7 livros essenciais para entender a escravidão no Brasil

No dia 13 de maio, comemora-se o dia da Abolição da Escravatura em nosso país; Ano a ano, tentamos recuperar o nosso passado sombrio e o sofrimento infringido a um enorme grupo de pessoas para tentar, se não redimir este erro, o que seria impossível, pelo menos minimizar seus efeito e percebemos aquilo que hoje ainda resta daquele momento. Neste caso, entender é essencial para propor uma ação passível de que a história não se repita.

Quando se fala em escravidão, o binômio essencial é liberdade. E não há liberdade sem autonomia. E não há autonomia sem cidadania. Assim, cremos fortemente que tornar o outro – qualquer outro – cidadão, é a melhor forma de se chegar à igualdade. Quando falamos de escravidão, a literatura brasileira, desde o século XIX, já denunciavam as violências diretas e indiretas da escravidão. O NotaTerapia separou 5 livros sobre a escravidão essenciais para entender o Brasil:

1- Os Escravos, Castro Alves

Publicado em 1883, doze anos após a morte do autor, Os Escravos reúne as composições anti-escravagistas de Castro Alves, entre elas, os famosos poemas abolicionistas “O Navio Negreiro” e “Vozes d’África”. Nenhum poeta foi mais veemente e engajado à causa social e humanitária do abolicionismo como ele. Castro Alves procurou aprofundar as implicações humanas da escravatura adequando a sua eloquência condoreira à luta abolicionista. Retrata o escravo de modo romanticamente trágico para despertar a sociedade, habituada a três séculos de escravidão, para o que há de mais desumano neste regime. O maior exemplo deste retrato está em A Cachoeira de Paulo Afonso, longo poema narrativo, escrito em 1870, que conta a história de amor de dois escravos, Lucas e Maria, pintada com fortes cores dramáticas.

2- Cartas a Favor da Escravidão, de José de Alencar

Sim, Alencar escreveu a favor da escravidão: estes textos políticos escritos por José de Alencar entre 1867 e 1868, em franca oposição a D. Pedro II, são reeditados aqui pela primeira vez desde o século XIX. O propósito central da obra era a defesa política da escravidão brasileira, que vinha sofrendo intensa pressão internacional e doméstica após a abolição nos Estados Unidos.

Provavelmente por ter abordado um tema controverso, até impensado,para os padrões contemporâneos, essas cartas foram excluídas das obras completas do autor, que a Editora José Aguilar lançou no final da década de 1950. A edição desta obra procura suprir a lacuna por se tratar de um precioso texto ao público interessado nos atuais debates sobre relações raciais no país, bem como aos especialistas de literatura, história, sociologia e ciências políticas que estudam José de Alencar, Império do Brasil, escravidão e sistema representativo.

3- Bom Crioulo, de Adolfo Caminha

O Bom-Crioulo ficou conhecido por ser o primeiro romance que trata o tema da homossexualidade no Brasil. No entanto, pouco se lembra de que Amaro era um escravo que havia fugido e que, por conta deste fato, o tema da escravidão a todo momento pode ser lido na obra de Caminho.

No livro, Amaro é um escravo fugido, alista-se na Marinha, tornando-se um soldado exemplar. Por ter passado por explorações nas fazendas em que trabalhou, o ex-escravo consegue adaptar-se facilmente à disciplina exigida pelo exército em seus barcos. Forte e gentil com todos, recebe o apelido de Bom-Crioulo. Dez anos se passam e Amaro não mostra a mesma disposição para o trabalho, nem tampouco a mesma gentileza, notadamente quando se entrega à bebida. Seu estado de ânimo se altera também na presença de certo grumete, Aleixo, com quem se envolve sexualmente. Amaro conheceu certa vez o amor de uma mulher, mas só agora descobre sua verdadeira inclinação.

Uma obra sobre um ex-escravo, negro, alcoólatra e homossexual: essencial para entendermos os ecos da violência da escravidão.

4- O Mulato, Aluísio Azevedo

Como todo naturalista, Aluísio Azevedo vai olhar profundamente na sociedade e ver como a escravidão, mesmo abolida, mesmo em sua independência, ainda deixa ecos na sociedade e, principalmente, dos ex-escravos (ou não-escravos) que ainda sofrem as violências de uma separação social.

