“Descompassos”, espetáculo encenado em quitinete, coloca público junto com atores

No dia 1º de setembro, às 18h, estreia DESCOMPASSOS, nova criação do Núcleo Teatro do Indivíduo, escrita por Angelo Mendes Corrêa e protagonizada por Marcio Louzada e Rodolfo Lima. Diferente de uma sala de teatro convencional, o público será convidado a entrar em uma quitinete, nos arredores da Praça da Sé, para testemunhar – quase como intrusos íntimos – o embate entre Marcos (Rodolfo) e Felipe (Marcio), casal que, após dez anos de vida juntos, se vê diante de destinos desencontrados.

A peça atravessa temas urgentes: machismo estrutural, abuso, codependência, violência, suicídio, a precariedade das artes e os bastidores da produção de conteúdo adulto. Mas, no centro, está a pergunta sobre os alicerces do amor. Afinal, em uma relação gay – como em qualquer outra – o que sustenta dois corpos que dividem o mesmo teto e os mesmos sonhos? E quando o amor não basta?

Sob direção de Rodolfo Lima, com codireção de Amanda Steinbach, DESCOMPASSOS aproxima público e cena ao borrar a linha entre realidade e ficção. A plateia, restrita a apenas 20 espectadores por sessão, compartilha o mesmo espaço que os atores, como se presenciasse de perto uma DR que, embora particular, ecoa dores e afetos de tantas outras relações LGBTQIA+.

Foto: chico castro

Complexidade das relações

“O que me chamou atenção no texto do Angelo é o fato da crise do casal não ser disparada pela falta de amor, desejo ou sexo – o que é comum em muitas histórias gays – mas pela insatisfação pessoal de um dos personagens com os rumos da própria vida. Só o amor não basta. A peça reforça uma impressão minha de que sem companheirismo, renúncia, tolerância e aceitação, não é possível sustentar uma relação gay hoje”, afirma Lima, que já dirigiu trabalhos como Réquiem para um Rapaz Triste, inspirado em Caio Fernando Abreu, e Bicha Oca, baseado em textos de Marcelino Freire.

O autor, Angelo Mendes Corrêa, aponta outra camada da dramaturgia: “pensei na complexidade que envolve qualquer relação humana, mas também nos conflitos interiores de muitos homossexuais, pois vivemos no país que ainda é o que mais mata pessoas LGBTQIA+. Quis refletir também sobre o papel da religião como instrumento de controle de nossos desejos, sobretudo em tempos de fundamentalismos perversos”.

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Com 10 apresentações em setembro, DESCOMPASSOS dá continuidade à parceria entre Lima e Steinbach, que também dividiram direção e codireção em Ai vem seu homem, estreado em 2024. O espetáculo conta ainda com Jeff Celophane (visagismo), Paulo Maeda (iluminação) e os fotógrafos Chico Castro e Gabriel Lage, parceiros recorrentes do Núcleo.

Os ingressos podem ser adquiridos via PIX, e o público recebe todas as informações de acesso (endereço, como chegar, estacionamento etc.) após a confirmação da reserva.

Sobre Angelo Mendes Corrêa

Doutor em Artes (UNESP); mestre, bacharelado e licenciatura em Literatura Brasileira (USP); graduado em Direito e Jornalismo (PUCSP). Desde 1987 é professor de Português, Literatura Brasileira, Literatura Portuguesa, Teoria Literária, Produção de Textos e Teatro, nos níveis médio e superior. Colaborou com diversos veículos de comunicação como Folha de São Paulo, Jornal da Tarde, Revista de Literatura Brasileira, entre outros, em SP capital e cidades do interior e nos estados BA, DF, MG, MS, RO, RS, PB e Luxemburgo (Bom dia Europa). Integra o Grupo de Pesquisa Arte e Formação de Educadores, na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Desde 2024, em seu canal no Youtube, apresenta o programa de entrevistas Diálogos. Ator bissexto, participou dos curtas-metragens Através dos Bosques e Os Sonhos, ambos do diretor Otávio Mendes. Descompassos é sua estreia como dramaturgo.

Sobre Marcio Louzada

Ator, locutor, cantor, dublador e apresentador brasileiro. Bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), iniciou a carreira no teatro em 2002, e já atuou em dezenas de peças. Estão entre os trabalhos recentes: O show O Amor, com Claudette Soares; Quero Vê-la Sorrir (musical baseado no livro Sidney Magal muito mais que um amante latino); Constellation – Uma Viagem Musical pelos Anos 50 (indicado ao Prêmio Reverência); My Fair Lady, direção de Jorge Takla; Barulho D`água, do italiano Marco Martinelli e a participação no seriado TOCs de Dalila, de Heloísa Périssé.

Sobre Rodolfo Lima

Ator, jornalista, produtor cultural e diretor de teatro. Graduado em Jornalismo, Mestre em Divulgação Cultural e Científica (Unicamp), pós-graduado em Gestão de Projetos Culturais (CELACC/USP) e Doutorando (ECA/USP). O Núcleo Teatro do Indivíduo foi criado em 2002 e tem entre seus muitos trabalhos alguns destaques, como: Réquiem para um rapaz triste (2003); Bicha Oca (2009); Em busca de um teatro gay (evento em 2015); e Ai vem seu homem (2024). Seus trabalhos já foram apresentados em diversos locais em São Paulo (capital e interior), além de cidades na Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Publica e mantém um perfil com análises críticas em @ilusoesnasalaescura

Serviço:

DESCOMPASSOS

Com Núcleo Teatro do Indivíduo

1º a 30 de setembro. Segunda-feira (1º, 08, 15 e 29/09), terça-feira (2, 9, 16 e 30/09) e domingo (7 e 14/09), 18h

Endereço residencial na região da Praça da Sé (as informações serão passadas paras os interessados a partir do dia anterior da apresentação)

60 minutos | 16 anos | R$ 25 a R$ 50 (pagamento e reservas via PIX na chave 11974974207). Informações pelo e-mail teatrodoindividuo@gmail.com

O local não conta com acesso a cadeirantes e/ou pessoas com dificuldades de locomoção

Ficha técnica:

Autor – Angelo Mendes Corrêa. Intérpretes – Marcio Louzada e Rodolfo Lima. Direção – Rodolfo Lima. Codireção – Amanda Steinbach. Visagismo – Jeff Celophane. Design de Luz – Paulo Maeda. Diagramador – Betinho Neto. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Fotos – Chico Castro e Gabriel Lage.

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