Farejador de águas é uma saga de quase cem anos pelo Brasil profundo que nos lembra de que natureza e humanidade são uma coisa só e nos devolve a esperança em dias melhores.
Nos anos 1920, Minino, garoto órfão criado por uma mulher indígena, decide abandonar a terra deixada pelos pais, em Goiás, e acompanhar a Coluna Prestes. Graças à sua coragem e esperteza, e também por possuir o dom de “farejar” águas de nascentes de rios, ele logo passa a ter relevância no grupo e a caminhar na frente da marcha, a fim de também farejar jagunços escondidos na vegetação, prontos para emboscadas.
“Até a manhã que se abriu com o grito: ‘Ei-vém os revoltosos, gente. Acudaaaa! É o povo da Coluna!’. E, como se já tivesse treinado, o pequeno arruado correu, e o entorno engoliu sua gente. O menino, não. A Véia também não. […] E foi então que ele, com a naturalidade de quem parece estar sendo chamado, disse: ‘Vou com eles, Véia’, e foi, seguindo as mulheres e as poucas crianças a pé, primeiro acovardado, querendo se esconder, depois mais tranquilo, misturando-se no meio dos últimos. Ninguém perguntou de onde vinha. Capaz que pensassem que era da Coluna mesmo.”
É nessas andanças que Minino desenvolve a vontade de lutar por aquilo em que acredita, além do amor pela natureza e por Maria Branca, que se torna sua companheira de toda a vida. Com o fim da Coluna, decide voltar para sua pequena propriedade, mas isso não o impede de continuar perseguindo seus ideais.
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Maria José Silveira, por meio da trajetória do patriarca de uma família de lavradores em Goiás, denuncia, como em seus outros livros, a exploração da natureza com sensibilidade e força narrativa em uma trama repleta de personagens cativantes, reais e ficcionais, na qual aborda temas relevantes para o atual momento, como questões indígenas, direitos sobre a terra, devastação ambiental, entre tantos outros.
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Sobre a autora
Escritora, editora e tradutora, é formada em Comunicação (UnB) e Antropologia (Universidad Mayor de San Marcos, Lima/ Peru) e mestre em Ciências Políticas (USP). É goiana e mora há anos em São Paulo. É autora de Maria Altamira, que conta a história de duas mulheres unidas pelo sangue e marcadas pela destruição. A obra foi finalista dos prêmios Jabuti, Oceanos e São Paulo em 2021 e com mais de 40 mil exemplares vendidos. Escreveu também outros oito romances e cerca de vinte livros infantojuvenis. Participou de coletâneas e antologias e escreve para teatro.
Ficha técnica
Título: Farejador de águas
Autora: Maria José Silveira
Capa: Fabiana Yoshikawa
Páginas: 256 pp.
ISBN: 978-65-87342-39-9
Dimensões: 13,5 x 20,5 cm
Acabamento: brochura
Preço: R$ 74,90
Editora: Instante