O que os registros nos contam sobre uma mulher insondável como a condessa de Castiglione? O que nos diz seu olhar melancólico, que parece se sobrepor a sua beleza? É isso que encontramos na obra de Nathalie Léger: A exposição.
Em 1856, a condessa de Castiglione vai ao Mayer & Pierson, estúdio fotográfico da alta-roda parisiense. Esta é a primeira das tantas vezes que ela posará para Pierre-Louis Pierson, tornando-se uma das pessoas mais fotografadas do século XIX. Como uma Cindy Sherman avant la lettre, Castiglione forjava a própria imagem – com poses, acessórios e cenários extremamente calculados – em fotografias que ainda hoje desconcertam devido à estranheza.
Apesar da profusão de instantâneos que protagoniza, pouco se sabe sobre esta heroína emblemática do Segundo Império francês para além dos boatos que envolvem sua persona. O que os registros nos contam sobre essa mulher insondável? O que nos diz seu olhar melancólico, que parece se sobrepor a sua beleza? O que ela buscava no estúdio de Pierson?
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“Com espelhos e lentes, com ecos e silêncios, os livros de Léger sugerem que podemos escrever e representar as histórias de nossas vidas, mas nossos papéis também foram escritos para nós e já foram representados por outras mulheres, cujas experiências podemos reconhecer como nossas. No final, a performance mais original aqui é a de Léger, e ela é inegavelmente virtuosa.” – Eula Biss, The New Yorker
São essas as perguntas que aparecem para Nathalie Léger no seu primeiro encontro com as fotografias de Castiglione, no contexto de uma possível exposição sobre o tema da ruína. Instigada pela aura de mistério que encobre a condessa, Léger se utiliza da coleção de retratos e da biografia escrita por Montesquiou, entre outras referências – inclusive teóricas, como a de Roland Barthes e seu livro A câmara clara –, para tentar responder às perguntas levantadas por seu objeto.
É, entretanto, em direção à sua própria história, à sua infância, à figura de sua mãe, que a busca da autora se aprofunda. Misto de ensaio, romance, biografia, autoficção e crítica, Léger não apenas reflete sobre a representação das mulheres e o protagonismo feminino nas artes, mas também inicia um processo de reformulação de sua história familiar.
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Sobre a autora:
Nathalie Léger nasceu em 1960 e é autora de diversas novelas curtas experimentais baseadas em seu trabalho de pesquisa como curadora, além de um volume de flash fiction ilustrado e aforístico, publicado sob um pseudônimo. É diretora do Institut Mémoires de l’édition contemporaine (IMEC), que reúne arquivos e estudos relacionados às principais casas editoriais francesas. Léger foi curadora de exposições no Centro Pompidou sobre Roland Barthes e Samuel Beckett em 2002 e 2007, e vive entre Paris e Caen.
Ficha Técnica
Título: A exposição
Título original: L’exposition
Autora: Nathalie Léger
Tradução: Letícia Mei
Capa: Isabela Vdd/Anna’s
Formato: 14 X 21 cm
Número de páginas: 120 pp
Preço: R$ 62,90
ISBN: 978-65-5826-070-7
Preço e-book: R$ 40,90
ISBN e-book: 978-65-5826-072-1
Data de livraria: 14/12/2023
Editora: DBA Literatura