Notas Periféricas é o diário de um homem que passou fome, foi esmagado pela brutalidade de subempregos, enfrentou árduos combates familiares e sofreu por amor. Os contos que se reúnem neste livro não são destinados aos leitores que buscam flores e comentários eloquentes invocados para a vida, entretanto, eles são ofertados àqueles que lutam na árdua guerra diária que é existir – e que, apesar dos apesares, resistem. Leia mais aqui!
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O NotaTerapia separou as melhores frases da obra. Confira:
“Não foram poucas as madrugadas cortadas às claras, com as mãos repousadas sobre a pia do banheiro, os olhos focados na figura do menino que me encarava do outro lado do espelho, com os olhos vertendo lágrimas como duas cachoeiras; o pescoço travando, fazendo com que o queixo quase tocasse o ombro, numa espécie de movimento causado por um soco invisível; os dedos, mesmo pressionando o mármore da pia, se contorcendo como se as mãos estivessem, de repente, definhando. Noites em que contemplei a loucura se aproximando, sorrindo para mim, levantando a barra da sua saia e mostrando a sua buceta fria e consumidora.”
“Pinte de dourada uma medalha de cobre e o mais desgraçado dentre os homens se comportará como se fosse o mais poderoso ser de todos os tempos.”
“Mesmo um homem tropeçante feito eu reconhece que é preciso um padrão moral que consiga subjugar as relações comerciais entre os animais de terno que nós somos. O lucro pelo lucro nos levará a um fim decrépito, com as mãos sujas de sangue e a mente atormentada pela memória de todos aqueles que fizemos sofrer em troca de férias em Paris ou Orlando.”
“Eu era apenas um jovem homem sem contato com os próprios pais, sem dinheiro, sem esposa ou filhos; sem grandes sonhos ou expectativas de melhoras para a humanidade.”
“Apesar da minha constante seriedade, apenas abandonada entre os mais chegados ou quando estou embriagado pelo álcool, eu nunca aprendi a lidar bem com o choro de uma mulher. É pior do que ser acertado por um cruzado perfeito, um gancho bem dado no meio do queixo. Aqueles soluços quebrariam o músculo pulsante de qualquer brutamonte, imagine o que fizeram com um homem mal alimentado feito eu.”
“Éramos dois desgraçados pela vida, párias vagando pelo esmo dos dias – e tanta merda aproxima as pessoas, harmoniza os corações numa sensibilidade sofrida, quase desesperada, quando não os torna inimigos, odiosos galos rinhando enquanto apostadores bradam excitados.”
“As pessoas simplesmente consomem a alma, o espírito, tudo aquilo que a outra tem de melhor; domam o comportamento alheio por meio de doces mentiras, cândidas promessas que jamais serão cumpridas; e quando eles, finalmente, conseguem possuir tudo o que querem; dispensam a carcaça vazia, desprovida de vida, numa sarjeta qualquer e, lambendo os dedos satisfatoriamente, caminham rumo às próximas vítimas.”
“Entre os miseráveis, há mais sabedoria que supõem as nossas vãs academias.”
“Às vezes, sonhar junto é o mais perto da felicidade que a realidade nos permite provar.”
“Eu sou um escritor, senão pelos escritos, ao menos pela carteira vazia.”
“Nas últimas semanas, estava preferindo os puteiros e a punheta, que apesar de solitária é gratuita. Que dizer? A punheta nunca nos abandona. Sempre que necessária, ela está à palma da mão.”
“Pelos meus poucos anos acumulados, perdi as contas de quantas decepções causei, apenas para alimentar a minha falsa sensação de liberdade, por mais que, naqueles dias, eu fosse cego o bastante para não perceber que, às vezes, a liberdade é apenas uma nova forma de aprisionamento; sentenciando a criatura a vagar, ser um eterno errante. Um pássaro azul pode atrofiar as suas asas, caso seja obrigado voar o tempo inteiro, sem nunca ter permissão para repousar.”
“Eu era apenas um moleque mesquinho fingindo ser um grande homem, perdido nos próprios desejos de grandeza e, por isso, incapaz de perceber que estava sendo sugado pela própria terra, devorado pelo nada. O meu trabalho não era desonesto: desonesto era trabalhar tanto, e por tão pouco.”