“Onde vivem os bárbaros”: peça do chileno Pablo Manzi expõe os limites da civilidade em uma família

Onde vivem os bárbaros”, com adaptação inédita e direção de Patrick Sampaio, marca o retorno do coletivo Brecha ao circuito comercial de teatros, após 11 anos. A montagem leva ao palco a dramaturgia crítica do premiado autor chileno Pablo Manzi, um estudo sobre a branquitude que investiga o medo e a naturalização da violência. Na trama, um jantar se transforma em um jogo de tensão e desconfiança que expõe os limites da suposta civilidade dos membros da família.

A peça fica em cartaz de 8 a 31 de março no Teatro Glaucio Gill.

A história se passa em uma noite na casa de Roberta, diretora de uma empresa que atua em países em conflito. Dias depois do homicídio de uma jovem, Roberta recebe primos que não vê há 10 anos para jantar. A reunião é interrompida por um telefonema. Uma voz do outro lado anuncia: um plano de vingança está em curso. O alvo? Roberta e sua família. De quem é a culpa? Isso importa? O que o medo revela em nós? Somos civilizados? O que era para ser um jantar tranquilo se transforma em uma comédia de erros terrível. Em cena estão Caio Riscado, Isadora Cecatto, Joana Kannenberg, Julia Horta e Patrick Sampaio. 

Leia também: O Homem do Saco: A figura do bicho papão na mitologia e os medos da paternidade

Segundo o diretor, o encontro com a dramaturgia de Pablo Manzi foi determinante para a volta aos palcos:

“É o primeiro texto que montamos que não foi criado em processo colaborativo. Quando li pela primeira vez, entrei em contato com algo que não sentia há muito tempo e que não sei como nomear. Então apresentei o texto às pessoas com quem estava pesquisando na época, no LABo, que hoje é o elenco da peça, e os olhos de todos também brilharam”, lembra.

O grupo então realizou duas leituras dramatizadas em 2024, recebendo resposta positiva, o que incentivou a montagem. “Sem dúvidas, o teatro é um meio de debate público e as salas cênicas nos permitem o diálogo em uma escala maior do que a que vínhamos trabalhando”, revela Patrick.LABo, que hoje é o elenco da peça, e os olhos de todos também brilharam”, lembra. O grupo então realizou duas leituras dramatizadas em 2024, recebendo resposta positiva, o que incentivou a montagem.

“Sem dúvidas, o teatro é um meio de debate público e as salas cênicas nos permitem o diálogo em uma escala maior do que a que vínhamos trabalhando”, revela Patrick.

Sobre a Adaptação inédita

            No texto original de Pablo Manzi, a realidade chilena é posta à mesa com as especificidades do contexto em que foi escrita. Na adaptação de Patrick Sampaio, a trama é transportada para o Brasil, ressignificando personagens e particularizando eventos históricos para que dialoguem diretamente com a formação do país e suas tensões político-sociais. Com humor ácido, o texto vai além de apontar críticas apenas para alvos distantes: Pablo coloca um espelho diante de si e o Brecha segue este caminho, convocando a atenção para as próprias contradições.

Quem é Pablo Manzi?

Com obras de sucesso em todo o Chile, nos últimos anos, o autor realizou apresentações em festivais no Japão, Itália, Holanda, Peru, Alemanha, Espanha, México, Bélgica, EUA e Suécia. Recebeu o Prêmio da Organização Chilena de Crítica de Arte, o Prêmio do Município de Santiago e o Prêmio do Conselho Chileno de Artes e Cultura, todos na categoria de Melhor Dramaturgia.

Classificaçãoção: 16 anos

Duração: 90 minutos

Related posts

“DOROTEIA”: Cia Lazzari revive a mítica obra de Nelson Rodrigues da perspectiva da liberdade feminina

“A Banda Épica na NOITE DAS GERAIS”: Companhia do Latão revisita a Ditadura Militar em espetáculo que une teatro e música

O Que Vem Depois da Pele: Uma leitura quimérica da sociedade atual