“Anatomia”, de Dana Schwartz: o cenário mais improvável para o amor

“Anatomia”, de Dana Schwartz: é o cenário mais improvável (mas mais autêntico!) para o nascimento de um amor o cenário mais improvável para o amor

Um cenário do século dezenove, que mistura anatomia, cadáveres, doenças, mistério o e…. romance? Esse é o enredo de Anatomia, de Dana Schwartz, publicado aqui no Brasil pela Editora Intrínseca.

Veja a resenha também em vídeo:

Acompanhamos a história da lady Hazel Sinnett, uma jovem nada convencional para uma Edimburgo de mil e oitocentos, já que seu sonho não é casar e constituir família, mas se tornar uma renomada cirurgiã, o que era impensável para a época. Para isso, ela se veste de homem, se passa por homem, e entra para a Sociedade dos Anatomistas para estudar o corpo humano. Mas ela é descoberta e seu futuro muda. Ela resolve estudar em casa e conta com a ajuda de Jack Currer, um jovem pobre, que rouba cadáveres e os vende para os estudantes de anatomia. O que eles não esperavam é que um romance pintasse entre eles. Paralelo a isso, algumas pessoas estão sumindo na cidade, parecendo obra de um serial killer, e Hazel se vê envolvida nessa trama.

Para os amantes de continuação, sim, tem um segundo livro da trama, que ainda não foi lançado no Brasil e ele se chama Immortality, mas imagino que logo mais esteja chegando por aqui, porque é um livro de 2023 mesmo.

Eu gostei demais da estética do livro, me lembrou um pouco a ambientação dicotômica de Os Miseráveis, aquele momento pós Revolução Industrial, muito próximo a ela, uma mudança muito brusca na cultura da sociedade, no jeito de se vestir, nos gostos, acesso a informação, papel da mulher, as relações de classe. E mesmo lendo, eu consegui imaginar um cenário bem cinza, por isso citei Os Miseráveis, falando da estética do filme de 2013.

Leia também: O terror em “Anatomia do Paraíso”, de Beatriz Bracher

Esse livro é um romance, mas não é autocentrado no romance em si, tem outras linhas narrativas que tomam protagonismo da trama, como a superação pessoal da Hazel, na busca pelo seu lugar no meio médico e o suspense em torno das mortes suspeitas que estão tomando a cidade.

É um pouco estranho pensar num amor crescente num cenário com cadáveres e doenças, mas é também super possível e, para mim, é aqui que mora a autenticidade estética deste livro. É isso, é autêntico, não é um lugar comum para livros de romance, não é o cenário mais óbvio. Do jeito como acabou o livro – e aqui, sem spoilers – eu acredito que o amor da Hazel e do Jack deve ter mais protagonismo no próximo livro.

É legal frisar que Anatomia tem um quê de Frankenstein, livro da Mary Shelley, que foi muito importante no movimento literário do século dezenove, época em que Dana Schwartz ambienta seu livro. As referências culturais, neste caso – e mesmo que com dois séculos de publicação entre eles – podem se encontrar.

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