meu diário à noite”
Ela então adiciona, no quinto volume, de 1948:
“Eu escrevo todo dia… Eu faço meu melhor trabalho pela manhã”


Kurt Vonnegut

Por fim, a rotina de Kurt Vonnegut, registrada em uma carta à sua esposa, em 1965:

“Numa vida à deriva como a minha, sono e fome e trabalho se arranjam sem me consultar. Eu fico igualmente feliz que eles não tenham me consultado sobre os detalhes cansativos. O que eles conseguiram foi isso: eu acordo às cinco e meia, trabalho até as oito, tomo café da manhã em casa, trabalho até as dez, caminho alguns quarteirões em direção à cidade, cumpro minhas incumbências cotidianas, vou até a piscina municipal próxima, que eu tenho só para mim, e nado por meia hora, volto para casa às onze e quarenta e cinco, leio o correio, almoço ao meio-dia. De tarde eu faço trabalho acadêmico, ou ensino ou preparo. Quando volto para casa do colégio por volta das cinco e meia da tarde, eu amorteço meu vibrante intelecto com diversas doses de Scotch e água ($ 5,50 na State Liquor, a única loja de bebidas na cidade. Há um monte de bares, no entanto.), cozinho a ceia, leio e escuto jazz (muita música boa na rádio por aqui), e vou dormir às dez. Faço flexões e abdominais o tempo todo, e sinto como se estivesse emagrecendo e ficando mais forte, mas pode ser que não. Ontem à noite, o momento e o meu corpo decidiram me levar ao cinema. Eu vi Os Guarda-Chuvas do Amor, que foi um golpe e tanto. Para um homem de meia-idade à deriva como eu, foi de partir o coração. Tudo bem. Eu gosto de ter meu coração partido.”

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