“O incansável Dom Quixote”: espetáculo atualiza clássico de Cervantes em versão abrasileirada

Imagine esta cena: em um cenário minimalista, composto apenas por uma corda, uma mala, objetos sonoros e um livro pouco explorado, um sujeito conta histórias de um clássico da literatura. É esta a proposta da montagem de “O incansável Dom Quixote” que traz uma visão abrasileirada da clássica história de Dom Quixote, o cavaleiro errante em busca de transformar o mundo, e seu fiel escudeiro, Sancho Pança.

Escrito e encenado por Maksin Oliveira e dirigido por Reinaldo Dutra, o solo atualiza a história de Dom Quixote, o mais famoso cavaleiro errante que saiu de casa com o desenfreado desejo de transformar o mundo em um lugar melhor. Ao lado de seu fiel escudeiro, Sancho Pança, ele passa por muitas desventuras que testam sua resistência e coragem: perde batalhas, é alvo de chacotas e tem sua saúde mental questionada, mas nada disso é páreo para a mente inquieta e o coração incomensurável do “Cavaleiro da Triste Figura”. A partir das estapafúrdias aventuras em que o intrépido cavaleiro se coloca, o humor é o recurso utilizado em cena para abordar reflexões sobre existencialismo, amor e utopia, numa peça que propõe alternar momentos de ironia e lirismo.

A dramaturgia de Maksin transcende os rótulos convencionais de herói ou anti-herói, revelando as raízes nordestinas de Sancho e apresentando-o como a força motriz que guia Quixote em suas visões. À sombra dessas figuras, uma série de personagens, impregnados de uma brasilidade crítica e provocativa, emerge do universo cervantino, estabelecendo uma conexão irônica e sarcástica entre o Brasil contemporâneo e a Espanha de quatro séculos atrás.

Leia também: “Lições sobre Dom Quixote”: Nabokov analisa com ironia e sarcasmo obra de Cervantes

Foto de Julio Mello

Investigando Dom Quixote no teatro

“A investigação acerca da gestualidade e dos recursos narrativos, a atualização de um texto e de personagens tão conhecidos mundialmente e, perpassando tudo isso, uma comicidade que oscila entre o riso sardônico e a gargalhada escrachada, são pilares sobre os quais o trabalho foi se erguendo e nos mostrando caminhos para nossa pesquisa ao longo desses anos”, avalia Reinaldo.  

Desde a sua criação, a peça buscou enriquecer o narrador contemporâneo com arquétipos como o louco, a criança, o velho, a prostituta, o palhaço, o camponês, e até mesmo um jumento e um cavalo magricela, todos confrontando a opressão das instituições conservadoras.

São 10 anos de aprendizados, amadurecimento, alegrias, dúvidas e descobertas que a fábula da dupla Quixote e Sancho segue trazendo toda vez que a revisitamos. Estreamos num palco acanhado para um público de EJA no município de Queimados e, lentamente, fomos de uma ponta a outra do país, conquistamos prêmios, cruzamos fronteiras internacionais, falamos outro idioma, trabalhamos como operários da arte ano após ano. Sempre queremos que uma peça de teatro tenha êxito, reconhecimento e longevidade, mas o teatro – essa entidade imponderável – é tinhoso… por isso temos muito respeito e honra por seguirmos quixoteando por uma década. É um privilégio, tenho consciência disso, finaliza Maksin.

Foto de Julio Mello

O espetáculo conta com o patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Literatura Resiste

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SERVIÇO

CIDADE DAS ARTES:

Local: Cidade das Artes – Sala Eletroacústica

Endereço:  Av. das Américas, 5300 – Barra da Tijuca,

Quando de 03/11 a 12/11.

Sextas e sábados às 20h e domingos às 19h

*dias 03, 05, 10 e 12 haverá sessões com LIBRAS

Duração:  70 minutos

Classificação etária: 12 anos

Valor do Ingresso (inteira/meia): R$30,00/R$15,00

DEBATES APÓS O ESPETÁCULO:

03/11 – Aproximações e distanciamentos entre o livro de Cervantes e o espetáculo – convidado Wagner Monteiro Pereira

05/11 – O teatro como incentivo à leitura – convidado Eduardo Ramos

10/11 – Dramaturgias do corpo na cena teatral – convidada Cátia Costa

12/11 – O texto literário, o texto teatral e o texto em LIBRAS – convidado Jadson Abraão

FICHA TÉCNICA:

Direção: Reinaldo Dutra

Dramaturgia: Maksin Oliveira

Atuação: Maksin Oliveira

Iluminação: Pedro Struchiner

Figurino: Leonam Thurler

Caracterização: Reinaldo Dutra

Cenário: Magnífica Trupe de Variedades

Debatedores: Cátia Costa, Eduardo Ramos, Jadson Abraão e Wagner Monteiro

Operadora de luz: Isabella Castro

Fotografias: João Julio Mello e Maíra Lins

Projeto Gráfico: Malacacheta Agência Criativa

Assessoria de imprensa: Lyvia Rodrigues

Direção de Produção: Maksin Oliveira

Produção executiva: Victoria Castro

Apoio Cultural: Prefeitura do Rio de Janeiro / Cidade das Artes

Patrocínio: Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Literatura Resiste

Realização: Magnífica Trupe de Variedades e Roda Produtiva


Aproximações e distanciamentos entre o livro de Cervantes e o espetáculo – convidado; o teatro como incentivo à leitura; dramaturgias do corpo na cena teatral; o texto literário, o texto teatral e o texto em LIBRAS 

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