Saindo criança de São Luís para Lisboa, Raimundo viajava órfão de pai, um ex-comerciante português, e afastado da mãe, Domingas, uma ex-escrava do pai. Depois de anos na Europa, Raimundo volta formado para o Brasil. Passa um ano no Rio e decide regressar a São Luís para rever seu tutor e tio, Manuel Pescada. Bem recebido pela família do tio, Raimundo desperta logo as atenções de sua prima Ana Rosa que, em dado momento, lhe declara seu amor que encontra, todavia, três obstáculos: o do pai, que queria a filha casada com um dos caixeiros da loja; o da avó Maria Bárbara, mulher racista e de maus bofes; o do Cônego Diogo, comensal da casa e adversário natural de Raimundo.

Todos três conheciam as origens negras de Raimundo. E o Cônego Diogo era o mais empenhado em impedir a ligação, uma vez que fora responsável pela morte do pai do jovem. Em São Luís, já adulto, sua preocupação básica é a de desvendar suas origens e, por isso, insiste com o tio em visitar a fazenda onde nascera. Durante o percurso a São Brás, Raimundo começa a descobrir os primeiros dados sobre suas origens e insiste com o tio para que lhe conceda a mão de Ana Rosa. Depois de várias recusas, Raimundo fica sabendo que o motivo da proibição devia-se à cor de sua pele.

5- A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães

Isaura, escrava de pele branca, foi criada como filha na família em que serve. Foi durante muito tempo a protegida da matriarca, que prometeu que após a sua morte a moça deveria ser liberta. Entretanto, esse último desejo não foi satisfeito e Isaura se tornou propriedade de Leôncio, um jovem sem caráter que por ela se interessa, apesar de casado.  A beleza da jovem cativa desperta paixões em vários dos personagens, além de Leôncio, o jardineiro Belchior, o feitor da fazenda e até o irmão de Malvina, esposa de Leôncio, fazem propostas à moça.  O pai da escrava, um homem livre chamado Miguel, reúne a vultosa quantia que fora pedida pelo pai de Leôncio para libertá-la, porém, o vilão encontra uma maneira para descumprir a promessa do pai, fingindo luto por sua morte.

O pai de Isaura, Miguel, decide então fugir com a filha para o nordeste do país. Os dois se instalam em Recife e adotam novos nomes. Na nova cidade Isaura conhece Álvaro, homem por quem se apaixona e é correspondida. Ele fica sabendo que ela é uma escrava fugida da pior maneira, ao levá-la a um baile um estudante a denuncia na frente de todos. Isaura é obrigada, então, a assumir sua condição, Álvaro, porém, defende a amada.

6-  Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre

Um livro bastante controverso sobre o pensamento das classes e raças do Brasil, Freyre apresenta em Casa-Grande e Senzala a importância da casa-grande na formação sociocultural brasileira, assim como a da senzala na complementação da primeira. Além disso, Casa-Grande & Senzala enfatiza a formação da sociedade brasileira no contexto da miscigenação entre os brancos, principalmente portugueses, dos negros das várias nações africanas e dos diferentes indígenas que habitavam o Brasil.

Freyre também desmistifica a noção de determinação racial na formação de um povo, no que dá maior importância àqueles culturais e ambientais. Com isso refuta a ideia de que no Brasil se teria uma raça inferior devido à miscigenação. Antes, aponta para os elementos positivos da formação cultural brasileira oriundos desta miscigenação entre culturas tão distintas.

7- Dicionario da Escravidão Negra No Brasil, de Clóvis Moura

Último livro do cientista social e fundador do Instituto Brasileiro de Estudos Africanistas, Clóvis Moura (falecido em 2003), o ‘Dicionário da Escravidão Negra no Brasil’ é uma referência para a compreensão da exclusão (humana, social e cultural) imposta ao negro no país. Com mais de oitocentos verbetes relacionados ao tema escravidão (dispostos como em uma enciclopédia), a obra nos fornece informações críticas que nos ajudam a entender um pouco mais esse fenômeno que durou mais de quatrocentos anos no Brasil e ainda provoca conseqüências em nossa vida e nossa sociedade nos dia de hoje.

Fonte:
http://www.enemsimples.info/2011/07/resumo-os-escravos-castro-alves.html#ixzz48YAxFusq
https://www.hedra.com.br/livros/cartas-a-favor-da-escravidao
http://www.infoescola.com/livros/o-bom-crioulo/
http://www.mundovestibular.com.br/articles/364/1/O-MULATO—Aluisio-Azevedo-Resumo/Paacutegina1.html
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/a-escrava-isaura.html

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