Mural inaugurado em São Paulo utiliza cinzas de queimadas e lama de enchente

Um novo mural do artista Thiago Mundano, conhecido por suas ações urbanas voltadas às causas ambientais, foi inaugurado em outubro no centro de São Paulo.

Mais de 100 kg de elementos retirados de desastres brasileiros foram utilizados para a pintura: as cinzas de queimadas na Amazônia, no Cerrado, no Pantanal e na Mata Atlântica; e a lama formada pelas enchentes deste ano no Rio Grande do Sul, além de alguns pigmentos naturais de terras indígenas, como argilas e urucum.

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Com mais de 1.500 m², a obra, concluída em 15 dias, reproduz o rosto da ativista indígena Alessandra Korap Munduruku, que foi reconhecida e premiada como uma das vozes na luta contra o desmatamento.

As frases “parem a destruição” e “mantenham a sua promessa” ressaltam o caráter de protesto e o apelo para o fim dos crimes ambientas no Brasil. O mural tem como objetivo cobrar de corporações, principalmente da empresa agrícola norte-americana Cargill Inc, para que se cumpram os compromissos assumidos alguns anos atrás – a diminuição e até mesmo o fim do desmatamento causado por sua atuação.

Segundo o muralista, há uma responsabilidade da companhia diante dos eventos climáticos extremos que o país enfrenta. “O ‘artivismo’ é uma maneira de alertar sobre a emergência climática, o maior desafio da humanidade. No Brasil e no mundo sofremos com ondas de calor, secas severas, enchentes causadas pelo desequilíbrio ambiental que grandes corporações como a Cargill estão promovendo. Meu país foi engolido pela fumaça da ganância”, afirmou Mundano.

Em comunicado, a Cargill se comprometeu em eliminar o desmatamento de suas cadeias de suprimentos das principais culturas no Brasil até 2025 e de fornecimento de soja na América do Sul até 2030.

Embora a mensagem do mural esteja em inglês, o local escolhido para a pintura é de grande visibilidade para a população. O artista destacou que isso foi pensado para que ela chegue ao destino específico: “Essa mensagem é escrita em inglês porque ela é direcionada às cooperações internacionais como a Cargill, que têm um impacto gigantesco no Brasil, na América do Sul e no planeta”.

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