“Moana 2”: mergulha na ancestralidade e na importância da persistência, da família e do autoconhecimento

“Moana 2” se inicia com a vinheta Disney embalada por um canto polinésio enquanto uma câmera imersiva mostra a evolução da animação depois dos oito anos. Muito detalhe, movimentos audaciosos e cores paradisíacas. Um dos roteiristas e diretores do filme, David G. Derrick Jr., já havia revelado durante o Festival de Animação de Annecy que “Moana 2” se inicia após três anos dos acontecimentos do filme anterior com o povo de Motonui completamente conectado com sua ancestralidade navegadora e desbravadora de oceanos.

Apesar da mensagem ser algo valioso para a Disney e de todo filme ser uma aventura inebriante com espetáculos visuais, com um humor dócil e cativante para o público infantil, a sequência deixa a desejar quando comparada a primeira. Não sou lá muito fã de ‘musicaiada’, mas pera lá, aqui neste filme eles deram uma segurada na quantidade das músicas e comprometeram a qualidade delas a ponto de me levar a pensar que os hits do primeiro ainda vão continuar a entupir os ouvidos dos pais. Elas, como todas as outras, ajudam no desenvolvimento da história e da personagem.

É notório o que televisivo de “Moana 2”, o filme inteiro é dividido em episódios. Para quem não entende do que falo, a sequência de Moana seria uma série da Disney. O que explica essa sensação ao assistir e também o gancho, porque sim, haverá um terceiro filme.

Calma que não tenho muito mais a reclamar, nesta nova aventura pelo mar, se juntam a Moana novos personagens além do semideus já conhecido e amado pelos fãs. Cada um com sua característica ímpar, que claro, se complementa. Um senhor agricultor ranzinza, um fortão bobo contista e uma engenheira de barcos que já me cativou com seu lema “a vida é fracassar, aprender e morrer”.

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Apesar da dublagem ter forçado bastante nas piadas já ultrapassadas como “o pai tá on”, o pai tá pronto”, “arrasta para cima”, ou “respeita as mina” o filme consegue ser engraçado nos diálogos e também dar aquela alfinetada. Como quando o Maui chama Moana de princesa, ela responde dizendo que ainda não é uma e ele retruca “mas tem um povinho aí que acha que você é”.

A jornada de Moana começa agora de forma mais madura e responsável, mais uma vez Moana indo lá pro outro lado do Oceano? Sim. É praticamente a mesma viagem, porém com uma Moana mais madura e receosa de deixar para trás sua família. Ainda mais que agora Moana tem uma irmãzinha que só serve para ser fofa e arrancar oooowns no cinema, já a mim me irritou profundamente.

Nesta nova velha aventura, a não princesa ainda se depara com as dificuldades de feitiços pelo caminho e a todo tempo as músicas fazem o paralelo da fantasia com o mundo real o que em muitos momentos comove pela natureza da força, ingenuidade e amor da heroína. Moana traz a importância da persistência, da família e do autoconhecimento. E apesar de suas aventuras a levarem para longe, o objetivo é sempre enriquecer aquilo que ela já tem, seu lar. Afinal, “é tão bom voltar ao que devemos ser”.

Veja o trailer:

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