Esqueça “50 tons de cinza”! Em “Vermelho”, Paula Febbe nos introduz a um mundo sombrio em que o BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo, Masoquismo) sai dos limites. A autora questiona os conceitos que regram o BDSM – Seguro, são e consensual – até onde podemos saber se estamos sãos? Até que limite é seguro? Até onde vai o consentimento?
Não espere uma leitura “hot”: nessa obra, o elemento do sexo é uma provocação sórdida e cruel, e a narrativa mergulha fundo no esgoto dos homens, então prepare o estômago.
O livro traz diferentes histórias: a primeira delas apresenta um casal praticante da poligamia em que o marido sempre faz sessões de bondage com uma dominatrix, muitas vezes na frente da esposa, com quem não tem mais qualquer espécie de intimidade.

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Em outra narrativa, a mais potente da obra, conhecemos uma lutadora de MMA que, por perder patrocínio e precisar de dinheiro para ajudar sua mãe doente, acaba indo trabalhar em um lugar onde práticas BDSM são realizadas para muito além dos princípios de segurança, sanidade e consentimento. O lugar se chama La Petite Mort (“A Pequena Morte”, em francês), que é uma referência ao período após o orgasmo. Porém, em muitas das sessões nesse lugar a morte não é metafórica.
A lutadora, que passa a atender pelo nome de dominatrix Lovefoxx, é paga para fazer sessões em que bate nos clientes e faz outras atividades mais eróticas. Em certo momento, Lovefoxx conhece outra dominatrix com quem se envolve, a qual lhe exige atitudes peculiares para demonstrar sua submissão, atitudes essas que a levam a obsessões e compulsões doentias, que mexem com o seu psicológico e seus traumas.
A obra é uma provocação, uma transgressão em que, a cada virar de página, talvez o leitor deseje gritar a palavra de segurança: “Vermelho”, mas aposto que não o fará, pois vai querer ir até o fim para ver como tudo acaba.