No senso comum, a poesia está para as metáforas como o autismo, pelo contrário, significaria uma comunicação avessa a figuras de linguagem. O que é uma falsa simplificação. Prova disso é que O Cordeiro e os pecados dividindo o pão (Aboio), da poeta Milena Martins Moura chegou como um dos livros semifinalistas do Jabuti deste ano, um dos maiores prêmios literários do país.
A autora nasceu em 1986, em Madureira, no subúrbio carioca, e estreou na literatura em 2011. Com O Cordeiro e os pecados dividindo o pão, sua quarta obra, resgata a tradição judaico-cristã, mas pelo viés do prazer da mulher. Versos como “sou-lhes caça / sou-lhes promessa de banquete” organizam violência, prazer, tradição e a vida cotidiana.
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O livro, que traz as percepções de um corpo feminino, não aborda a temática do autismo diretamente, o que, para a autora, é fundamental. “Gosto e quero escrever sobre o autismo, mas não só. O autismo não tem que ser, e não permito que seja, uma prisão na minha vida e na minha escrita.”
Sobre o Jabuti, a poeta reconhece que a indicação pode dar visibilidade à causa e às questões de pessoas autistas, além de mostrar que também ocupam lugares de destaque:
“Apesar de todas as dificuldades de fazer literatura, o que já não é fácil pra autores independentes, que dirá neurodivergentes, o livro de uma mulher autista estava ali.”
Quem é Milena Martins Moura?
Milena Martins Moura nasceu no subúrbio do Rio de Janeiro em 1986. É poeta, editora, tradutora, mestre em Literatura Brasileira pela Uerj e doutoranda em Literatura Comparada pela UFF. É editora da revista cassandra e da Macabéa Edições. Seu quarto livro, O Cordeiro e os Pecados dividindo o pão (Aboio, 2023), foi semifinalista do Jabuti em 2024 na categoria poesia.
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